Conquistar uma vaga como estagiário nem sempre é fácil, porém, o mais difícil é saber o que fazer
depois para conseguir uma efetivação na empresa onde se estagiou. O Jornal dos Concursos & Empregos conversou com especialistas sobre o que é preciso fazer para obter sucesso nesta etapa da vida. Acompanhe! Mostre interesse e comprometimento Para todos os entrevistados, o interesse é ponto primordial, portanto, se interesse pelo que está fazendo e pelo que a empresa faz.
“Quando conversamos com os gestores de jovens talentos sobre quais são as características
mais procuradas em seus estagiários, ouvimos uma série de competências diferentes. No entanto,
algumas delas são recorrentes em quase todos os líderes: comprometimento e interesse”. Assim
Henrique Ohl, analista de treinamento e desenvolvimento do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube),
demonstra duas das qualidades principais de um bom estagiário.
Fernanda Montero, gerente da Cia de Talentos, também ressalta o interesse e diz que os contratados devem mostrar que estão disponíveis e atentos. “Eles têm que mostrar que querem aprender e estar ali. Isto é avaliado até mesmo antes de ingressar em uma vaga de estágio”. Ela explica que um funcionário deste nível não precisa saber muito, pois está ali exatamente para isto, mas é necessário mostrar a vontade de adquirir conhecimento. A gerente afirma que, nesta preparação, o estagiário não pode ser limitado, e sim estar aberto a outras atividades que não sejam da sua área. “Ele não precisa fazer só o que é do seu escopo. Quanto mais ele mostrar interesse, mais vão olhá-lo com ‘bons olhos’. Isto por que esta não é a etapa em que se pode cobrar conhecimentos, e sim comportamentos”. Daniela Lopes, sóciadiretora da Red, empresa de recrutamento e seleção de executivos, também destaca o interesse. “Toda empresa procura profissionais que sejam proativos, que estejam sempre interessados em aprender e que tenham bons relacionamentos interpessoais. Se o estagiário se destacar nessas áreas, será visto como potencial profissional e terá grandes chances de ser efetivado”, complementa. Henrique explica que o empenho é percebido ao longo do tempo.
“Nota- se o interesse quando o estagiário demonstra curiosidade por entender suas atribuições, propõe mudanças e demonstra curiosidade e vontade de conhecer novos desafios”, afirma. Segundo o analista, um estagiário comprometido e interessado consegue superar a maioria dos obstáculos
profissionais, sejam de desconhecimento técnico ou de dificuldade em alguma competência específica. De acordo com Daniela, mostrar resultados e entregar aquilo que lhe foi delegado são atos muito importantes. “Mostrar interesse no segmento em que a empresa atua e saber sobre a situação e informações decorrentes do mercado é importante para provar o interesse pela vaga”, completa.
A gerente Fernanda alerta que, apesar de ser necessária a vontade de saber e querer sair do seu
universo, é preciso ter cuidado para não achar que pode “abraçar o mundo”. “É preciso cumprir com
suas responsabilidades e depois se mostrar disponível a outras atividades”. Ela também explica que
conhecimentos técnicos podem ser obtidos com treinamentos, já a curiosidade é uma característica
da pessoa. Outro ponto citado por Henrique é o compromisso. “O comprometimento é percebido em
vários comportamentos. Por exemplo: quando o jovem cumpre com qualidade suas atividades
nos prazos combinados; é pontual nos horários de chegada, saída e intervalos; preocupa-se com a
conservação do ambiente de trabalho; e pauta suas mações nos valores da empresa”. O analista de treinamento ainda indica outros dois pontos importantes, ou seja, marketing pessoal e networking. “Um estagiário valorizado e elogiado por membros de outros times (clientes internos e externos), faz
uma boa ‘propaganda’ de sua equipe e costuma ser mais valorizado também por sua liderança. Todo
mundo gosta de colaboradores que trazem elogios ao trabalho”. O que se leva de um estágio? De acordo com o §2º do art. 1º da Lei do Estágio (nº 11.788/08), parte da definição desta atividade
é: “O estágio visa ao aprendizado de competências próprias da atividade profissional e à
contextualização curricular, objetivando o desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para
o trabalho”.
Henrique afirma que a prática ajuda no desenvolvimento. "A melhor maneira de desenvolver novas competências, como falar em público, trabalhar em equipe etc, é a prática”. Ele esclarece que nem sempre o contratado colocará em prática todo o conhecimento obtido e que isso não pode abater a pessoa, pois, para o mercado de trabalho, o importante é a capacidade do profissional de produzir e solucionar problemas por meio da articulação destes conhecimentos. Já para Daniela, é sempre bom aprender. “Conhecimento nunca é demais. Nada do que o estagiário aprender será em vão. Porém, a melhor forma possível de aproveitar a experiência adquirida é atuar na área em que mais se identifica. Trabalhar com o que gosta é o melhor jeito de ter uma boa produtividade, pois quem
trabalha feliz e satisfeito trabalha melhor”.
Fernanda também analisa que os ganhos são efetivos, afinal, quando se está em uma empresa, o estagiário aprende a se comunicar com diferentes públicos e a se organizar. “O estagiário adquire várias competências comportamentais que serão levadas por todo o curso de sua vida. Cada experiência traz uma maturidade diferente”, resume ela.
Quanto tempo estagiar e quando solicitar efetivação? A Lei do Estágio impossibilita o empregador
de reter por mais de dois anos um estagiário em sua empresa. Porém, para ser efetivado, é necessário concluir a faculdade. Para Henrique e Fernanda, este é um tempo adequado para aprender e se ambientar ao local de trabalho. Sendo assim, não é bom pensar em efetivação
antes disso. A gerente Fernanda afirma que antes de dois anos é muito difícil uma efetivação, pois este é um período de desenvolvimento.
Para ela, é necessário solicitar feedbacks e acompanhar a evolução para saber se está respondendo
ao que a empresa espera. O analista do Nube diz que é importantíssimo estar preparado ao aceitar
ou mesmo requerer uma efetivação, já que a próxima fase profissional não será mais de aprendizagem, e sim de resultados. “Só converse sobre efetivação quando tiver certeza de sua preparação para a próxima etapa”, pontua. Os especialistas destacam que, se não houver
a vaga disponível, não haverá efetivação, e isto não quer dizer que a pessoa não foi um bom estagiário. Portanto, é sempre bom deixar as portas abertas e aprender o que for possível, pois tudo
será útil – se não for na empresa na qual estagiou, será em outra.