O ditado popular “mentira tem perna curta” é uma máxima no Brasil. Entretanto, diariamente presenciamos inúmeras situações com inverdades em jogo. Nesse sentido, o Nube – Núcleo Brasileiro de Estágios realizou um levantamento em seu site, entre 1º e 12 de maio, contando com a participação de 27.576 jovens de 15 a 29 anos, perguntando: “você é uma pessoa ética?”. Como resultado, mais de 70% se consideraram assim.
Primeiramente, o que é ética?
Para Hugo Domenech, analista de desenvolvimento e treinamento do Nube, esse tema tem muitas vertentes. “Um ponto importante para começar a falar de ética é ter ciência: não é um assunto sobre certo ou errado, está acima disso. Ela nos coloca para pensar, olhando as situações por meio de um prisma no qual todos os pontos de vista são colocados em prova. Dentro da própria temática, existem conceitos discordando entre si”, afirmou.
Segundo definição do dicionário Oxford Languages, ética é “parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios”, aqueles responsáveis por motivar, distorcer, disciplinar ou orientar um comportamento humano. Sendo assim, reflete a essência das prescrições e exortações em qualquer realidade social. Por isso, é dependente da cultura e de quem prega seus valores.
Conforme a pesquisa do Nube, 70,21% (19.360 dos votantes) disseram nunca mentir ou fazer algo contra qualquer norma. Contudo, isso é ainda mais profundo. Para contextualizar, Domenech exemplifica com uma cena muito conhecida dos cinemas. “Seja fã ou não dos filmes da Marvel, muita gente viu quando Tony Stark, em posse das jóias do infinito, faz o famoso estalo para acabar com o vilão Thanos, sacrificando sua vida no processo para salvar a todos”, começou.
A ética possui diversas vertentes
Esse trecho do longa cinematográfico levantou grandes questões, como: “o que Tony Stark fez, foi ético?”. De acordo com Domenech, talvez. “Se olharmos para o utilitarismo, sim, pois é uma vertente da ética capaz de analisar, entre outras coisas, se as consequências dos atos humanos estão diretamente ligadas ao bem coletivo”, pontuou.
Entretanto, uma mesma circunstância tem muitos lados envolvidos. “Agora, em contrapartida, na perspectiva do deontologismo, responsável por se concentrar nos deveres e nas regras morais, podemos considerar a ação de Tony Stark como antiética, porque ele se envolveu em um ato de violência e vingança, mesmo estando com boas intenções”, explicou.
Dessa forma, é entendível a resposta de 24,1% ou 6.662 dos indivíduos, os quais ressaltaram serem éticos, mas capazes de escorregar às vezes, principalmente por conta da necessidade. “Existem várias influências para levar a alguém a agir de forma não ética. Pressões externas, como a busca por benefícios pessoais ou do ambiente de trabalho, podem desafiar esses princípios”, pontuou o especialista.
Assim, é preciso analisar o contexto do acontecimento antes de colocar à tona a moral do atuante. “A falta de exemplos, conhecimento sobre condutas e a ausência de uma educação sólida também podem impactar negativamente o comportamento do cidadão”, salienta Domenech.
A ética é essencial para o funcionamento da sociedade como um todo
Para 2,31% ou 637 dos participantes, também depende muito, pois já mentiram algumas vezes, mas não gostam de quem faz isso. “A ética contribui para o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis, confiança e respeito mútuo”, contextualiza o analista de desenvolvimento e treinamento do Nube.
Por isso, sua ausência é capaz de trazer muita confusão, não só pessoal, mas também na carreira. “No contexto profissional, é extremamente valorizada pelas empresas, pois esses profissionais são mais confiáveis, têm maior probabilidade de tomar decisões acertadas e mantêm uma reputação sólida”, acrescenta Domenech.
Entretanto, como citado, é imprescindível colocar o cenário à frente, como ressalta 1,39% ou 383 das respostas. Esses não se consideram éticos, afinal, para eles fazer sempre o bem e o correto é muito difícil, pois vivem no Brasil. “Além da perda de credibilidade, esses comportamentos acabam minando a integridade pessoal. Isso pode acabar com relacionamentos, causar danos emocionais e levar à deterioração da confiança”, elucida.
Por fim, 1,94% (534) também descartam essa caracterização. De acordo com o grupo retratado nesse índice, é impossível ser quando levamos em conta uma sociedade com tantas coisas erradas. “A falta de ética pode levar à perda de confiança, isolamento social e restrição de oportunidades”, destaca o especialista.
Dicas para ser uma pessoa mais ética
Para ajudar quem quer melhorar esse aspecto, Domenech recomenda além dos clássicos, como “seja o exemplo o qual você quer ver no mundo” e “não faça com os outros aquilo indesejado para si”. Consoante ao analista do Nube, é preciso se aprimorar constantemente.
“Estude e reflita sobre os princípios éticos, busque exemplos legais, tome decisões conscientes levando em conta teus valores morais e preste atenção na voz do seu interior quando ela te avisa o quanto algo está errado”, comentou. Por fim, ele alerta: “ser ético é algo trabalhado todo dia, uma construção sem fim”.
Fonte: Hugo Domenech, analista de desenvolvimento e treinamento do Nube Serviço: A maioria dos jovens se consideram éticos