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A língua portuguesa se tornou a grande vilã na busca por uma vaga no mercado de trabalho. Isso foi constatado em uma pesquisa feita pelo Nube - Núcleo Brasileiro de Estágios com 9.149 participantes. Eles realizaram um ditado com 30 palavras cotidianas. Caso houvesse mais de sete deslizes, ocorria a eliminação. O aumento de reprovados chamou a atenção dos selecionadores.  

A maioria, 50,3%, apresentou um desempenho abaixo do permitido na avaliação, contra 49,7% de aprovados. Para Helenice Resende, recrutadora, o domínio das habilidades linguísticas é cada vez mais cobrado em entrevistas. “Uma das competências básicas exigidas pelas empresas é a comunicação. Para o colaborador conseguir dialogar corretamente com seus colegas e clientes, gerenciar negociações ou transmitir informações com clareza, é preciso entender bem as principais regras existentes no nosso idioma nativo”, afirma.  

O número de pessoas com resultados negativos aumentou. No estudo efetuado em 2017, foram 46% desclassificados, contra 54% bem-sucedidos. O intuito da análise, segundo a recrutadora, é “identificar os principais motivos da desclassificação de candidatos e, com isso, auxiliá-los na compreensão dos pontos de melhoria”, conta. Estudantes do ensino médio técnico e regular tiveram os níveis mais altos de erros, com 55,9% e 52,9%, respectivamente. Os melhores índices ficaram com quem já cursa uma pós-graduação, com somente 16,7% eliminados. Os universitários foram a camada com mais participantes: representam 73% do estudo e tiveram 49,5% de reprovação.  

Os alunos de Rádio e TV disparam com a performance mais baixa. Ao todo, 74,2% dos graduandos da área não conseguiram passar no teste. Em segundo lugar, com 62,5%, aparece Biomedicina. Na sequência, temos Administração (57%), Direito (54%) e Publicidade (50,4%). Em contrapartida, Engenharia de Produção e Letras ocupam primeiro e segundo lugares no ranking dos números mais satisfatórios, com 89,1% e 83,3% de aprovação, respectivamente. O top 5 é composto ainda por Psicologia (73,9%), Engenharia de Computação (71,7%) e Ciência da Computação (71%).

De acordo com Helenice, independentemente da área de atuação, essa habilidade é imprescindível. “O domínio do português é exigido para todos os cargos. Mesmo em ambientes onde a comunicação é pouco utilizada, clareza, coesão, objetividade e coerência são essenciais”, alerta Helenice.  

Segundo dados do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o desemprego entre quem tem entre 18 e 24 anos é de 25,2%, enquanto para a população geral a taxa é de 12,4%. Desse modo, para evitar a desocupação, é fundamental se atentar a esse aspecto. “Para melhorar seu nível de conhecimento gramatical, o primeiro passo é identificar essa necessidade. Muitos não percebem suas defasagens e, por isso, não compreendem o motivo da desclassificação”, ressalta. 

Atualmente, os testes são feitos on-line. Mesmo assim, os candidatos escorregam e têm um baixo desempenho. A recrutadora orienta: “leia livros, revistas e jornais com frequência. Fique atento quanto ao acesso exagerado a conteúdos informais, como os das redes sociais, pois podem confundir o leitor. Além disso, quando visualizar ou ouvir uma palavra nova, pesquise, pois isso contribuirá para o enriquecimento do seu vocabulário”.

Para ela, também é válido desativar o corretor ortográfico automático, comum nos smartphones e procurar cursos, aplicativos ou jogos voltados ao aprimoramento das suas capacidades linguísticas.

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