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Circulou nas redes sociais dia desses uma notícia sobre uma estagiária que havia sido demitida porque foi pega vendendo fofocas no ambiente de trabalho. Os valores variavam de 200 a 500 reais. Tudo não passou de um meme viral, mas achei interessante trazer este tema aqui para a coluna.


Pesquisa realizada pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), feita com sete mil pessoas, apontou que o perfil mais difícil de lidar em uma equipe não é o enrolador ou o funcionário ranzinza, e sim o fofoqueiro, que é o que mais prejudica o ambiente de trabalho.

Outro estudo, de 2019, mostrou que se fofoca muito no trabalho, em média 52 minutos por dia, mas o conteúdo não é tão ruim quanto supomos. Foram gravadas conversas de 500 participantes e a grande maioria (cerca de 75%), não foi positiva ou negativa, mas neutra. Continham informações banais como "ouvi dizer que a filha da Maria está se formando em marketing" ou "Pedro está de férias em Porto Alegre".

Este tipo de conversa pode até servir para azeitar as relações sociais, mas muitas fofocas no trabalho não são tão inofensivas. Deixam o ambiente pesado e há sempre um alvo, que pode ser um colega ou você, afinal toda empresa tem fofoca, inclusive a sua. E é deste tipo de fofoca difamadora que falarei aqui e que pode detonar carreiras.


Há uma frase atribuída ao psicanalista austríaco Sigmund Freud que diz: "Quando Pedro me fala de Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo". Os estudiosos do tema são unânimes ao dizer que os fofoqueiros, via de regra, sofrem de baixa autoestima e apresentam uma necessidade enorme de chamar a atenção dos demais.

Ao propagar as fofocas, eles acabam se sentindo “importantes” porque são eles quem detêm aquela informação e que tem poder sobre ela. No entanto, isso tem o efeito rebote. Aos poucos, o fofoqueiro acaba perdendo a confiança dos colegas e será evitado quando os mesmos forem compartilhar projetos, atividades em equipe ou mesmo informações práticas do cotidiano.

Além disso, a fofoca pode gerar demissão. A Justiça Federal deu causa favorável a uma empresa que demitiu empregada por ter feito fofoca. A mulher teria espalhado no ambiente de trabalho que o chefe mantinha um caso extraconjugal com outra funcionária. Inconformada, ela buscou o Judiciário para reverter a demissão e receber as verbas rescisórias e o seguro-desemprego.


Mas o tiro saiu pela culatra. A Justiça entendeu que estavam presentes os requisitos para a aferição da ocorrência da justa causa no que se refere à previsibilidade, gravidade da falta, imediatidade, nexo de causalidade e singularidade na aplicação da pena.

Como evitar a fofoca no ambiente profissional? Se a fofoca existe é porque tem alguém disposto a ouvir. Então o melhor a fazer é sair de fininho deste tipo de conversa e não propagar as histórias que escuta. 

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