Levantamento do Núcleo Brasileiro de Estágios revelou que eles se assustam com todas as fases na busca por emprego Tisa Moraes Ingressar no mercado de trabalho não é tarefa fácil. Com pouca ou nenhuma experiência no mundo corporativo, os jovens costumam sofrer com o "fantasma" dos processos seletivos em busca de uma vaga de emprego. Como resultado de tanta ansiedade, acabam perdendo horas de sono e, muitas vezes, boas oportunidades profissionais.
Um levantamento recente elaborado pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) com 6.605 candidatos revelou que eles temem, praticamente com igual intensidade, todas as etapas do recrutamento. A maior dificuldade, entretanto, refere-se à dinâmica de grupo (27,1%), seguida pela entrevista (26,19%), redação (26%) e testes de inglês, português e psicológicos (20,71%).
A estudante bauruense Ana Gabrielli Alves Vicente, 22 anos, concorda que as popularizadas dinâmicas são o verdadeiro "terror" de todo novato que tenta uma vaga de trabalho. "Ficam todos os candidatos te olhando e a gente nunca sabe qual a melhor forma de agir. E dá um certo desânimo porque, vendo o desempenho dos demais, a gente sempre acha que eles são melhores do que a gente", diz ela, que já possui três contratações no currículo e quatro anos de experiência no ramo de seguros. Com desejo de mudar de área, ela participou novamente de três seleções e, agora, aguarda resposta das empresas.
Roupas
Mas, de acordo com Simone Estruque Nicolau, supervisora do Centro de Integração Empresa Escola (Ciee) de Bauru, não é apenas no desempenho durante as dinâmicas de grupo que os jovens pecam. Os erros começam desde o modo de se vestir, se portar e se expressar diante do possível empregador.
Roupas muito despojadas ou justas, decotes, piercings, unhas com cores espalhafatosas, excesso de acessórios, maquiagem exagerada, penteados muito chamativos e chicletes estão proibidos. O melhor é adotar uma aparência neutra, limpa e discreta, orienta. Segundo ela, o candidato precisa também estar atento à postura e evitar respostas óbvias, como dizer que seu maior defeito é ser perfeccionista.
"É preciso evitar clichês. Ele pode até dar esta resposta, mas precisa explicar em quais pontos essa característica o atrapalha. Ocorre que, devido ao nervosismo, muitos acabam se tornando monossilábicos, o que acaba com qualquer chance de contratação", argumenta a supervisora do Ciee, que encaminha cerca de 300 jovens por mês ao mercado de trabalho em Bauru. Além de fugir de respostas curtas ou longas demais, os candidatos devem abolir o uso de gírias.
Diferencial
As expressões informais, aliás, são a maior preocupação do estudante Thiago Luan Tenório da Silva, 16 anos, que está em busca do primeiro emprego. "Tenho medo de fazerem uma pergunta que eu não saiba responder direito e acabar me enrolando na hora de falar", comenta ele, que aguarda ser chamado para entrevistas depois de enviar currículos para algumas empresas.
Thiago diz ser "craque" em gramática e redação, quesitos que ainda eliminam uma grande quantidade de candidatos, segundo Simone. "Um conhecimento que era para ser básico acabou se tornando um diferencial entre os jovens que, em sua maioria, não conseguem interpretar texto ou redigir um texto simples. Para melhorar, os candidatos precisam ler mais", observa.
Atraso
Chegar com atraso para a entrevista e falar mal de ex-chefe ou da empresa anterior também estão proibidos. Uma boa dica é procurar, por meio de pesquisas na Internet, detalhes sobre a empresa em que pretende trabalhar e sobre os requisitos exigidos para ocupar o cargo pleiteado.
Mas, acima de tudo, conforme ensina Ana Gabrielli, é preciso agir com honestidade, já que qualquer tentativa de enganar o empregador, bem mais experiente no ramo, pode ser facilmente desmascarada.
"É importante falar sobre suas qualidades, mas dizer apenas o que for verdade. Não adianta ficar fazendo uma autopromoção sem limites. A pessoa pode até conseguir enganar o entrevistador e ser encaminhada para uma vaga, mas, com o perfil inadequado, certamente não será bem sucedida na empresa", analisa.