A língua portuguesa é a sexta mais falada no mundo considerando falantes nativos, com 221 milhões de pessoas. Com várias peculiaridades, o idioma é um dos mais ricos do mundo e, certamente, um dos mais complexos também. Um levantamento realizado pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (NUBE) mostrou que 50,3% dos participantes à procura de um emprego não seriam aprovados por conta de erros de português. Em outra pesquisa feita pela empresa de recrutamento on-line Catho, os equívocos na língua nativa são o principal motivo para desclassificação dos candidatos para 34% dos recrutadores - até mesmo mais do que a experiência.
De acordo com a assessora de Língua Portuguesa do Centro de Inovação Pedagógica, Pesquisa e Desenvolvimento do Colégio Positivo (CIPP), Irinéia Inês Scota, é muito comum cometer erros na escrita pelo pouco interesse em se dedicar à própria língua. “As pessoas passam o tempo aprendendo outros idiomas como inglês, espanhol, francês, italiano, alemão, entre outros, por necessidade do mercado, para obter conhecimento sobre a cultura de outros países ou para poder viajar, e acabam deixando de lado o estudo mais aprofundado de seu próprio idioma. Claro que é louvável simpatizar com outras línguas e estudá-las, mas isso não exclui as vantagens que o falante da língua portuguesa também terá em se aprofundar em seu idioma", constata.
Entre os erros mais cometidos – tanto nas entrevistas de emprego, quanto no dia a dia, especialistas listaram os 13 principais.
"Ao invés de" e "em vez de"
A professora de Língua Portuguesa do colégio Semeador, Cláudia Fávero dos Santos, de Foz do Iguaçu (PR), explica que o termo "invés" é variante de "inverso", ou seja, o oposto. “Isso quer dizer que devemos utilizar ‘ao invés de’ apenas quando formos indicar uma oposição sobre algo, podendo ser substituído por ‘ao contrário de’. A expressão ‘em vez de’ é usada para dizer que estamos fazendo alguma coisa diferente da primeira proposta, mas que não necessariamente seja o oposto dela, e pode ser trocada por ‘em lugar de’. Na dúvida, ‘em vez de’ funciona melhor para todos os casos”.
"Onde" e "aonde"
De acordo com o professor de Língua Portuguesa do Colégio Positivo - Internacional, Diego Emanuel Damasceno Portillo, de Curitiba (PR), a palavra "onde" é utilizada para se referir a um lugar, e pode ser substituída por "em que". O termo "aonde" é a junção da preposição "a" com "onde", ou seja, é usado quando vem acompanhado de outro termo que também necessite da preposição "a" como, por exemplo, no caso do verbo "chegar". Ex: “Ainda não sabemos aonde iremos” e “Onde coloquei minhas chaves?”.
Onde quando não se refere a lugar
Outro caso de erro bastante comum é usar o pronome relativo “onde” sem haver referência de lugar. Ou seja, deve-se usar “onde” somente se antes houver um lugar referido. Segundo o professor de Língua Portuguesa do Colégio Positivo - Master, Ederson Lima de Souza, de Ponta Grossa (PR), o erro acontece porque “onde” pode ser equivalente a “em que”, mas o inverso nem sempre é possível. “O colégio onde estudo é legal”. = “O colégio em que estudo é legal” = “O colégio no qual estudo é legal”, Porém, “Nesse fim de semana, meu namorado e eu vimos uma série EM QUE a personagem principal era morta já no início da trama.” (série não é lugar). “Nesse fim de semana, meu namorado e eu vimos uma série NA QUAL a personagem …”
Locuções juntas ou separadas?
De repente, de novo, por isso, a partir, em cima, são escritas sempre em separado. “É algo simples, mas são erros bem comuns de vermos no dia a dia”, ressalta a professora de Redação e Língua Portuguesa do Colégio Positivo - Santa Maria, Paula Faustino, de Londrina (PR).
Uso incorreto do verbo “fazer”
A professora de Língua Portuguesa do Colégio Passo Certo, Kalen Franciele Piano, de Cascavel (PR), esclarece que, quando o verbo “fazer” se refere a tempo transcorrido, ele é impessoal. Ou seja, não tem sujeito com quem concordar e então deve ser empregado no singular. Exemplo: "Faz dez anos que não a vejo".
"Mas" e "Mais"
Segundo a professora de Língua Portuguesa do Colégio Passo Certo, Kalen Franciele Piano, de Cascavel (PR), esse é o erro de escrita dos mais comuns da língua portuguesa. “A palavra ‘mais’ é o antônimo de ‘menos’. Para saber se está utilizando da forma correta, use seu antônimo e veja se continua se encaixando na frase. ‘Mas’ é principalmente usado como conjunção adversativa, indicando uma ideia contrária à que foi imposta anteriormente”, explica.
Verbo haver com sentido de existir
“Houveram alguns apontamentos interessantes na reunião de hoje” está errado, mas é comum o uso do verbo “haver” no plural em situações em que esse verbo é impessoal. De acordo com o professor de Língua Portuguesa do Colégio Positivo - Master, Ederson Lima de Souza, de Ponta Grossa (PR), o verbo, com o sentido de existir, sempre será em terceira pessoa do singular. O contratempo acontece porque o verbo “existir” concorda com o sujeito da sentença, o qual estará após o verbo. Substituindo o verbo “haver” com o sentido de existir, por “existir” ficaria correto: “Existem vários apontamentos interessantes para hoje”.
"Há" ou "a"
O erro aqui acontece por serem palavras que apresentam o mesmo som, mas grafias diferentes. Para o professor de Língua Portuguesa do Colégio Positivo - Internacional, Diego Emanuel Damasceno Portillo, de Curitiba (PR), o importante é perceber que a forma verbal "há", do verbo haver, indica passado e pode ser substituído por "faz". Ex: “Nos conhecemos há dez anos. Nos conhecemos faz dez anos”. Mas o "a" faz referência à distância ou a um momento no futuro. Ex: “O posto de gasolina mais próximo fica a um quilômetro. As Olimpíadas acontecerão daqui a alguns meses”.
Uso de "há" e "atrás" na mesma frase
É inadequado falar "há dois dias atrás" ou "há cinco anos atrás". De acordo com a professora de Redação e Língua Portuguesa do Colégio Positivo - Santa Maria, Paula Faustino, de Londrina (PR), é o mesmo que dizer "descer para baixo", "subir para cima". “É um pleonasmo, ou seja, uma repetição, redundância. Há e atrás já indicam um tempo passado. Portanto, prefira dizer: "Há dois dias" ou "Dois dias atrás", ressalta.
O obrigado e obrigada
De acordo com o professor de Língua Portuguesa do Colégio Positivo - Joinville, Ítalo Puccini, de Santa Catarina, em contrapa