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O que deveria ser algo básico está se tornando diferencial na busca por um emprego no Brasil. Produzir textos de boa qualidade é algo que a maioria dos candidatos as vagas disponíveis no país, numa época em que há muitos desempregados e as oportunidades de emprego são mais escassas, não consegue realizar.

Escrever bem é algo que deveria estar acessível a todos e tem estreita relação com a leitura, o acesso a livros, jornais, revistas ou materiais de boa qualidade disponíveis na internet. Pesquisa realizada pelo Núcleo Brasileiro de Estágios, o Nube, comprovou que 4 em cada 10 candidatos a estagiário no Brasil são reprovados na produção textual. Para quem escreve bem, lê com frequência e está buscando uma chance no mercado a notícia é muito boa pois significa que 40% dos competidores é eliminado num item básico.

Se pensarmos um pouco além, analisando-se esta informação trazida pela pesquisa, outras demandas das empresas, como domínio de softwares específicos (como o pacote Office) ou fluência em língua estrangeira, especialmente do inglês, reduzem ainda mais os competidores reais na busca de uma boa oportunidade de estágio ou trabalho.

Isso somente comprova a tese de que o Brasil está aquém de outros países quanto a oferta de mão de obra especializada e hábil que lhe permita aumentar sua produtividade e tornar-se maior no mercado internacional nos segmentos em que atua.

O foco quanto a este levantamento foram os jovens entre 15 e 24 anos, faixa etária onde o problema constatado quanto à qualidade de escrita se mostrou mais preocupante. O problema alegado pelos pesquisados que responderam ao levantamento é que “tem preguiça de ler” e que, com isso, não desenvolvem boa capacidade de produção textual. Essa “preguiça” foi a alegação de quase 1/3 (32,7% do total) dos mais de 11,6 mil jovens entrevistados para o mal desempenho na elaboração de uma redação.

Como segunda justificativa para este pífio resultado na produção de textos culpou-se a internet e sua linguagem específica, reduzida, com o uso regular de abreviações, ou seja, atribuiu-se ao internetês a falha. Segundo 28,9% dos respondentes da pesquisa o uso regular das ferramentas da web, como o Whatsapp, o Facebook ou outras ferramentas e redes sociais, faz com que eles assumam esta forma incompleta e irregular de grafar as palavras como algo comum, aceito e plausível. A língua portuguesa maltratada e vilipendiada pela internet e não por seus usuários, esta é então outra justificativa recorrente.

A falta de incentivo à leitura no Brasil é apontada por 23,4% dos entrevistados como o motivo pelo qual se escreve mal. Novamente a responsabilização de outros, se bem que, de certo modo, outras pesquisas referendem a ideia de que a família pouco ou nenhum incentivo à leitura traz em seu seio, na casa da maioria dos brasileiros e que, nas escolas, os projetos de leitura ainda não sejam regulares como deveriam.

Além do que, mais que projetos aplicados aos alunos desde tenra idade, o modelo ou exemplo dos adultos folheando e devorando com apetite as páginas de livros é algo distante da realidade das crianças e adolescentes brasileiros. Isso, certamente não consolida entre as novas gerações o valor e o poder das letras para suas vidas.

De qualquer modo, o que fica a partir desta pesquisa é a constatação de que os brasileiros precisam melhorar muito seu desempenho em itens básicos de sua formação. Ler e escrever são os quesitos essenciais, juntamente ao domínio da linguagem matemática, que alavancam a ação nas demais áreas do conhecimento. Sem qualificação na produção textual, fluência na leitura e domínio da lógica e do raciocínio matemático fica muito difícil competir no mercado interno por uma vaga de trabalho de bom nível. Para o país, por outro lado, isso significa, na prática, estar bem atrás de seus competidores mundiais na luta por espaço nos mercados globalizados de hoje...

Fonte: http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=2805

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