A incorporação de pessoas com algum tipo de deficiência no ambiente corporativo é ainda um assunto delicado na pauta das empresas, sobretudo pela carga emocional que exige. No entanto, aos poucos, tanto o setor público quanto o privado se mobilizam com ideias e adequações a favor da inclusão. O Governo Federal, por exemplo, lançou em 2011, o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – chamado de “Viver Sem Limite”, que reúne iniciativas para melhorar o acesso aos direitos básicos como mercado de trabalho, transporte, saúde, e moradia.
No âmbito da educação, por exemplo, o acordo tem como meta saltar de 229.017 para 378 mil o número de crianças e adolescentes com deficiência nas salas de aula. É um avanço, já que, de acordo com levantamento recente feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem no país 24% de pessoas com algum tipo de deficiência, o que corresponde a 45,6 milhões de pessoas, cerca de um quarto dos brasileiros.
Outro exemplo de mudança é a criação do protocolo pela Superintendência Regional do Trabalho de São Paulo, no início deste ano, que visa incentivar a aprendizagem e a qualificação profissional de pessoas com deficiência. Esse documento permite que as empresas estabeleçam parcerias com instituições como a Avape, especializadas em metodologias diferenciadas de capacitação de pessoas com deficiência, facilitando a contratação de profissionais habilitadas para determinadas funções específicas dentro das corporações.
Para Sonia Alakaki, gerente de processos de aprendizagem da Avape, as empresas parceiras, além de ampliarem as oportunidades para um aprendiz com deficiência, contribuem para o desenvolvimento dos demais colaboradores. “O clima organizacional também ganha em melhorias de resultados, uma vez que os demais profissionais percebem a deficiência como sendo algo natural no ambiente. Por exemplo, a Avape dispõe de uma unidade no Belenzinho, que já atua dentro desta linha de parcerias dos acordos tripartites”.
Segundo o que explica Sonia, “a unidade é mantida por empresas associadas ao Sindicato dos Trabalhadores nas indústrias de lacticínios e produtos derivados, açúcar e de torrefação, bem como moagem de café e de fumo dos municípios de São Paulo (Capital), Grande São Paulo, Mogi das Cruzes, São Roque e Cajamar, que qualificam seus funcionários e/ou os aprendizes com deficiência, a partir da metodologia que contempla teoria nesta unidade e a prática em cada empresa associada, por meio de orientação da nossa equipe técnica/pedagógica”, ressalta.
Além disso, as unidades em Santo André, São Bernardo do Campo e outras mantidas pela associação, oferecem o Programa Aprendiz, que prepara e qualifica a pessoa com ou s/ deficiência para o mercado de trabalho – uma metodologia diferenciada e inteligente de incluir. De acordo com o gerente Nacional de Inclusão e Capacitação da Avape, Marcelo Vitoriano, uma das principais justificativas das empresas para não contratar profissionais com deficiência é a falta de candidatos bem capacitados.
“Se de fato as pessoas com deficiência têm dificuldades com relação ao seu preparo para o mercado de trabalho, o protocolo permite que as empresas invistam em programas de capacitação segundo as suas necessidades, ou seja, o protocolo fomenta uma alternativa de resposta pelas empresas que julgam ser criativas e de fato inclusivas.”, explica.
Aprendizes contratados = empresas beneficiadas
Este ano, mais duas turmas de jovens com idade entre 16 e 21 anos se formaram na Avape. A capacitação teve duração de dois anos na Unidade CDCA (Centro de Desenvolvimento e Capacitação Santo André). Neste período, os alunos aprenderam conceitos de comunicação, cidadania, desenvolvimento profissional, inclusão digital, matemática, ecologia, educação física, saúde e qualidade de vida.
Os alunos do curso “operador de computador” aprenderam processamento de dados, hardware e software, entre outros. No curso para recepcionista, os alunos aprenderam noções de perfil profissional, atendimento ao cliente, atribuições de recepção, planejamento e prevenções, Microsoft Word e Excel.
Dos formados, 40% já estão no mercado de trabalho. Entre os efetivados, três aprendizes capacitados para operador de computador foram efetivados na própria Avape.
O analista de Recursos Humanos da T-Systems, Bruna Dias de Sousa, analista de Recursos Humanos da T-Systems, explica os diferenciais do programa. “Os aprendizes estão sendo contratados e qualificados desde os 16 anos. Temos outros profissionais que começaram como aprendiz e hoje são analistas. O diferencial da Avape é a estrutura, os treinamentos de aprendizagem o apoio psicológico. Estamos satisfeitos com o resultado”, pontua Bruna.
O Programa Aprendiz da Avape, criado em 2009, já é um case de sucesso no mercado e, recentemente, fez uma parceria com o NUBE – Núcleo Brasileiro de Estágios. O Programa conta com mais de 45 empresas contratantes, como T-Systems, Centro Público de Trabalho e Emprego, Polimetri, Hospital Beneficiência Portuguesa de São Caetano do Sul, Casas Bahia, Caixa Econômica, Condomínio Tiradentes, Jolitex, Sherwin Williams, Delmar, Lopesco, Yakult, Souza Cruz, Hidrelplan, Atlas Schindler, Alsco Toalheiro Brasil, Audit Serviços em T.I., Q.I Comércio de Roupas, Metalúrgica Scai, entre outras.
Para mais informações do programa, como participar e como as empresas podem ser tornar parceiras, acesse: http://avape.org.br/videos/FOLDERAPRENDIZ.pdf
Sobre a Avape
Há 30 anos, a Avape - Associação para Valorização de Pessoas com Deficiência atua no atendimento e na defesa de direitos, promovendo a reabilitação, a capacitação e a inclusão de pessoas com todo tipo de deficiência, atendendo do recém nascido ao idoso, e também de pessoas em situação de vulnerabilidade social. Desenvolve ainda programas comunitários, de saúde da família e de ação social, além de atividades culturais, esportivas e recreativas. Fundada em 1982, na região do ABC, em São Paulo, sempre se comprometeu com a qualidade e a excelência dos serviços prestados, mantendo intercâmbio com renomadas instituições nacionais e internacionais, buscando tendências e inovações, além de reciclar e aperfeiçoar seus profissionais. Considerada modelo de gestão, foi a primeira no mundo a receber o certificado ISO de Qualidade, pela DNV - Det Norske Veritas. Tem como missão promover as competências das p essoas com deficiência visando a sua autonomia, segurança e dignidade para o exercício da cidadania. Em 2011, seus serviços especializados atenderam a 2.088.756 usuários, sendo 99% desses atendimentos gratuitos.