Rio - Pesquisa recém-anunciada revelou que estudantes perdem vagas de estágio por erros de português, segundo o Nube (Núcleo Brasileiro de Estágios). Esse terrível resultado me fez lembrar no legado político deixado pelo meu saudoso avô, o governador Leonel de Moura Brizola, que por toda a vida se dedicou à Educação como política de Estado.
A pesquisa comprovou que ele tinha razão ao implementar a escola de tempo integral com ensino púbico de qualidade, tema que priorizou em sua trajetória política. Prova disso: quando foi governador do Rio Grande do Sul, (1958 a 1962), construiu 6.302 escolas através do ambicioso projeto ‘Nenhuma criança sem escola’, cujo objetivo era varrer o analfabetismo do estado gaúcho, na época considerado o maior plano educacional da América Latina.
Se vivo fosse, o meu avô Leonel não teria o que comemorar. O estudo revelou que dentro de universo formado por 7.219 estudantes que disputavam uma vaga de estágio, 2.081 (28,8%) foram eliminados por não saberem escrever corretamente. Alunos de colégios particulares tiveram resultados melhores do que de escolas públicas.
Infelizmente, os sucessivos governos que ocuparam o poder depois dele por mesquinhez não deram continuidade ao projeto dos Cieps, o mais revolucionário programa educacional já realizado no Brasil, criado por ele como governador fluminense, junto com o professor Darcy Ribeiro. A santa trindade era formada pela colaboração do arquiteto Oscar Niemeyer, que projetou em concreto a ideia de que todas as comunidades do Rio, do subúrbio à favela, poderiam se orgulhar de uma arquitetura de primeira classe, dando a cada criança as mesmas oportunidades.
Hoje, alguns poucos Cieps resistem graças à bravura e à garra de diretoras, professores e pais de alunos. Lembro-me de sempre ouvi-lo dizer com brilhos nos olhos enquanto arqueava as grandes sobrancelhas: “Dos Cieps há de sair aqueles homens e mulheres que farão pelo povo brasileiro e pelo Brasil tudo aquilo que nós não conseguimos ou não tivemos coragem de fazer.”
Por seus ideais, tenho dedicado meu mandato como deputada na defesa da implantação da ensino integral aos moldes do Cieps. Através da aprovação em 2011 de lei estadual de minha autoria, o Rio Grande do Sul deverá prover os meios para oferecer, a partir dos 6 anos, mínimo sete horas de aula, quatro refeições, esporte e capacitação. A meta é que em 10 anos 50% das escolas sejam de tempo integral.
Se tivessem deixado Leonel Brizola realizar o seu sonho educacional, não teríamos hoje esse fracasso comprovado nessa pesquisa. Nenhum governante brasileiro priorizou tanto a Educação como ele, e por isso eu desafio o governo federal a criar um ‘Prêmio Leonel Brizola de Educação’ com o objetivo de incentivar instituições de ensino público e os alunos que apresentarem melhor desempenho escolar.
Juliana Brizola é deputada estadual pelo PDT-RS e presidenta da Comissão da Educação da Assembleia gaúcha