A urgência em se estabelecer o distanciamento social a fim de prevenir a disseminação da Covid-19 levou as organizações a adotarem rapidamente o modelo de trabalho a distância. Entretanto, muitos profissionais nunca haviam experimentado o formato. Para entender melhor a compreensão sobre o tema, o Nube - Núcleo Brasileiro de Estágios fez a seguinte pergunta aos jovens: qual é sua opinião sobre o home office? O levantamento foi realizado entre os dias 13 e 20 de abril com 14.638 participantes de 15 a 29 anos. O resultado demonstrou um olhar positivo da juventude sobre a prática.
A maioria, ou 62,93% (9.212) dos pesquisados disse: “é uma boa alternativa para as empresas em tempos de crise”. Segundo a gerente de treinamento do Nube, Yolanda Brandão, essa percepção acontece porque, além da prevenção, trabalhar de casa apresenta outros benefícios. “Em grandes cidades, como São Paulo, é comum se passar muitas horas em trânsito, portanto, a primeira vantagem é proporcionar mais tempo livre aos colaboradores”, afirma. Para as companhias, por outro lado, existe a redução de gastos com a parte física, como aluguel, limpeza, manutenção e segurança. “Um contingente expressivo de profissionais em casa pode prescindir uma estrutura muito grande e, logo, diminuir custos”, ressalta a especialista.
Já 13,30% (1.947) responderam: “nunca fiz, mas certamente é meu sonho de consumo”. Na visão de Yolanda, o teletrabalho ainda está se popularizando no país. “Apenas em 2017, com a Reforma Trabalhista, a modalidade passou a ser regulada, mas certamente a pandemia acelerou a implantação desse modelo. Com isso, muitas corporações precisaram aprender às pressas como gerar resultados e gerenciar por esse meio”, explica.
Se a falta dessa opção se der por conta de uma gestão inflexível, a dica é buscar entender a razão. Em alguns casos, a atividade precisa de recursos específicos indisponíveis no espaço caseiro. Ou ainda pode lidar com informações delicadas capazes de colocar a organização em risco se esses dados não forem devidamente tratados. Além disso, é necessário analisar qual é o seu padrão de funcionário. “Você é um profissional experiente e não exige atenção frequente da liderança? Tem perfil para essa prática? Performa no escritório? O formato é comum na companhia? Se considerar todas as questões envolvidas e perceber falta de confiança por parte de seu líder em você e na sua entrega, é preciso, antes de tudo, fortalecer a relação entre vocês”, orienta a gerente.
Outros 10,07% (1.474) afirmaram: “eu preferiria trabalhar dentro da empresa para vivenciar um ambiente corporativo”. Nesse cenário, atuar remotamente é a única opção para muitos profissionais. “Ainda tem a dificuldade adicional de dividir o espaço com os demais moradores da casa devido às medidas de distanciamento social. Contudo, é possível tornar a situação mais agradável, ou menos estressante”, comenta a gestora. Assim, ela deixa algumas dicas, como garantir um espaço adequado e reservado para o serviço. Também vale observar se o local tem iluminação adequada e condições ergonômicas mínimas para evitar problemas visuais e musculares. Outro ponto importante é conversar com todos da residência e estabelecer regras de respeito ao seu local e horários de ofício. Não se esqueça da organização. “Faça o alinhamento diário das suas entregas e alinhe frequentemente com a sua gestão quais são suas responsabilidades e metas. Peça retorno sobre seu desempenho e resultados”, indica Yolanda.
Para 9,58% (1.402) dos respondentes, a atuação a distância é uma excelente opção para quem mora longe do trabalho. De acordo com a gestora, o longo tempo de deslocamento pode prejudicar a vida dos trabalhadores em muitos aspectos. “Alto custo para locomoção, seja de carro ou transporte público, as condições do ônibus ou vagão em horário de pico, assim como o trânsito engarrafado podem ser situações altamente estressantes. O período de viagem obriga as pessoas dormirem menos e passarem poucos momentos com a família ou em alguma atividade de lazer”, pontua.
Por outro lado, quem tem o benefício do home office deve ter mais disciplina a fim de cumprir a jornada e separar bem as demandas profissionais das pessoais. “Senão, corre-se o risco de produzir menos e ter a impressão de ter trabalhado muito mais, pois as responsabilidades domésticas e laborais podem facilmente se misturar nessa modalidade de atuação”, alerta a especialista.
Por fim, 4,12% (603) colocaram: “eu gostaria de fazer, mas não tenho equipamentos adequados nem Internet de boa qualidade”. De acordo com o artigo 75 da Lei Nº 13.467 de 2017, a responsabilidade pela aquisição, manutenção ou fornecimento dos equipamentos tecnológicos e da infraestrutura necessária e adequada à prestação do trabalho remoto, bem como ao reembolso de despesas arcadas pelo empregado, serão previstas em contrato escrito. Portanto, as corporações e colaboradores devem acordar como essa questão será tratada.
“Entretanto, vale o bom senso. Se o home office é um benefício oferecido aos colaboradores, mas existe uma unidade onde o profissional pode trabalhar presencialmente se desejar, não há porque responsabilizar o empregador com esses custos. Agora, se a organização não dispõe de uma matriz e todo quadro atua remotamente, faz-se necessário arcar com os custos e/ou disponibilizar os recursos necessários”, finaliza Yolanda.
Serviço: Pesquisa revela a opinião dos jovens sobre o home office
Fonte: Yolanda Brandão, gerente de treinamento do Nube.
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