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O que você faria se estivesse lendo numa sala de espera apertada, aguardando pacientemente sua vez, e alguém começasse a realizar chamadas de vídeo no volume máximo do celular? A escritora Viviane Viana fez dessa situação um livro infantil, que foi lançado neste domingo (10), Dia do Telefone, na livraria Littera, no Teresópolis Shopping. “Ah, se Graham Bell falasse!”, publicado pela Franco Editora e com ilustrações do artista Oscar Reinstein, trata dos exageros cometidos pelos usuários de smartphones. A escritora usa a rima como recurso estilístico e faz do título do livro um refrão, que se repete cena após cena até o inventor do telefone fixo dar sua opinião sobre a situação atual, em que o celular se tornou quase uma extensão do próprio corpo. “Enquanto escrevia o livro, me perguntava que geração estamos formando, quais valores estão sendo transmitidos à garotada. Chegamos a um ponto em que uma voz do outro lado – e não me refiro a emergências – costuma receber mais atenção do que um familiar ou amigo sentado à nossa frente. Isso sem contar a deselegância com relação ao uso da tecnologia, a falta de respeito com quem está perto”, explica Viviane Viana.

Durante o lançamento, foi realizado show musical infantil com a cantora Yug Werneck e oficina de artes, além da tradicional sessão de autógrafos com a escritora Viviane Viana, radicada em Teresópolis, e o ilustrador Oscar Reinstein, que veio de Curitiba para o evento. A autora passou um ano trabalhando no texto para que as rimas alcançassem a sonoridade e o ritmo brincante que desejava. A ideia, segundo ela, é abordar o tema com leveza. “Não adianta pedir o tempo todo que a criança ou o adolescente largue o celular. Isso é desgastante e não resolve o problema. É preciso conversar e estabelecer limites razoáveis que façam sentido para todos”, afirma. Mas e se alguém descumprir a regra? “Diga ‘Ah, se Graham Bell falasse!’ e releve o deslize porque novos hábitos precisam de prática”, responde Viviane rindo.

O papel das tecnologias
No livro, os smartphones não são os malvados e temidos vilões. A questão que se discute é a moderação no uso dessa tecnologia, tão essencial hoje em dia, mas que causa problemas à saúde física, mental e até dependência. Para se ter noção do tamanho dessa dependência, uma pesquisa realizada pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) mostrou que cerca de 40% dos jovens brasileiros não conseguem ficar mais de um dia sem usar o celular. A escritora, que é Mestre em Educação, se pega fazendo o caminho contrário do tempo em que se dedicou à dissertação. Na época, ela buscava respostas sobre como as tecnologias da informação e da comunicação podem contribuir para o incremento do processo de ensino e aprendizagem. Hoje, ela reflete a necessidade de se estabelecer limites.
“Os smartphones são ferramentas multifuncionais incríveis que oferecem recursos variados. Esses recursos vão de plataformas educacionais a aplicativos que auxiliam na fixação do conteúdo e no processo de aprendizado. Precisamos, portanto, garantir que as crianças e os adolescentes se beneficiem de experiências enriquecedoras e usem o aparelho com equilíbrio.”

Você sabia?
Dom Pedro II era aficionado pelas exposições internacionais e patrocinava estandes brasileiros, onde eram expostos produtos e máquinas agrícolas utilizados no Brasil. Foi na Exposição de Filadélfia, no ano de 1876, que o monarca ajudou a impulsionar a invenção que revolucionaria as comunicações. À época, Alexander Graham Bell não era muito conhecido, tampouco sua criação. O então imperador foi até o estande de Graham Bell e ficou encantado com o aparelho. É folclórica a frase dele ao dizer no telefone “Meus Deus, isto fala!”. Dom Pedro II e Graham Bell se tornaram amigos e o Brasil foi o segundo país do mundo a contar com uma linha telefônica.
Em 10 de março de 1876, Graham Bell registrou a patente de sua invenção nos Estados Unidos. Descreveu o telefone como um “aparelho para transmitir sons vocais telegraficamente”. A partir daí, teve início a transmissão de voz em tempo real através de fios elétricos, transformando radicalmente a forma como nos comunicamos.

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