O português é um dos itens mais avaliados no momento das seleções e entrevistas. No entanto, mesmo estando entre os principais fatores eliminatórios, parece não ser levado muito a sério por parte dos estudantes. Em uma pesquisa realizada pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), sobre erros de ortografia, o resultado foi impressionante e revelou uma dura realidade. Os erros de ortografia reprovam 42,6% dos candidatos na busca por uma vaga de estágio.
Um estudo feito entre 1 de janeiro e 31 de agosto com 10 mil candidatos a vagas de estágio solicitou um ditado de 30 palavras. Dentre as palavras avaliadas estavam: desajeitado, autorizar, exceção, seiscentos e anexo. O objetivo era selecionar os melhores e permitia até seis erros. A grande surpresa foi o fato dos estudantes dos cursos de exatas terem tido resultado superior aos de humanas.
Os engenheiros obtiveram a melhor avaliação e 87,5% conseguiram passar nos testes. Na outra ponta, estão os alunos de Comunicação, onde 65,3% foram reprovados. Para a coordenadora de recrutamento e seleção do Nube, Natália Caroline Varga, o resultado foi surpreendente. "Isso nos mostra um pouco como está o mercado: temos muitos candidatos, mas poucos qualificados para algumas áreas", explica.
Universitários de Pedagogia também deixaram a desejar e 68,7% foram desclassificados. "Ficamos apreensivos nas contratações, pois muitos desses jovens estão perto de se formar", afirma Natália. No entanto, o baixo índice não fica apenas com quem já está na faculdade. "Os candidatos de ensino médio apresentam uma porcentagem pequena de aprovação. Somente 40,4% passam para as próximas fases. Não é de se estranhar chegarem ao ensino superior com essa defasagem", comenta a coordenadora.
Segundo os recrutadores do Nube, a situação fica ainda pior quando vem o momento de redigir uma redação. Afinal, além dos deslizes ortográficos, é muito comum ver erros de concordância e dificuldade na interpretação de textos. "A maioria fica preocupada com o conhecimento em idiomas ou outros cursos e acabam não dando atenção ao principal, a própria língua", assegura Natália.
Treino
Neste cenário, alguns cuidados devem ser levados em conta, com o intuito de melhorar o repertório nas provas. "Treinar a escrita faz toda a diferença e isso é possível com a prática de redações e pequenos textos. A leitura também é fundamental. Quem não tem o hábito de ler, pode-se começar com jornais, revistas ou livros de seu interesse, como, por exemplo, gibis", ensina Natália. Ela recomenda, ainda, se inteirar sobre as regras e alterações da reforma ortográfica, pois no início de 2012 valerão para todos e as empresas começarão a exigir.