Rio - Serão oferecidas mais de sete mil vagas só para mulheres até o fim do ano em agências recrutadoras do Município do Rio. Dados de empresas como Boa Gente RH e Ello Seleção mostram que vão surgir oportunidades em diversos setores a candidatas das gerações X (nascidas entre 1960 e meados de 1980); Y (entre 1984 e primeira metade de 1995); e Z (segunda metade de 1995 em diante).
Os termos dados a cada geração foram atribuídos por especialistas para definir a característica das faixas etárias. E no que se trata de mercado de trabalho, percebe-se que o público feminino das gerações X, Y e Z estão ativas.
A subgerente de vendas Renata Goulart, 38 anos, da geração X, pode afirmar isso. Se formou em Gastronomia mais tarde que o comum, com 34 anos, por ter que cuidar da filha e do casamento. Trabalhou na área, mas não aguentou o ritmo e preferiu apostar no trabalho com vendas. Em 2013, quer começar a faculdade de Administração.
“Tem que correr com qualificação, porque está vindo uma galera bem dinâmica e que está fazendo sucesso no mercado. Eles têm intercâmbio, idiomas, pós-graduação e muito engajados”, constata.
Quem pertence à geração destacada por Renata (Y) é Celine Blotta, de 29 anos. Ela se formou em História, mas investiu em Administração como carreira. Até planeja seguir com mestrado e doutorado nos próximos anos para consolidar o cargo Técnica de Administração e Controle que ocupa na Petrobras.
Segundo Celine, essa pressa profissional é comum para geração Y. “Somos apressados, afoitos e tão ágeis quanto um computador”, brinca. “É uma faixa marcada pelo dinamismo em tarefas”.
A estudante Yolanda Destri, 17, da geração Z, é a confirmação da agilidade: “Não vejo a hora de começar a faculdade de Engenharia Química, estagiar e construir carreira”.
Mulheres, geração e o mercado
O MERCADO ONTEM E HOJE
De acordo com a diretora-executiva da Rio’s Recursos Humanos, Denise Retamal, não vai muito longe o tempo em que a presença da mulher no mercado de trabalho era praticamente uma exceção. “Elas eram vistas com receio e até mesmo com desconfiança por parte de todos, porque era comum duvidar da honestidade das mulheres que trabalhavam fora”, destaca.
A especialista ainda observa que em quase todas as fichas cadastrais das mulheres quando tentavam oportunidades de trabalho, no quesito ‘Profissão’ via-se sempre a especificação ‘Do Lar’. Hoje, é outra história: “Elas possuem as mais diversas carreiras e ocupam diversas posições no mercado. São médicas, operárias, professoras, policiais, motoristas de ônibus, executivas”.
O PERFIL DE CADA GERAÇÃO
Denise Retamal define o perfil profissional de mulheres das três gerações. Para ela, existem características para cada uma. “Mulheres da geração X são firmes e maduras em suas decisões. Experiências passadas por elas servem de exemplo para decisões e atitudes futuras. Além disso, preferem qualidade à quantidade”, observa a diretora-executiva da Rio’s.
Segundo ela, mulheres da geração Y buscam pela inserção em uma ‘tribo’, com seus valores e padrões de comportamento próprios do grupo. “É importante destacar que são multitarefa, pois gostam de fazer tudo simultaneamente”. Para Denise, jovens dessa faixa também pesquisam informações e buscam inovações.
Ao definir a geração Z, a especialista é objetiva: “Nasceram conectadas e, por isso, preferem o mundo virtual ao real. Pessoas dessa faixa demonstram uma forte responsabilidade social e preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade”.
SUCESSO: OS JOVENS QUEREM LOGO
Um levantamento feito pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) mostra que o dinamismo e imediatismo do jovem brasileiro também têm reflexos quando o assunto é realização profissional. A pesquisa com mais de 10 mil participantes revela que 64% dos entrevistados pretendem chegar ao topo da carreira antes de completar 30 anos. Quase metade espera que isso aconteça entre 25 e 30 anos e 16% deles são mais ambiciosos: antes dos 25 anos de idade.
ESTUDOS E FORÇA DE VONTADE
Qualificação não vai faltar para quem quer conquistar bom lugar no mercado. A Fatec abriu 80 mil vagas para cursos profissionalizantes gratuitos. As inscrições vão até 2 de julho e podem ser feitas em www.Fatec.rj.giv.br. Segundo a professora Márcia Pimentel, da Diretoria de Formação Inicial e Continuada da Fatec, essa é a chance para o público feminino de todas as idades deslancharem nos estudos e apostarem no futuro.
“A visibilidade da mulher nos distintos segmentos do mercado de trabalho no século XXI torna-se fundamental, pelo fato de que antes determinadas ocupações eram de exclusividade dos homens”, afirma. Para Márcia, a educação profissional deve apontar todos os possíveis caminhos que uma pessoa pode seguir. “O futuro só depende do empenho de cada uma”.
Essa é a mesma dica de Raphael Prado, supervisor da área de recrutamento do Boa Gente RH. “Não tem outro caminho e direção além de estudar bastante. E que seja para sempre. Se não tiver condições de ingressar numa faculdade, vale fazer cursos técnicos, pois grandes empresas já recrutam formandos de instituições técnicas”, orienta.
Internet é opção para buscar vagas
Candidatas também recorrem à Internet para pesquisar trabalho e, naquele espaço, encontram endereços como o Vagas (www.vagas.com.br). No site, é possível fazer cadastro de currículo e receber notificações de chances de acordo com o perfil profissional.
Segundo levantamento do Vagas, o público feminino está sempre ativo na pesquisa por emprego: são 2.801.102 de mulheres cadastradas. Desse total, as gerações também podem ser destacadas.
No site, existem quase 39 mil mulheres acima de 52 anos. Já para o público feminino entre 50 e 30 anos, é o recordista entre as gerações. São 1.557.704 cadastradas no banco de currículos. Mulheres entre 29 e 18 anos também estão em quantidade expressiva: 1.185.879.
Ao contrário do que muitos especialistas dizem, nascidas depois de 1994 — ou seja, com menos de 18 anos — ainda não estão envolvidas pela pesquisa por trabalho na Internet. Elas ocupam a menor fatia de cadastro: 18.609.
Na avaliação de Luís Testa, gerente de marketing do Vagas, esses números refletem a mudança da sociedade, “onde o papel da mulher nas famílias brasileiras também considera a participação no mercado de trabalho e intensifica sua presença nesse cenário”.