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Os jovens vivem, hoje, num mundo de respostas rápidas, em que todas as informações são acessíveis em um clique. A agilidade e o imediatismo a que estão acostumados podem se refletir nos objetivos profissionais. Eles buscam ter satisfação no emprego mais cedo e progredir velozmente, para alcançar a estabilidade o quanto antes. Pesquisa promovida pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) entre 16 e 27 de abril apontou que, para quase 47% dos jovens brasileiros, o ideal seria chegar ao topo da carreira até os 30 anos.

Marcos Resende é graduado em matemática pela Universidade de Brasília (UnB), tem mestrado em álgebra, vai terminar a licenciatura em física neste ano e é gerente no Banco do Brasil. Quem vê a lista extensa de titulações nem imagina que ele tem apenas 25 anos. E, mesmo assim, quer mais: “Trabalhar em banco é bom, mas não me vejo aqui no futuro. Quero trabalhar em uma empresa de finanças, que é a área de que gosto”.

Desde 2009, quando passou no concurso para o cargo de escriturário do Banco do Brasil, Marcos foi promovido duas vezes: primeiro para assistente de gerente de compras, depois para gerente de relacionamento. Nesses três anos, o salário praticamente triplicou. Ao começar a trabalhar, Marcos financiou a própria quitinete na Asa Norte e saiu da casa dos pais. “A prestação consome 30% do meu salário, não sobra tanto no fim do mês”, relata. Mesmo assim, ele sempre reserva um pouco de dinheiro para viajar nas férias com amigos ou para fazer cursos de língua. “Já viajei para 10 países. Nas próximas férias, vou fazer um tour pela China e pela Tailândia.”

No caso de Marcos, a ascensão rápida não atrapalhou o desenvolvimento profissional. Ele conseguiu ficar na mesma empresa desde o início da carreira e aproveitou a oportunidade de ter um rendimento fixo para investir na qualificação, um dos pontos citados por especialistas como primordial. Esse equilíbrio é importante para garantir que a pressa para chegar ao topo da carreira não atrapalhe o desenvolvimento profissional.

A pesquisa contou com a participação de 10,6 mil internautas e mostrou também que 29% deles aguardariam até os 40 anos para alcançar um cargo alto na empresa. Cerca de 16% querem ter o mesmo sucesso na carreira até os 25 anos. “Os jovens que estão ingressando no mercado são muito ansiosos”, afirma a analista de treinamento do Nube, Aline Araújo. De acordo com a especialista, na busca por alcançar ascensão rápida dentro da empresa, alguns jovens acabam se cansando das atividades que exercem e não esperam o tempo necessário para crescer. Muitos deles ficam apenas um ano em cada organização. “É uma característica da geração Y (aqueles que nasceram na década de 1980). Antigamente, as pessoas costumavam fazer carreira nas empresas, se aposentar lá”, diz ela.

O choque entre duas gerações tão diferentes contribui para que as expectativas dos que estão entrando no mercado agora não sejam atendidas da maneira como eles desejam. Aline relata que esses jovens são mais dinâmicos e querem, inclusive, realizar tarefas para as quais ainda não estão habilitados, o que pode prejudicar o desempenho. Há resistência com relação ao feedback, e alguns desistem do emprego logo que recebem o primeiro retorno negativo do gestor. A especialista orienta que é preciso aproveitar a energia e o dinamismo do início da carreira para se capacitar para o trabalho. Tentar transformar as críticas negativas em aprendizado, cumprir prazos e mostrar disciplina no desenvolvimento das tarefas são algumas dicas relevantes. “Essa energia é muito positiva, mas tem de estar atrelada à paciência e ao investimento pessoal e profissional”, completa Aline.

O professor da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas (FGV) Pedro Zanni concorda que a vontade dos jovens de chegar ao topo da carreira é saudável, mas pode ser frustrada se não houver cautela. “Há a hora de plantar e a hora de colher. Se o jovem não souber separar essas duas fases, pode perder a oportunidade de construir uma carreira sólida”, constata. Uma maneira de equilibrar o desejo de ascensão rápida com o bom desempenho no trabalho, de acordo com o especialista, é buscar orientação com pessoas próximas que tenham mais experiência profissional. Pode ser um parente ou o próprio gestor, contanto que inspire confiança ao jovem.


10,6 mil
Número de participantes da pesquisa promovida pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube)

Palavra de especialista
“O jovem que sai da universidade no Brasil hoje quer buscar um retorno para o investimento que fez, como salário e prêmios por atingir objetivos financeiros da empresa. Na inteligência competitiva, entende-se que a multiplicação de universidades corporativas seria o ideal para trabalhar todas essas questões. Estudiosos da ciência da informação são categóricos: os novos indutores da competitividade estão intimamente ligados aos estágios de criação, compartilhamento, disseminação e utilização efetiva do estoque global de conhecimento. Quanto mais conhecimento é injetado na equipe de colaboradores, mais e melhor eles irão produzir. Serão conscientes e comprometidos com a produção e o resultado que realizarão para a empresa.”

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