O mercado de trabalho tem sido profundamente impactado por uma série de mudanças significativas ao longo dos últimos anos. A rápida evolução tecnológica, a globalização, as transformações sociais e os desafios ambientais são alguns dos principais agentes dessas movimentações, criando um cenário dinâmico e desafiador para as empresas e seus integrantes, sejam líderes, funcionários, estagiários ou aprendizes.
Uns dos aspectos mais marcantes são a automação e a inteligência artificial (IA). O avanço dessas questões levou à substituição de muitas tarefas repetitivas e de baixa complexidade por máquinas e algoritmos, resultando em uma reconfiguração das funções desempenhadas pelos trabalhadores. “A IA realmente está revolucionando a maneira como o mundo funciona e cada vez mais entendemos e descobrimos novas utilidades para essas ferramentas”, explica o diretor regional da Udemy, Raphael Spinelli. Logo, muitos empregos tradicionais estão sendo alterados ou desaparecendo, exigindo dos profissionais a adaptação e aquisição de novas habilidades para atender às demandas do futuro.
Além disso, a pandemia de Covid-19 acelerou algumas tendências já em curso, como o trabalho remoto. Com a necessidade de distanciamento social e restrições de mobilidade, muitas corporações foram obrigadas a adotar o modelo a distância. Essa novidade acelerou a adoção de soluções de comunicação e colaboração on-line, mostrando como essa alternativa pode ser viável e produtiva em diversos setores.
Outro ponto relevante é a busca crescente por maior flexibilidade e equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Os indivíduos, especialmente os mais jovens, têm demonstrado uma preferência por locais com horários livres e alinhamento com seus valores e propósitos. Isso leva várias organizações a repensarem suas práticas e culturas, buscando se adaptar às demandas dessa nova geração. “
No contexto atual, também observa-se a valorização das competências socioemocionais e "humanas", como criatividade, empatia, pensamento crítico e resolução de problemas. Essas habilidades são consideradas mais difíceis de serem reproduzidas por máquinas e são altamente valorizadas, pois a interação e a inovação se tornaram essenciais. Por outro lado, o desafio das desigualdades continua presente. A automação pode levar à exclusão de certos grupos e ampliar ainda mais as disparidades socioeconômicas. Nesse sentido, políticas públicas e programas de capacitação são fundamentais para mitigar esses impactos negativos e garantir oportunidades justas a todos.
É fundamental possuir habilidades digitais
Com o avanço tecnológico, algumas profissões tornam-se obsoletas e desaparecem ao longo do tempo. No entanto, não há motivo para pânico. Compreender esse cenário é o primeiro passo para se preparar adequadamente. Então, o que fazer? A resposta reside na busca constante por conhecimento, essencial para o conceito de lifelong learning. Há uma crescente demanda por skills digitais, mas uma oferta limitada de candidatos para preencher essas lacunas.
De acordo com uma pesquisa realizada pela plataforma Think with Google, mais de um milhão de vagas poderão ser modificadas até 2030 e 85% delas sequer existem atualmente. Ou seja, haverá uma necessidade de qualificação para ocupar essas posições. No entanto, surge uma questão preocupante. “O mundo da educação está evoluindo rapidamente e as plataformas de aprendizado on-line tornaram-se caminhos cada vez mais populares para quem deseja obter esses conteúdos”, diz Spinelli.
Segundo dados do mesmo levantamento, até 2024, o Brasil terá 420 mil postos para desenvolvedores, mas apenas 156 mil cidadãos disponíveis para essas posições. Conforme já mencionado, as oportunidades são vastas e promissoras. Diversos estudos recentes apontam áreas com grande potencial para um futuro próximo. Nesse sentido, o sócio-diretor da Stratlab, Cristovão Wanderley, destaca algumas delas:
- Especialista em Inteligência Artificial e Machine Learning.
- Analista e Cientista de Dados.
- Especialista em Internet das Coisas (IoT).
- Engenheiro(a) de Aprendizado de Máquina.
- Especialista em Transformação Digital.
- Pesquisador(a) em Experiência do Usuário.
- Especialista em Big Data.
Independentemente da especialização escolhida, é crucial dedicar-se, aprender continuamente e aprimorar o desempenho para alcançar resultados excepcionais. Para atrair novos talentos com uma visão voltada para o futuro, em primeiro lugar, é fundamental destacar a importância da educação e capacitação. “Além de oferecer ensino no ambiente de trabalho, é preciso proporcionar aspectos valorizados pelos jovens talentos”, explica o especialista.
Outro ponto relevante para as lideranças é não considerar a formação acadêmica superior como o único critério para selecionar um candidato. Características específicas, como programação, computação, ciência de dados e outras, podem ser adquiridas por meio de cursos disponíveis fora das tradicionais salas de aula. “Já superamos a ideia da tecnologia substituir o ser humano. Em vez disso, essas ferramentas nos levaram a alcançar objetivos anteriormente inimagináveis, como exemplificado pela quantidade de brasileiros atuando em companhias estrangeiras sem sair do país”, afirma Wanderley.
Para iniciar essa transição, é imprescindível valorizar a formação em universidades e faculdades, onde adquire-se bases sólidas e soft skills essenciais para o cotidiano laboral. Assim como aprende-se a organizar, apresentar e defender ideias, além de desenvolver habilidades sociais. Apesar disso, é crucial ir além e buscar treinamentos e outras formas de capacitação para complementar esse conhecimento de maneira mais ágil. “Compreender esse ponto como a melhor maneira de se manter atualizado é crucial. O futuro já está acontecendo e a chave para integrá-lo é entender como a tecnologia pode impulsionar nosso desenvolvimento. Essa visão de longo prazo pode fazer toda a diferença”, complementa o sócio-diretor.
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