Ainda mais antenados do que a Y, jovens têm dificuldade de achar foco
“Z” de “zapping”, da troca instantânea de canal. Esse é o nome que batiza a geração nascida em meados dos anos 1990 e começo do novo milênio e que começa a entrar no mercado de trabalho.
Apesar de não existir muita literatura a respeito dessa nova geração, os “Zs” têm características parecidas com os “Ys”, avalia Eduardo Shinyashiki, especialista em desenvolvimento de competências e lideranças.
Tudo ao mesmo tempo, agora
“Essas pessoas nasceram com a internet, com o celular, não sabem o que é o mundo sem essa tecnologia. O lado positivo disso é que são muito velozes na realização de processos e são multitarefa por natureza. Em contrapartida, são muito dispersos e, por isso, tendem a desistir muito facilmente quando o desafio não é mais interessante”, explica Shinyashiki.
Carmen Alonso, gerente de treinamento do Núcleo Brasileiro de Estágio (Nube), afirma que a geração do milênio ainda está delineando seu perfil, mas são jovens que, especialmente nas classes mais altas, foram muito cedo para a escola, têm a agenda lotada, são superestimulados.
Gerações
“Se compararmos as gerações que estão no mercado, temos aqueles que nasceram no pós-guerra, que é a geração de 1945 a 1960, chamados de ‘baby boomers’, que tinham uma grande fidelidade na empresa. A geração posterior, a ‘X’, sofreu com grandes reestruturações e não é mais tão fiel à companhia. A ‘Y’, por sua vez, é fiel à si mesma, busca qualidade de vida, prazer, características que continuam na ‘Z’”, explica Carmen.
Aliado à fidelidade por si mesmo, os jovens hoje vivem em um ritmo fragmentado, devido à variedade de atividades que executam simultaneamente: ouvem música, navegam na internet e a assistem filmes, tudo ao mesmo tempo. “A Geração Z nasceu em um mundo globalizado, por isso, tem uma visão ampla do seu trabalho. Os futuros profissionais enxergarão a empresa em todos os âmbitos e terão uma noção maior do que deve ser feito para que ela cresça”, diz Shinyashiki.
Persistência
Para o consultor, vencerá quem conseguir aliar toda a capacidade multitarefa com a persistência. “Ao mesmo tempo em que há jovens que desistem facilmente quando o jogo de videogame não é mais interessante, há outros que, ao contrário, ficam mais de 10 horas tentando passar de fase e quando não conseguem, buscam quem conseguiu na internet e falam profundamente sobre o assunto.”
Uma solução para lidar com a dispersão é aprender desde cedo a meditar, exercitar o foco, a concentração. Mas não é porque uma pessoa nasceu em determinado ano que suas características e capacidade de empreender e trabalhar são as mesmas. Segundo Carmen Alonso, hoje, as gerações são mais agrupadas por determinados comportamentos do que pela idade. “É possível encontrar uma pessoa de 50 anos que seja super antenada na internet, saiba tudo de redes sociais e tenha elementos de um ‘Y’ e vice-versa.”
Para Shinyashiki, a cultura em que os profissionais estão inseridos, as condições econômicas e sociais das famílias também são influências fortes em seu comportamento no mundo do trabalho.