Os debates sobre preconceito, diversidade e inclusão acerca da comunidade LGBTQIA+ foram intensificados, principalmente na última década, em decorrência das redes sociais e da Internet. Isso impactou diretamente no comportamento da sociedade e das empresas como um todo. Para saber como o cenário está hoje, o Nube – Núcleo Brasileiro de Estágios, fez uma pesquisa e perguntou: “você assume sua orientação sexual?”. O levantamento ficou no ar entre 14 e 25 de setembro e contou com a participação de 23.678 indivíduos entre 15 e 29 anos.
Para 39,5% (ou 6.353) dos respondentes, assumir a sexualidade ou identidade de gênero ajuda a mudar o corpo social. Para a coordenadora de recrutamento e seleção do Nube, Helenice Resende, se dialogamos constantemente acerca de determinado tópico com a população, mais entendimento sobre o tema será gerado. “Quanto mais as pessoas se apropriarem de suas orientações, mais isso será compreendido como algo natural e parte do ser humano”, comenta.
Além desses, para 26,8% (6.353), não há impeditivos para discutir sobre esse assunto porque o preconceito já diminuiu muito. Para a especialista, as corporações estão mais abertas à pluralidade e essa maior receptividade ocorreu muito em virtude de fortes movimentos sociais em favor dessa causa. “Ainda temos, sim, algumas companhias conservadoras, mas essas provavelmente não resistirão por muito tempo, pois a aceitação das diferenças veio para ficar e a tendência é expandir”, compartilha.
Outros 23,3% (5.511) disseram não gostar de falar sobre suas vidas abertamente. “É imprescindível sentir-se querido e aceito no meio ao qual pertencemos, seja na família, instituição de ensino, trabalho, entre outros. Quando o sujeito fica à vontade para omitir sua sexualidade, não há problema algum para a contratante, pois, dentro da organização, o importante é seu desempenho. No entanto, não é agradável precisar se esconder, ocultar quem você é, sua essência. O colaborador não precisa anunciar sua sexualide se não estiver confortável, mas, se tiver de reservá-la por algum motivo, pode estar na hora de reavaliar os benefícios em fazer parte daquele ambiente. Afinal, a longo prazo, isso pode gerar insatisfação, desmotivação e, até mesmo, impasses psicológicos”, comenta Helenice.
Já 7,6%, ou 1.809 votantes, responderam “não, tenho medo de represálias”. De acordo a coordenadora, esse é um ponto complexo. “Não tenho lugar de fala, mas, como psicóloga, posso dizer: não existe outra forma de combater preconceitos senão falando disso abertamente, participando de movimentos em favor da causa, lutando por leis acolhedoras para quem sofre com a desigualdade. O pavor, sem dúvidas, permanecerá e cada um precisa aprender a lidar com essa questão para então conseguirmos construir uma convivência mais livre e justa. No entanto, até isso acontecer, para lidar com esse receio, recomendo fortemente uma psicoterapia”, diz.
Por fim, 2,8% (665) preferem não revelar para os colegas de estudo ou de trabalho. Para Helenice, é possível manter relações de amizade sem se abrir em todos os aspectos da vida. “É vital respeitar seus limites. Se você realmente não consegue falar sobre o tema, se sente bem e isso não te atrapalha em nada, não há problemas. Entretanto, caso haja desconforto em precisar se omitir, indico procurar um profissional para te auxiliar a fazer um processo de autoaceitação, algo muito crucial para enfrentar uma sociedade ainda preconceituosa. É fundamental o indivíduo se apropriar de sua causa”, conclui.
Como dica final, a especialista orienta sobre como gerenciar a sexualidade de modo saudável no universo empresarial. “Independentemente de sua orientação, você deve desempenhar suas funções da melhor maneira e poder ter liberdade para expor sua sexualidade nos momentos adequados a isso. Enfim, sinta-se tão livre para ser quem é como outras pessoas se sentem. Se você sofrer algum julgamento, for diminuído ou prejudicado por causa disso, busque o diálogo. Se perceber a impossibilidade de se comunicar, procure outras instâncias. Não deixe isso passar, pois, apenas assim, será possível construir uma realidade mais justa”, finaliza. (Fonte:Helenice Resende, coordenadora de recrutamento e seleção do Nube)