Para manter a produtividade durante o distanciamento social, o mercado precisou se modificar e várias corporações inseriram a cultura de home office. Uma verdadeira revolução se iniciou nas relações de trabalho. Entretanto, quais serão as transformações geradas pela chegada do coronavírus?
Soft skills em alta
A professora de Gestão de Pessoas da IBE Conveniada FGV, em Campinas (SP), Beatrice D'Elia, responde essa e outras dúvidas sobre o perfil do profissional pós-pandemia. “Trabalhar de casa durante a quarentena tem exigido forte controle emocional, equilíbrio e administração do tempo atuando com a família. Após esse período, as empresas tenderão a querer, cada vez mais, pessoas com maior índice de inteligência emocional”, explica.
Segundo a especialista, essa inteligência é composta por autoconhecimento e autocontrole, incluindo a resiliência e motivação pessoal própria. O engajamento deve ser intrínseco, genuíno, não causado por fatores extrínsecos, como remuneração e status, capacidade de ler o outro e de se relacionar bem.
Novo perfil de líderes
Gestores também deverão ter um novo perfil. Será necessário ter capacidade comunicativa avançada para motivar e produzir resultados com subordinados a distância com diferentes personalidades. Os diretores também deverão ser capazes de discernir quando usar a comunicação, desde o “olho no olho” e videoconferência, a uma mensagem escrita ou áudio de WhatsApp.
“Quem tem e sempre terá espaço no mundo corporativo apresenta excelência em dois tipos de competências ou skills. As softs, ligadas à pessoas e a nossa capacidade de nos relacionarmos, e as hards, técnicas, relacionadas a nossa capacidade de realizar tarefas, performar, cumprir cronogramas e números”.
A seguir, confira as principais expertises as quais serão exigidas no novo mercado e se tornarão inegociáveis, de acordo com Beatrice:
- Alta inteligência emocional, com seus cinco elementos clássicos: autoconhecimento, gestão das próprias emoções, motivação, capacidade de ser empático, de ler as emoções do outro e de se relacionar bem;
- Alta habilidade analítica, envolvendo pensamento sistêmico, capacidade de abstração, raciocínio lógico e criatividade para resolver problemas complexos;
- Eficácia na gestão do tempo;
- Alta aptidão para se comunicar de forma eficaz ou "construir liga na equipe" ao mesmo tempo no qual motiva um a um, para conduzir reuniões presenciais ou não, para mediar e solucionar conflitos com o objetivo de produzir resultados com o time;
- Domínio de tecnologias de comunicação a distância;
- Inglês avançado, será indispensável para quem quer assumir cargos de crescente responsabilidade na hierarquia das organizações e se o profissional tiver uma terceira língua fluente, melhor ainda;
- Inteligência cultural, ou seja, a capacidade de se adaptar a diferentes culturas, pois os ambientes corporativos e de negócios são, cada vez mais, multiculturais;
- Orientação para resultados empresariais, com o cuidado de se preocupar com outros. Contudo, lembrando também de se preocupar consigo, de pensar sobre atingir determinados resultados e se trabalhar para tal companhia faz sentido para você.
“Aproveite o tempo para repensar toda a sua trajetória até aqui, refletindo sobre as ações válidas. Estude, recicle as suas competências, se qualifique, adquira novos conhecimentos. Faça um MBA, devore livros, TED Talks, palestras e cursos sobre os temas e área de atuação, além disso, atente-se ao diálogo interpessoal e inteligência emocional. Prepare-se, pois o novo mercado te espera”, finaliza a docente.
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