Pesquisa com quase 7,8 mil jovens mostra que, mais que ganhar muito dinheiro, satisfação com o desempenho é o maior foco da juventude trabalhadora
domingo, 19 de janeiro de 2014 | Por: Editoria
Tornou-se prática no mundo corporativo desenvolver projetos de qualidade de vida voltados aos funcionários para combater o absenteísmo, aprimorar o rendimento profissional e, consequentemente, reduzir as despesas com planos de saúde. Mas para a juventude, que forma a grande massa trabalhadora atualmente, o que a faz ser feliz no trabalho? Para responder essa e outras questões, o Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) realizou pesquisa e descobriu que a satisfação pessoal com o desempenho é o maior estimulante dos jovens trabalhadores brasileiros.
Realizada entre os dias 16 de dezembro e 3 de janeiro, a pesquisa consultou 7.791 jovens de 15 a 26 anos. Entre os questionamentos, os jovens responderam a seguinte pergunta: “Para você, o que significa ser feliz no trabalho?”. Dentre as opções: alcançar altos cargos e ter status; conseguir conciliar vida pessoal e profissional; satisfação pessoal com seu desempenho; ganhar muito dinheiro; e ter um relacionamento saudável com os colegas, as escolhas feitas por eles, mostram que, atualmente, novos valores estão em jogo: reconhecimento, imediatismo, curiosidade e busca por superação.
Com 53,01% dos votos, a alternativa “satisfação pessoal com seu desempenho” foi a grande preferida. Para Marcelo Cunha, analista de Treinamento e Desenvolvimento do Nube, quem a selecionou se sente motivado quando encontra, em sua rotina, tarefas desafiadoras dos próprios limites. “Esse perfil precisa ter confiança em relação às atividades atribuídas, ser competente para sua função e contar com um acompanhamento capaz de reafirmar sua credibilidade”, afirma.
Contrariando velhos paradigmas, a possibilidade com menor índice de aderência (2,35%) foi “ganhar muito dinheiro”. Cunha justifica: “atualmente, a recompensa financeira é vista como consequência da performance profissional”. Portanto, o trabalho é encarado como necessidade de autorrealização e o bem-estar econômico, como fruto natural dos bons resultados.
A segunda colocada, “conseguir conciliar vida pessoal e profissional”, também teve peso significativo nos números, com 27,94% dos votos. Em terceiro e quarto lugar ficaram, respectivamente, “ter um relacionamento saudável com os colegas” (9,87%) e “alcançar altos cargos e ter status” (6,83%).
Projetos
Apesar das tentativas das empresas de desenvolver projetos de qualidade de vida de seus trabalhadores, de acordo com Sâmia Aguiar Brandão Simurro, vice-presidente de projetos da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), as iniciativas das empresas brasileiras carecem de profundidade: “Na maioria das vezes, as ações limitam-se a palestras, folhetos e exames de rastreamento”.
Estudos da International Stress Management Association (Isma-BR) dimensionam a importância dessas ações – que, bem executadas, contribuiriam, por exemplo, para a diminuição dos casos de síndrome de burnout, o nível mais devastador do estresse, cujos sintomas são exaustão, ceticismo e ineficácia, entre outros. Acometendo 30% da população economicamente ativa no País, o burnout causa prejuízos estimados em 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) ao ano – índice que se deve à queda na produtividade, bem como ao aumento no número de lesões e nas taxas de rotatividade dos trabalhadores afetados.
Como devem ser os programas corporativos de qualidade de vida? De acordo com Simurro, não há uma fórmula: “É preciso conhecer as necessidades e interesses da organização e dos funcionários”. Suas vantagens, no entanto, são inquestionáveis: “programas de qualidade de vida trazem benefícios financeiros à empresa e a tornam mais competitiva. Não adianta cuidar apenas do produto, porque quem faz o produto são as pessoas”, avisa.