Desde a época dos Baby Boomers até a Geração Y, o mundo corporativo se flexibilizou em diversos aspectos, inclusive estéticos.
A mudança ocorre naturalmente ao longo do tempo, acompanhando o pensamento de gestores e colaboradores de cada período. Atualmente, um assunto mais aceito, porém ainda polêmico, são as tatuagens. Para saber a opinião dos jovens a respeito delas, o Núcleo Brasileiro de Estágios – Nube, realizou a pesquisa “Você tem tatuagem?”, entre os dias 3 e 14 de março.
Ao todo, um número recorde de 18.678 votantes, de 15 a 26 anos, escolheu entre as opções “Sim e faria outras”, “Sim, mas me arrependi de ter feito”, “Ainda não, porém pretendo fazer”, “Não, porque eu não gosto” e “Não tenho coragem de fazer, pois ainda há muito preconceito”.
Com notável quantidade de votos, a alternativa campeã foi “Não, porque eu não gosto”, representando a parcela de 54,44% dos participantes.
De acordo com Rafaela Gonçalves, analista de Treinamento e Desenvolvimento do Nube, há pouco mais de uma década as empresas ainda eram bem resistentes à contratação de profissionais com os desenhos na pele. “Mesmo velados, sentimentos de desagrado e estranhamento eram perceptíveis”, afirma. E completa: “Ainda hoje, quem é diferente dos demais corre o risco de ser mal compreendido e tratado com preconceito, mesmo no mercado de trabalho. Por isso, muita gente evita fazer ou mostrar piercings e tatuagens”.
Em segundo e terceiro lugar ficaram, respectivamente, “Ainda não, porém pretendo fazer” (20,63%) e “Sim e faria outras (14,35%). De acordo com a especialista, essa transformação foi adotada como estilo, arte e até mesmo forma de expressão. Ela opinou: “a meu ver, detectamos um jovem talento por suas habilidades e competências. Na construção de sua carreira, preza-se pela adequação ao ambiente corporativo, mas tanto esse aspecto quanto seu potencial devem ser levados em consideração”.
Entretanto, ressalta: “é imprescindível ter bom senso. Mesmo com a mudança de paradigmas, em processos seletivos a discrição é uma ótima alternativa, pois o conteúdo deve chamar mais atenção em relação à aparência”.
Como reflexo do receio dos candidatos a vagas, a alternativa “Não tenho coragem de fazer, pois ainda há muito preconceito” (8,46%) ficou com a penúltima colocação. Segundo Rafaela, não existe uma regra para a aceitação, pois depende muito da área de atuação. “Geralmente, os setores mais formais são Financeiro, Direito, Recursos Humanos e aqueles ligados ao contato com a alta diretoria das corporações, além de negociações mais formais”, explica.
A opção com menos votos (2,11%), enfim, foi “Sim, mas me arrependi de ter feito”. A analista lembra: “deixar uma marca permanente no corpo é uma escolha muito importante e requer longa reflexão prévia”. Para ela, muitas pessoas acabam seguindo tendências.
“Quando passam, deparar-se com uma figura incompatível com o momento atual é incômodo, claro”. Todavia, uma vez feitas, dificilmente as tatuagens podem ser removidas. Para quem já as possui, satisfeitos ou não, Rafaela dá a última dica: “é recomendável evitar chamar a atenção, mas não é necessário mentir sobre elas, pois devemos ser responsáveis pelas escolhas adotadas”.