Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) promoveu uma pesquisa para descobrir como pensam as novas gerações a respeito do procedimento
O aborto é sempre um assunto bastante polêmico. Pensando nisso, Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) realizou uma pesquisa perguntando aos jovens: “Você é a favor do aborto?”, a fim de contribuir para o esclarecimento desse tema tão delicado.
Sendo a prática proibida desde quando o Brasil ainda era uma colônia, sua criminalização é questionada por diversos grupos, justamente pelo grande aumento da procura por clínicas clandestinas ou por métodos caseiros.
Mais de uma a cada cinco mulheres, antes de completar 40 anos, já interrompeu a gravidez, segundo dados da Universidade de Brasília (UnB). Para destrinchar essa realidade, o Nube obteve, de 26 de janeiro a 6 de fevereiro, o posicionamento de 17.217 jovens com faixa etária entre 15 e 26 anos. A maioria foi contrária, somando 32,51% dos votos, equivalente a 5.723 participantes, com a seguinte opinião: “Não, são duas vidas em jogo”.
Rafaela Gonçalves, analista de treinamento do Nube, comenta essa predominância. “Por não existir o suporte adequado aos pacientes, ocasionando sequelas ou mesmo a morte tanto às mães quanto aos bebês, a repulsa por esse ato é notória”, justifica.
Em segundo lugar, 27,76% (4.886 entrevistados) alegam dúvida. “Depende, se oferecer risco para a mulher, sim”. “Nessas situações, o ato estará salvando uma vida e é inclusive reconhecido por lei, dentro das condições permitidas. Em casos de gestações resultantes de estupro ou se o feto for anencefálico, o governo também fornece gratuitamente esse procedimento pelo SUS – Sistema Único de Saúde”, ressalta a especialista. Ainda assim, 24,26% acreditam ser um crime para o bebê (4.271 pessoas).
Por fim, 15,47% (correspondente a 2.723 dos perguntados), são a favor da prática. “Sim, a interrupção da gravidez cabe somente à mulher”. Essa estatística vai de acordo com um levantamento realizado com mais de 50 mil grávidas, feito em 2014 e publicado pela revista americana “Obstetrics & Ginecology”, no qual se constatou: se feito de forma correta, atendendo às medidas de segurança e dentro das normas de saúde, o método pode apresentar poucos riscos à saúde da mulher.
Desse total, apenas 0,2% de incidências graves foram identificadas. Em contrapartida, 90% dos casos ocorridos em locais sob condições precárias de equipamentos e higiene resultam em tragédias, conforme pesquisa da Unifesp.
“Estamos em um momento de extrema mudança de comportamento. Os jovens pensam diferente, fazem suas próprias escolhas e essa resposta reforça o raciocínio. Ainda assim, não é algo para se fazer a todo momento e circunstância, mesmo em uma condição legal. O cuidado com o ato sexual vem em primeiro lugar. Tirar um filho não conserta os erros de uma relação, a mudança está na atitude: há métodos contraceptivos muito mais apropriados”, orienta a analista Rafaela.