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“Uma questão de bom senso”, define a maioria dos RHs que lida com o tema em processos seletivos.

Qual foi o profissional de RH que nunca se deparou com a necessidade de responder alguma questão sobre contratar candidato que exibe alguma tatuagem pelo corpo?!

A tatuagem foi, por muito tempo, considerada uma marca de indivíduos com caráter e personalidade questionável, já que os desenhos na pele eram frequentemente associados com hábitos encontrados em criminosos ou em pessoas sem compromisso com a seriedade. Apesar do passado nebuloso, muitas opiniões mudaram com relação a esse tipo de adorno corporal: é muito fácil encontrar, hoje, uma pessoa que tenha pelo menos um pequeno desenho na sua pele, seja para homenagear alguém, para carregar proteção, ou simplesmente por gostar da representação. A tatuagem é uma realidade cada vez mais presente na nossa sociedade. Mas a dúvida que ainda é sustentada por várias pessoas que estão no mercado de trabalho em busca de emprego é: a minha tatuagem pode ser um fator definitivo para a contratação?

Em áreas como Comunicação, Publicidade, Design. TI, Marketing e afins, que em geral lidam com a criatividade e com o conhecimento intangível, o uso de tatuagens e adornos já visto com certa naturalidade. O mesmo não ocorre, em geral, quando a empresa tem expertise em áreas como Saúde, Direito, Finanças, Engenharia, cujo comportamento ainda sobre resistências. Aqueles que, de alguma forma toleram, sugerem que a tatuagem é aceitável em parte do corpo não expostas durante o expediente de trabalho.

Vale a pena, antes de se submeter à agulha, a pessoas imaginar que se for carregar o adorno por toda a vida, reflita se aquilo não poderá impactar de forma negativa em algum momento da carreira na área que pretende seguir. Caso a pessoa não esteja decidida em que área irá atuar ou então esteja em suas primeiras tatuagens, a recomendação para evitar riscos com relação ao futuro profissional é fazer tatuagens em locais que não sejam tão “agressivos” (como pescoço, braço e outros locais muitos expostos).

Felizmente, aumenta no mercado a corrente dos profissionais de RH que não coloca na tatuagem um definidor de qualquer tipo de competência ou talento profissional. O correto, segundo eles, é que a seleção para emprego teste apenas conhecimentos, comportamentos e competências e não se guie tanto pela aparência, embora, na prática, não seja isto o que aconteça no caso de algumas empresas.

Tendo como base a pergunta “Você contrataria alguém com tatuagem?”, para gestores de todo o país, o Nube (Núcleo Brasileiro de Estágios) também ouviu 14.225 jovens entre 15 e 26 anos. Apesar de a maioria ter respondido achar isso natural, não dá para desprezar a parcela que fez ressalvas ou mesmo disse que recusaria a contratação: 6.397 participantes (44,75%) optaram pela alternativa “Claro, isso não é importante”; 3.640 (25,46%) ponderaram e escolheram “Isso varia de acordo com a função onde iria atuar”; 2.092 (14,63%) aprovam, mas orientariam para não deixar a tatuagem aparente.


Na mesma linha, 1.765 (12,35%) expressaram cautela: “Depende, apenas se não for muito visível”. Por fim, 402 estudantes (2,81%) se recusariam a contratar os profissionais em questão escolhendo a opção “Não, pois está fora do padrão corporativo”.
O conflito entre o conceito de “boa aparência” e o livre arbítrio do indivíduo muitas vezes acaba indo parar na Justiça. De acordo com o Nube, há registros, por exemplo, de condenações do Tribunal Superior do Trabalho (TST) a pagamento indenizações na casa de R$ 30 mil, por danos morais a funcionários tatuados e, por essa razão, rejeitados.


“Todo e qualquer tipo de restrição infundada, com origem em preconceitos, rotulações e julgamentos é sinal claro de desrespeito com o próximo. Nesse sentido, não podemos concordar em eliminar um bom candidato utilizando, como critério de corte, sua tatuagem”, destaca coordenadora de treinamentos do Nube, Eva Buscoff.

Do ponto de vista de muitas empresas a imagem dos colaboradores significa muito e isso inclui o fator tatuagem. Muitas delas acreditam que um funcionário tatuado passa uma impressão agressiva e até desleixada e optam por não recrutar profissionais com esse perfil. Porém, outras empresas não se importam com o que a pessoa faz com seu próprio corpo, desde que esse profissional trabalhe direito.

Se você tem uma tatuagem e está a procura de emprego, talvez conhecer bem o seu possível empregador pode ser uma maneira de entender como o seu desenho será recebido na entrevista. Saiba quando pode ser interessante “esconder” a tatuagem Muitas empresas não se importam em contratar funcionários com tatuagens, desde que eles saibam utilizar o bom senso em algumas situações. Pode ser interessante encontrar alternativas de “esconder” a tatuagem em eventos importantes, ou reuniões com clientes, para evitar problemas futuros com indivíduos mais conservadores.

Deixe claro para seu possível empregador, caso ele questione, que você não tem problemas em ocultar as tatuagens nessas situações. Apesar desses pequenos cuidados serem importantes, saiba identificar quando o desrespeito está passando dos limites: ninguém é obrigado a tolerar críticas ou insultos por causa de seu visual. Leve em consideração se esse é o ambiente que você quer trabalhar É bastante possível que, durante a entrevista de emprego, o seu empregador, ou funcionário do RH, faça algum comentário sobre as tatuagens, caso a empresa tenha alguma política em relação a esses cuidados.

Ciente dessas informações, faça uma reflexão individual: como vivemos em um mundo cada vez menos tolerante e que respeita a diversidade, você realmente quer trabalhar em um ambiente em que um desenho seja capaz de julgar a sua personalidade? A resposta para essa pergunta obviamente não deve ser o fator que faz você optar por um emprego ou não, porém é algo para lhe ajudar a refletir sobre as suas escolhas. A tendência é que o preconceito diminua. 


O preconceito com a presença de tatuagens na pele, apesar de ainda muito aparente nas nossas rotinas, tem uma forte tendência a diminuir nos próximos anos. Esse acontecimento se deve à chegada da geração mais jovem ao mercado de trabalho e na liderança das grandes empresas, trazendo maiores conhecimentos de diversidade e tolerância para o ambiente profissional. Além disso, esses mesmos jovens que vão ser os futuros empresários, chefes e gestores das grandes e pequenas empresas, também, muito provavelmente, terão os mais diversos tipos de tatuagens em sua pele.

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