A escola tem um papel importante no debate sobre saúde mental. Afinal, em torno dela, os alunos passam boa parte do dia, estruturam relações afetivas e sociais, experimentam novas atividades e entram em contato com uma multiplicidade de referências culturais.
Ter integridade emocional é conseguir lidar de forma adequada com sentimentos e rotinas, mantendo as atividades em dia, respeitando limites. Dessa forma, compreende-se: sentir tristeza, ansiedade, euforia e medo, por exemplo, é normal, se esses sentimentos e emoções não afetem o dia a dia.
Desafio EAD
O distanciamento social e as aulas em modelo virtual ou híbrido têm desafiado os educadores e exigido a dedicação dos estudantes. Em um período letivo diferente para famílias e alunos é importante manter o equilíbrio para superar os obstáculos exigidos nesses últimos meses.
Durante o período de fechamento total das escolas, o Colégio Marista Arquidiocesano, localizado em São Paulo (SP), utilizou suas plataformas digitais de ensino para trabalhar questões de cunho emocional e para tirar dúvidas sobre os protocolos de biossegurança.
No espaço, denominado "Arqui de braços abertos”, os escolares puderam interagir, encontrar com seus colegas (virtualmente) e criar rodas de conversas. A intenção foi gerar um momento de contato com outras questões e temas de interesse, não somente assuntos acadêmicos ou relativos à rotina familiar.
Trabalhar com sentimentos
De acordo com a coordenadora psicopedagógica do período integral da instituição, Tânia Leão Tagliari, essa prática da escuta e abertura à fala do educando é essencial para as diversas situações rotineiras, como desafios escolares, medo, ansiedades, dificuldades de interação, entre outras. “É um momento importante, pois permite trabalhar em conjunto os sentimentos relacionados ao isolamento social, reduzindo a distância afetiva e fortalecendo laços”, diz.
Para a docente, é interessante ter tempo dedicado ao sono, ao lazer, às tarefas domésticas, religiosas, de estudo para não deixar sensações ruins tomarem conta. Tânia explica: os alunos devem estar conectados ao presente não abrindo mão de tarefas as quais tragam alegria como leitura, jogos, atividades físicas leves, uma boa alimentação, inclusive tendo contato com o preparo e o manuseio dos ingredientes. “Devemos ter consciência de nossas responsabilidades, mas não nos cobrarmos demais caso não consigamos cumprir com toda a rotina estabelecida”, conclui.
Impactos no mundo do trabalho
Dentro das corporações, a preocupação com o tema também está em alta. Como alternativa para minimizar os impactos, os bate-papos também são bem-vindos no espaço corporativo. Também é importante abrir canais de comunicação sistêmicos e ativos, ferramentas para medir o grau de adesão e participação, implantação de sistemas e programas de feedback, além de proporcionar momentos leves, onde as pessoas exponham como está sendo a rotina dentro de casa, os conflitos, as dificuldades ou desabafos além das questões profissionais.
Além disso, é fundamental ter empatia. Gestores devem escutar os funcionários e dar uma resposta às necessidades deles, mesmo se for negativa. Na outra ponta, o setor de RH precisa elaborar ações para a instituição ser um porto seguro do colaborador.
O reflexo dos cuidados da saúde mental recebidos na empresa, levados para dentro da residência do colaborador, é poderoso e incisivo. Afinal, de nada adianta contratar os melhores profissionais e disponibilizar as ferramentas ideias de trabalho se os funcionários não se sentem bem recebidos e felizes no trabalho. Os acontecimentos na corporação são fatalmente refletidos em casa, às vezes, de uma forma ainda mais agressiva.
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