Nova lei, que obriga férias e transporte, é considerada redutora de ofertas
Minas Gerais tem 25,7 mil vagas de estágio até o fim de março, informa a Associação Brasileira de Estágios (Abres). Dessas, 18,9 mil são para o ensino superior e 6.800 para o ensino médio regular e técnico. Em relação ao mesmo período de 2010, a Abres registra aumento de 17% de novas vagas em Minas - no ano passado, a oferta para o primeiro trimestre foi de 22 mil.
Segundo o Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), a estimativa é que Belo Horizonte e a região metropolitana concentrem aproximadamente 80% da oferta, o equivalente a cerca de 20,5 mil cargos. As vagas de administração representam 42% do total de oportunidades. Na sequência, estão as áreas de comunicação, ciência da computação, direito e engenharia.
"Os dados refletem a retomada da economia, mas o número de oportunidades é menor que no mesmo período de 2008, anterior à crise mundial. Ainda é uma oferta muito tímida para um total de 521 mil universitários do Estado", analisa o presidente da Abres, Seme Arone Junior.
O superintendente adjunto e fundador do Centro de Integração Empresa-Escola de Minas Gerais (CIEE-MG), Sebastião Colomarte, diz que a nova Lei do Estágio, de 2008, ajudou a brecar um pouco o crescimento nos anos anteriores. "As empresas não entenderam muito bem questões como o recesso remunerado e o auxílio-transporte. Mas isso foi só um período. Como podemos ver, o mercado para estagiários, hoje, já está se recuperando", observa.
Segundo o MEC/Inep, 90% dos jovens que fazem estágio dependem de alguma forma da bolsa-auxílio, seja para pagar a mensalidade da faculdade ou para alimentação e moradia. A média da remuneração em Minas para 2011 é de R$ 550, mas algumas áreas oferecem mais. "No nível superior, o estagiário de engenharia é o mais bem remunerado, na faixa de R$ 1.022 por mês", diz o superintendente do Nube, Alberto Cavalheiro. Em alguns casos, o salário de ciência da computação também é bastante elevado. Estudantes do último período chegam a receber R$ 2.500.
No Brasil, a evolução foi de 175 mil vagas em 2010 para 210 mil em 2011, um crescimento de 20%. Mas a procura é bem maior que a oferta. Segundo a Agência Brasileira de Estágios (Abre), a previsão é de 3,75 milhões de candidatos no Brasil, sendo que apenas 1 milhão serão encaminhados para entrevista. "Desse total, a estimativa é que apenas 250 mil terão possibilidade efetiva de contratação, mas só 150 mil serão contratados. Em níveis gerais, a média é de 15 candidatos por vaga", antevê o diretor da Abre, Fernando Luiz Braga Van Linschoten. A agência projeta que 70% das contratações sejam do ensino superior, 20% do ensino médio e 10% dos cursos técnicos.
Para Alberto Cavalheiro, do Nube, a concorrência é ainda mais acirrada. "Empresas com processo de seleção criterioso têm relação de aproximadamente 20 candidatos por vaga.
Experiência permite visualizar futura profissão
Há um ano, a estudante universitária Ísis Medeiros, 21, faz estágio de cinco horas, três vezes por semana, em um escritório de arquitetura e urbanismo no Buritis, região Centro-Oeste de Belo Horizonte. Ela cursa o quinto período de design de ambientes na Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), mas quem a vê a sua mesa de trabalho imagina que ela é já uma profissional. "Ajudo a fazer os projetos de interiores e de paisagismo, além de entrar em contato com fornecedores e clientes", conta.
Recentemente, Ísis participou do projeto urbanístico da avenida D. Pedro I, na região da Pampulha. "A maior vantagem do estágio é ver de perto como será a minha vida no futuro. Estou tentando aprender o máximo para aplicar no meu próprio negócio", planeja. (FT)
Empresas sentem falta de mais qualificação
O superintendente do Núcleo Brasileiro de Estários (Nube), Alberto Cavalheiro, acredita que falta qualificação aos candidatos a estágio. "Para estar apto a disputar uma vaga, os estudantes precisam aprimorar seu conhecimento, especialmente no uso da linguagem, matemática e informática aplicada ao trabalho", aponta.
O aluno deve ainda procurar se inteirar do que está acontecendo no mercado da profissão escolhida e conhecer mais a empresa.
Em alguns casos, o aluno também conta com o apoio da faculdade para estagiar. O Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH), por exemplo, tem um departamento específico para essa demanda, com média de 3.000 empresas conveniadas. "As empresas cadastram as oportunidades no nosso sistema e recebem o currículo dos universitários com o perfil da vaga", diz a coordenadora da Central de Carreiras e Mercado de Trabalho do Uni-BH, Juliana Murari. (FT)