Uma pesquisa divulgada pelo Núcleo Brasileiro de Estágios aponta que a deficiência na língua portuguesa é fator responsável por eliminar 40% de estudantes que concorrem a um estágio no país. Segundo especialistas, a linguagem popular usada na internet, com abreviações e nem sempre correta, é um dos fatores que contribuem para os erros ortográficos.
Para incentivar a escrita correta e eliminar os erros cometidos pelos jovens, uma escola de Itapetininga (SP) desconta décimos da nota final a cada erro de português nas provas e trabalhos de todas disciplinas. A professora de português Eneida Pires Cerqueira conta que, além disso, faz com que os alunos do Ensino Médio leiam pelo menos dez livros ao ano. “Foi combinado entre os professores de descontar pontos a cada erro de português, e ajuda bastante. Eles se preocupam mais, então tem funcionado e ajudado bastante”, explica.
Na sala de aula do professor Maurício Siqueira, muitos alunos que estão concluindo o Ensino Fundamental têm dificuldades com o português. É nas provas dissertativas que são mais encontrados erros. Ele conta já ter encontrado diversos casos de erros, como por exemplo: começar escrito com dois “s”, interessar com “ç”, às vezes escrito junto e com “s”, concentração com “s” no lugar de “c” e opinião com “nh”.
A aluna Beatriz Prince Guerreiro, uma das melhores da sala do professor Maurício, diz conta orgulho por se sair bem na matéria. Mas confessa que não tem facilidade, e as boas notas são resultados de muito estudo e leitura. “procuro não ficar muito vidrada em celular, notebook ou em outros tipos de aparelhos. Procuro ler bastante, prestar atenção na maneira com que falo e escrevo para não cometer erros”, revela.
Alguns alunos do Ensino Médio que se preparam para fazer vestibular e provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).O estudante Vinícius Oliveira Pontes, de 16 anos, diz reconhecer a importância do português na prova, mas assumem não gostar da matéria e diz que irá escolher cursos da área de exatas no vestibular. “Eu sempre gostei mais de química, física, porque sempre fui melhor e tive mais facilidade nessas matérias”, conta.
Mas a importância de se escrever corretamente vale para qualquer área, alerta o engenheiro civil Antônio Arantes Galvão Junior. “Para trabalhar em uma empresa de engenharia, como a nossa, é necessário o conhecimento técnico de engenharia, arquitetura e informática. Mas é essencial o português, porque desenvolvemos muitos projetos que geram relatório. E nosso cliente final irá ler esse relatório, muitas vezes ele não vê o projeto e somente lê o relatório”, ressalta.
É o caso do estudante de arquitetura Igor Mateus Santana Chaves, que se orgulha de escrever bem mesmo na área de exatas. Ele acredita que o bom texto o ajudou a conquistar uma vaga de estágio em uma empresa de construção civil. “Todo dia mando um monte de e-mail para órgãos públicos, clientes. Então tem que ter uma noção muito boa”, diz.