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Pesquisas apontam que empresas que têm valores sustentáveis ainda estão na mira dos jovens profissionais Recém-formado em Jornalismo, Rafael Onori, 26, enxergou no Greenpeace a possibilidade de aliar sua área profissional com os valores de sustentabilidade e responsabilidade social que ele aprendeu com a família desde cedo. Há quatro meses trabalhando em uma das maiores ONGs de preservação do meio ambiente do mundo, o jovem profissional só viu ganhos em sua escolha. “A ONG está dentro do que ela se propõe e dentro do que eu acredito. Não conseguiria trabalhar com algo do qual eu não acredito”, afirma.Ele e tantos outros jovens fazem suas escolhas profissionais tendo a sustentabilidade como um dos principais fatores. Tema já bastante apurado pelos meios de comunicação, a sustentabilidade ganhou notoriedade nos anos 2000, principalmente por conta dos questionamentos acerca das consequências do aquecimento global para o mundo. A partir daí, grandes empresas lançaram novas políticas ligadas à preservação do meio ambiente. E com elas ampliaram sua participação no mercado.Diante dessas possibilidades, aliadas às fortes convicções da Geração Y – nascida entre as décadas de 80 e 90 – as empresas com ações voltadas para o bem do planeta começaram a ser almejadas por jovens profissionais que enxergam nessas políticas não apenas ações de marketing, mas ações efetivas de mudança. E eles querem fazer parte disso. Tanto que as empresas que têm a sustentabilidade como um valor saem na frente na preferência dos estudantes.Enquete realizada pelo CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) com mais de 20 mil estudantes mostra que na hora de buscar uma oportunidade de trabalho, 77% deles dão preferência a empresas que dão importância à sustentabilidade. O resultado, na avaliação da assistente de Desenvolvimento Estudantil e Profissional do CIEE, Danielle Bueno, não surpreende. No entanto, ela enfatiza que esse fator não é determinante na busca por vagas. “Para eles, na verdade, a sustentabilidade é um critério a mais”, afirma.Do total de estudantes que participaram da enquete, 5% afirmaram que não levam esse fator em consideração na hora de buscar uma oportunidade no mercado e outros 17% se disseram indiferentes ao tema. Para Danielle, essa indiferença está ligada à falta de informação sobre o tema. “Não houve uma abordagem desse assunto muito assídua no último ano. Na verdade, houve um esquecimento. Por isso, esse percentual tão alto de indiferentes”, explica a especialista. “Contudo, essa situação está mudando e a preocupação com o tema está crescendo gradualmente”, considera.Escolhas e informaçãoOnori trabalha como intermediador entre o Greenpeace e as pessoas, passando informações para quem está interessado e buscando adesões para uma maior captação de recursos para a ONG. E a falta de informação foi um dos pontos que mais assustou o jovem profissional. “Uma vez, fomos fazer um evento em um shopping da periferia de São Paulo e ao explicar as ações para preservação dos oceanos, uma mulher nos questionou porque ela devia se preocupar com o mar se ela vivia na terra”, conta.Atuar em uma empresa que alia sua área de formação com os valores que Onori aprendeu com os pais, contudo, faz ele superar os sustos que têm com tamanha falta de educação ambiental das pessoas. “Aprendi em casa coisas simples como plantar árvores, não demorar muito tempo no chuveiro, a utilizar menos plástico e reciclar lixo. E trabalhar com isso é recompensador”, afirma.Para Onori, na hora de escolher a empresa onde iria trabalhar, os valores de sustentabilidade superaram a remuneração e os benefícios. Enquete realizada pelo Nube (Núcleo Brasileiro de Estágios) mostra que ele não é o único. Perguntados qual tipo de empresa escolheriam para estagiar, 40% dos quase 6 mil estudantes disseram que optariam por aquelas preocupadas com a preservação do meio ambiente, 24% escolheriam aquelas que apoiam ações em defesa da criança e 18% disseram que eles optariam por empresas que apoiam projetos sociais a grupos em situação de risco. A opção “sem essas políticas, mas onde o funcionário é bem remunerado” recebeu 18,8% das respostas.Apesar de importante, o requisito, na avaliação da gerente de Treinamento do núcleo, Carmen Alonso, mais uma vez não é prioritário. “É um conjunto de fatores que leva ele [estudante] a fazer essa escolha. Ele vai buscar o diferencial. Não é a sustentabilidade que vai fazer ele optar por uma ou outra empresa. Não é o único fator”, afirma. Diferentemente do que ocorreu com Onori, Carmen não acredita que a remuneração fique em segundo plano entre os estudantes. “O que leva eles a escolherem uma empresa e não outra é sim a perspectiva de crescimento, a facilidade de acesso e o valor da bolsa-auxílio”, explica.ExperiênciasE por que a sustentabilidade é importante para os jovens profissionais? “Eles querem fazer algo maior e admiram empresas que transformam seus funcionários em agentes multiplicadores de práticas sustentáveis”, explica a diretora da Cia de Talentos, Carla Esteves. Ela concorda que os valores sustentáveis de uma empresa não são determinantes para a escolha dos estudantes. “Dentro de um conjunto de fatores, eles priorizarão o ambiente agradável, a qualidade de vida, o crescimento profissional e a boa imagem dessa empresa no mercado”, afirma.Contudo, Carla explica que a questão ambiental é a que está mais ligada a uma boa imagem da empresa. E ela ainda ressalta que se pudessem escolher, os jovens profissionais colocam sim o critério sustentabilidade como determinante. “A Geração Y, principalmente, está preocupada com o amanhã e quer trabalhar com empresas que tenham os mesmos valores que ela tem”, ressalta Carla.“Os jovens estão cada vez mais atentos a isso, e não apenas a questões diretamente ligadas ao meio ambiente, mais ao que eles podem tirar dessas questões”, ressalta Carmen, do Nube. Fazer a diferença e contribuir para um planeta melhor foram os motivos que levaram Onori ao trabalho que faz hoje. Mas o jovem profissional está tirando da experiência que tem lições que ultrapassam as práticas ambientalmente corretas. “Das lições que eu tiro do meu trabalho, acho que a principal é aprender que não se deve mesmo subestimar as pessoas”, afirma.

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