Com a transformação digital impulsionada pela pandemia, a conexão com a web tornou-se indispensável. Nesse sentido, os dispositivos passaram a ser como uma extensão das nossas mãos. Presentes em todas as atividades rotineiras, as horas imersas no virtual só aumentaram. Dessa forma, o Nube (Núcleo Brasileiro de Estágios) realizou uma pesquisa em seu site, entre os dias 27 de junho e 8 de julho, com a participação de 28.466 jovens de 15 a 29 anos, questionando: “você conseguiria ficar sem usar seu celular por quanto tempo?”. Como resultado, encontramos uma tendência alarmante.
Para 31,43%, ou 8.946 indivíduos, a ausência do aparelho só é suportável por, no máximo, um final de semana prolongado. Segundo Gabriel Siqueira, facilitador de Treinamento do Nube, existem diversas razões para essa resposta. “Muito do nosso cotidiano está vinculado ao celular, pois ele descomplicou diversas frentes e necessidades com inúmeros aplicativos gratuitos. Hoje, viver sem se tornou um grande desafio, pois a ferramenta auxilia o usuário em vários momentos, como: assinar documentos, pedidos de comida, compras de vestuário, lazer com os amigos, entre outros fatores”, afirma.
Nesse cenário, é preciso estar sempre atento, afinal, a predisposição é de uma utilização gradativamente maior. Para 27,13%, ou 7.724 dos votos, é possível aguentar até 24 horas sem mexer no smartphone. “Existem diversas estatísticas para comprovar como o brasileiro tem ficado cada vez mais tempo on-line. Se em 2021, a média era de 5 horas e 40 minutos, imagine agora”, ressalta Siqueira. Logo, é perceptível como o amanhã nos reserva uma imersão digital e a criação do Metaverso só comprova isso.
Com 10,58%, ou 3.012 das opiniões, é impossível ficar mais de seis horas sem visualizar os apps. “É importante encontrar as raízes dessa realidade e entender como historicamente o aumento da tecnologia vem influenciando a sociedade. Com esse avanço, os meios de comunicação foram ainda mais explorados. Bauman (1999) apresenta quais são as consequências e mudanças em um livro intitulado como “Modernidade Líquida”, no qual ele aponta a fragilidade sobre as relações sociais, econômicas e de produção”, indica o facilitador do Nube.
Em uma situação ainda mais preocupante, 3,16%, ou 899 dos respondentes, consideram ficar longe do telefone como uma tarefa difícil, para eles o máximo é 30 minutos. Todavia, isso pode ser uma questão muito maior. “Quando analisamos, estudos da área da saúde apontam efeitos nocivos do uso prolongado. Para quem manuseia por mais de quatro horas por dia, é possível notar sintomas como dores no pescoço, ombros e punho, tendinite, etc. A insônia também é um problema observado, pois a luz emitida prejudica a indução natural do sono ao ativar uma série de neurônios influenciadores do ciclo circadiano noturno”, explica Siqueira.
Entretanto, mediante tantos apontamentos voltados para o bem-estar, a ideia é mexer cada vez menos nos dispositivos tecnológicos e só se logar quando realmente tiver um objetivo. Conforme 27,70%, ou 7.885 dos entrevistados, passar um tempo longe é uma tarefa tranquila, pois não faz falta e eles poderiam até parar. “A aplicação moderada é o ideal. Segundo a pesquisadora brasileira, Ludmila Caroline Silva (Uni-BH), é recomendado fazer pausas de 20 a 40 minutos a cada três horas consecutivas. Crianças acima de dois anos não devem passar mais de uma hora e bebês nem podem completar essa hora”, expõe.
Essa preocupação tem diversas razões. “Quando mal empregado, o instrumento se torna altamente viciante e acaba deixando a pessoa cada vez mais dependente, podendo gerar outras consequências psicológicas, como transtornos psíquicos, ansiedade e depressão. A Nomofobia já apresenta em sua definição o medo de ficar longe do celular e isso deixa o indivíduo aflito”, destaca Siqueira. Portanto, é preciso ter cautela em todos os sentidos.
Para corroborar, o especialista traz algumas recomendações para quem quer manusear menos os dispositivos. “Como muitas ferramentas tecnológicas, é preciso saber conciliar e observar como as utilizamos, qual a frequência e necessidade. Entender os sinais de dependências e tomar atitude para não prejudicar os âmbitos da sua vida também é fundamental”, conclui.
Fonte: Gabriel Siqueira, facilitador de treinamento do Nube