Analistas de recursos humanos apontam o estágio como facilitador na inserção profissional.
Conseguir o primeiro emprego normalmente é uma tarefa difícil para os jovens em início de carreira. Qual deles não se depara com aquela fatídica pergunta ao passar por um processo seletivo: Você tem alguma experiência? Analistas de Recursos Humanos (RH) de diversas empresas apontam o estágio como um dos caminhos para facilitar a inserção profissional. De acordo com pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Estágios (Abres), hoje há cerca de 1 milhão de pessoas estagiando, sendo 740 mil para o ensino superior e 260 mil para o ensino médio.
O maior número de ofertas é para estudantes de administração de empresas, comunicação social e informática. No entanto, faltam estagiários de engenharia, estatística, matemática, biblioteconomia, economia, secretariado-executivo e ciências contábeis. Nesse caso, as empresas oferecem para esses jovens talentos as bolsas-auxílio mais altas.
“Nós sempre aconselhamos o jovem a buscar uma vaga já no primeiro ano de curso, dessa forma, é possível construir uma carreira profissional de sucesso desde cedo”, afirma o presidente da Abres, Seme Arone Junior.
O Núcleo Brasileiro de Estágios - Nube realizou a pesquisa “Valores pagos aos estagiários do Brasil” na qual revela a média de bolsa-auxílio paga por empresas de pequeno, médio e grande porte em 2010. A média, considerando todos os níveis, é de R$ 683,33 registrando uma queda de 3,2% em relação ao ano passado.
“Os motivos são a queda no valor pago aos alunos do nível médio e a redução da jornada diária dos estagiários de 8 horas para 6 horas”, explica Carlos Henrique Mencaci, presidente do Nube.Os estudantes de nível superior recebem média de R$ 765,25 caindo 5,03% de 2009 para 2010. Considerando os cursos, engenharia segue pelo terceiro ano consecutivo como o primeiro do ranking, com remuneração maior, pagando R$ 1.022,30. Em segundo lugar está relações internacionais com R$ 1.008,38. Em terceiro vem economia, com R$ 999,27.
Carmen Alonso, gerente de treinamento do Nube informa que anualmente ingressam no ensino superior 1,5 milhão e se formam 800 mil, o que equivale a 53,3 % do total de alunos. “Quase metade deles não conclui ou abandona o curso, na sua maioria por falta de condições financeiras. Esses números provam a importância do estágio, pois contribui para auxiliar o futuro profissional a custear seu curso e, principalmente, é a porta de entrada para uma nova carreira, já que ele aplica, na prática, o conteúdo aprendido em sala de aula”, avalia.
A especialista do Nube aponta cinco fatores importantes para se buscar um estágio. “Em primeiro lugar o jovem pode avaliar melhor a escolha do curso. Além disso, é uma chance de ele ter conhecimento técnico que normalmente não se consegue na escola. Depois contribui para adquirir competências comportamentais como trabalho em equipe, gestão do tempo e liderança. O estagiário tem ainda a oportunidade de desenvolver sua própria rede de relacionamentos visando uma nova colocação no futuro. Por último é a aquisição experiência”.
Experiência auxilia na faculdade
l Fernando Lujan, de 29 anos, formado em Ciência da Computação pela PUC/SP, é um exemplo de como um estágio pode render uma boa oportunidade profissional. De estagiário da Nube, em dois anos, a sócio do dono da empresa em uma firma de prestação de serviços de telefonia em menos de cinco anos.
“Quando comecei a estagiar estava no sexto período de faculdade, aos 22 anos. Durante o estágio percebia que a empresa gastava muito dinheiro com conta de telefone fazendo recrutamento. Criei então um programa que identificava, de forma rápida, os custos de ligação mais baratos. O dono da Nube gostou tanto da ideia que criou uma empresa de prestação deste serviço e me chamou para ser sócio”, disse o mais novo empresário.
Aluno do quinto período de Análise de Sistema do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), Lucas Garcia dos Santos, de 20 anos, está há 1 ano e meio estagiando na Total IP, que presta serviço da área de informática.
“Comecei no setor de suporte e hoje já passei para a área de desenvolvimento de programas. O estágio nos dá um conhecimento técnico que o mundo acadêmico não oferece. Inclusive o meu aprendizado por aqui tem me ajudado muito nas provas da faculdade”, relata.
Feiras cadastram para várias empresas
Pelo terceiro ano consecutivo, as unidades do Centro Universitário Carioca (UniCarioca) que ficam no Rio Comprido, Méier, Jacarepaguá, Bento Ribeiro e Centro do Rio vão realizar, de segunda a sexta-feira dia 13 a UniCarreira 2011. Feira dedicada a universitários e recém-formados que buscam oportunidades no mercado de trabalho. Cerca de mil vagas de empregos e estágios serão oferecidas num evento com a participação de instituições e empresas como L’Óreal, Rede D´or, CIEE, Fundação Mudes, Azimut, Alog, Microlins, entre outras, que vão atualizar seus bancos de dados e recrutar universitários para as vagas de estágios e empregos.
Para essa edição, estão previstas palestras e debates sobre Gestão de Carreira, Gestão de Projetos, Gestão Ambiental, Comunicação, Informática, Administração, Carreira Pública, dentre outras atividades. Todas as atrações terão entrada franca.
“O intuito da feira é proporcionar um intercâmbio entre as diversas instituições de ensino superior, oferecendo a esses jovens oportunidades de mercado que os ajudem a trilhar um futuro profissional promissor. Fala-se tanto em apagão da mão de obra, mas na UniCarreira 2011 vamos mostrar quais são as ofertas mais quentes e o que o aluno deve fazer para aproveitar essas chances”, ressalta Celso Niskier, professor e reitor da UniCarioca.
No ano passado, a feira de oportunidades contou com 5 mil visitantes e os organizadores estimam que este ano 8 mil pessoas participarão do evento estudantil. Na edição passada, as empresas ofereceram 800 vagas de empregos e estágio e a expectativa é que esse número aumente para mil oportunidades este ano.Os estudantes poderão participar ainda de várias palestras e oficinas gratuitas que acontecerão simultaneamente nos campi Rio Comprido, Méier, Jacarepaguá, Bento Ribeiro, Centro do Rio. A programação completa pode ser conferida no site www.unicarioca.edu.br.
Uerj – Já nos dias 24, 25 e 26 deste mês acontece na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) a VII Mostra de Estágios Uerj 2011. Destinado a universitários em geral e aos estudantes de nível médio, em especial os de cursos técnicos, o evento levará discussões sobre o mundo do trabalho, frente a novos cenários econômicos e sociais que refletem, diretamente, nas escolhas de carreiras desses estudantes.
“Esta mostra de estágios consiste em uma oportunidade, muito especial, onde 26 empresas, parceiras da Uerj, se apresentam em stands oferecendo estágios e contratos de trainee. O evento se destina a aproximar o mundo do trabalho aos estudantes, na medida em que entendemos que o estágio é uma possibilidade fundamental para a inserção dos alunos junto ao mercado de trabalho, contribuindo, sobremaneira, para sua formação profissional”, avalia Tania Carvalho Netto, diretora do departamento de estágios e bolsas da Uerj.
Nova legislação contribui para melhorias
A assessora técnica do setor de recrutamento da Fundação Mudes, Suely Conceição, relata que a Lei 11788/2008 tem contribuído muito para a melhoria do setor. Entre as principais mudanças estão a redução da carga horária diária de oito para seis horas, o prazo máximo de dois anos de contrato de estágio por empresa, a obrigatoriedade da bolsa-auxílio e vale-transporte, o recesso remunerado de 30 dias após um ano de estágio e seguro contra acidentes pessoais.
“A nova lei organizou a relação estagiário/empresa. Antes a lei permitia que o estagiário trabalhasse 40 horas semanais/oito horas por dia. Isso atrapalhava os estudos. Hoje são 30 horas, o que corresponde a seis horas trabalhadas. É preciso entender que o estagiário não é um funcionário comum e sim um estudante que precisa agregar conhecimento profissional”, comenta Suely Conceição.
Ainda sobre a nova lei, Carmen Alonso destaca uma maior segurança jurídica para ambos os lados. “A empresa fica mais à vontade para contratar, baseada numa legislação mais definida, e ao jovem proporciona diretos e benefícios. Hoje o empregador é obrigado a enviar relatórios para as escolas mostrando em que o estágio está agregando conhecimento para o aluno”.