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O primeiro semestre de 2020 foi manchado por recorde negativo de 32.426 demissões com carteira assinada, pior resultado para o emprego na região em pelo menos uma década e resultado da crise trazida pela pandemia do novo coronavírus, que agravou cenário que caminhava a passos lentos. 

Com isso, a oferta de postos de trabalho minguou e, em junho, quando teve início a reabertura gradual dos comércios no Grande ABC, as empresas voltaram a anunciar contratações. No primeiro dia daquele mês, havia 416 oportunidades nos centros públicos municipais e na Luandre, recrutadora com unidade em Santo André. Desde então, o volume caiu pelo menos à metade e, nesta semana, voltou a crescer. A oferta de 389 vagas traz a melhor marca em três meses.

 

Conforme avalia o economista Ricardo Balistiero, coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, esse número deve começar a se repetir daqui para frente. “Há uma clara geração de empregos, mas não é emprego novo, é de reposição, daqueles que foram perdidos durante a pandemia”, explica.

Conforme explica Volney Gouveia, professor da Escola de Negócios da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), a situação tomada pelo novo coronavírus fez com que a economia atingisse nível de atividade tão baixo que é como se não pudesse ficar ainda pior. “Então, qualquer melhora acaba significando uma recuperação. É esse rearranjo da retomada das atividades econômicas que explicam parte dos números (do aumento da oferta de vagas). Mas nós estamos andando de lado. Ainda não há evidências de retomada mais consistente da economia. Essa recuperação de curto prazo tem mais relação com a decisão do governo do Estado entrar nas novas fases 2 e 3 da atividade econômica.”

Em um primeiro momento, a maior parte das chances de trabalho ofertadas demandam baixa qualificação em comércio e serviços, principalmente. “Mas não deixa de ser uma boa notícia no meio de tantas más notícias. São oportunidades que geram alívio para pessoas que, muitas vezes perderam o emprego, até em decorrência da pandemia, e agora se recolocaram”, analisa Balistiero.

É o caso da andreense Yasmin Augusta, 19 anos, que sofreu com a perda do emprego no dia 6 de abril (a quarentena no Estado havia começado em 23 de março). Ela era jovem aprendiz em um cemitério, onde atuava na área da cobrança. Em junho, conseguiu vaga de meio período em um comércio, mas o que ganhava não era o suficiente para pagar as contas. Yasmin não desistiu de procurar algo na área em que tinha conhecimento – em 2019 fez curso de administração de empresas –, seguiu acionando seus contatos e, na semana passada, foi chamada para atuar em grande empresa de logística como auxiliar de operação, onde fará o controle de entrada e saída das cargas. Apesar de ter de ir de transporte público até São Bernardo, o que gera receio pela Covid-19, está animada com a oportunidade e voltou a sonhar. “Quando essa pandemia passar, pretendo fazer faculdade. Estava esperando entrar em uma área que eu gostasse para decidir o que fazer”, conta.

OPORTUNIDADES - Das 389 vagas disponíveis no Grande ABC, 103 estão sendo captadas pela CTR (Central de Trabalho e Renda) de São Bernardo, que reúne a maioria dos postos desta semana. São 57 chances para motorista de caminhão, 15 para auxiliar de linha de produção e sete para auxiliar de limpeza. Em Mauá, o CPTR (Centro Público de Trabalho e Renda) dispõe de 84 posições para atendente de telemarketing, lubrificador de máquinas, operador de empilhadeira, pintor de obras, tecelão (tear automático) e vendedor interno. Há também um posto para analista de marketing.

O PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador) de Ribeirão Pires reúne 38 postos de trabalho, com chances para caldeireiro de manutenção, costureira em geral, técnico de refrigeração e pedreiro, entre outras. O PAT de São Caetano conta com 83 chances.

Em Santo André, das 36 oportunidades do CPTER (Centro Público de Trabalho, Emprego e Renda), 15 são para orientador de tráfego para estacionamento, uma para padeiro e uma para serralheiro montador. No CPETR de Diadema, há 20 chances, sendo 15 para motorista carreteiro, uma para eletricista de manutenção, uma para operador de empilhadeira e uma para auxiliar de sepultamento, por exemplo.

A Luandre traz 25 vagas, sendo a que oferece o melhor salário é a de coordenador de operações logísticas (de R$ 7.000 a R$ 7.500). Há também chance para analista de logística sênior (R$ 6.500 a R$ 7.000) e auxiliar de enfermagem (R$ 2.000 a R$ 2.500).

ESTUDANTES - O Nube (Núcleo Brasileiro de Estágios) disponibiliza para esta semana 240 vagas de estágio para o Grande ABC – o volume quase dobrou em sete dias, pois há uma semana eram 137 e, em julho, chegava a 90. As oportunidades são para estudantes do ensino médio, técnico, tecnólogo e superior, período matutino e noturno. Entre os cursos solicitados pelas empresas, estão: administração, comunicação, design, marketing, logística e odontologia. As bolsas auxílio variam de R$ 600 a R$ 1.551,60.

Segundo Gouveia, a pandemia impôs grande desafio a todas as empresas com forte impacto nos seus fluxos de caixa, e elas tiveram de readequar suas estruturas de custo. “Foi uma forma que encontraram de ter profissionais de melhor qualificação a um desembolso mais baixo. Então, elas abrem mão de trabalhadores que ganham mais e incorporam estagiários, que têm custo mais acessível. Trata-se de ótima oportunidade para os estudantes”, avalia

 

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