Está aberta a temporada de estágios de 2011. A boa notícia para quem está cursando o ensino superior ou tecnólogo é que, até o final de março deste ano, estarão disponíveis no mercado do Estado de São Paulo 55,8 mil vagas para todas as áreas, segundo previsão da Associação Brasileira de Estágios (Abres). O número é 21,3%maior do que no mesmo período de 2010 (46 mil).
Só o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) oferece 21 mil vagas até o final de janeiro no Estado, cerca de 8,4 mil delas na região metropolitana. O número é 11% maior do que o de janeiro do ano passado. “O aumento é em função da economia que está em um momento bom. Logo após o final do ano, muitos estudantes se graduam e as empresas repõem essas vagas. Por isso esse é o melhor momento para conseguir um estágio”, explica o superintendente de operações do CIEE, Eduardo de Oliveira.
No Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), houve um crescimento de 38,8% nas oportunidades de estágio para ensino superior, tecnólogo, ensino médio e médio técnico a serem preenchidas nos primeiros três meses desde ano, ante o mesmo período de 2010 — o número foi de 10,8 mil para 15 mil. “Quem procura o estágio deve aproveitar essa oportunidade de alta temporada. Este é um momento bem significativo”, diz o superintendente do Nube, Alberto Cavalheiro.
Os principais cursos disponíveis são administração, comunicação, direito, informática e engenharia. As bolsas-auxílio variam de R$ 400 a R$ 1.500.
Concorrência
Apesar do aumento de oportunidades, mais de 80% das pessoas que fazem curso superior ou tecnólogo não conseguem estágio no Estado, segundo pesquisa da Abres. “É uma concorrência muito grande. No mínimo de 20 para 1”, diz Seme Arone Junior, presidente da Abres.
A estudante do curso de letras, Tatiana Vergueiro, de 31 anos, foi para o segundo semestre agora e concorda que não é fácil entrar no mercado de trabalho. “Já fiz entrevistas, mas as empresas exigem um conhecimento avançado, mesmo para quem ainda está no primeiro semestre”, reclama.
Wilian Forestto, de 19 anos, está estudando para ser tecnólogo em processo de produção e também ainda não conseguiu trabalhar na sua área. “Nas entrevistas, eles pedem um conhecimento técnico e quem acaba conseguindo são aqueles que já fizeram cursos antes de fazer faculdade”, conta.
Essas reclamações são válidas, segundo Seme, por causa da grande concorrência do mercado. “O candidato tem que saber o máximo possível da sua profissão para conseguir um estágio. Se você não tiver o básico, vai ser barrado no teste de português ou matemática”, diz. O fundamental, segundo ele, é mostrar disposição para aprender. “A empresa vai investir no jovem, então espera que ele mereça isso”, finaliza Seme.
Baixa qualificação dificulta entrada no mercado
Das 5 milhões de pessoas que cursam ensino superior no Brasil, apenas 750 mil fazem estágio, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Estágio (Abres).”Não é fácil conseguir estágio no Brasil”, analisa o SemeArone Junior, presidente da Abres.
A principal reclamação das empresas, segundo Seme é em relação à baixa qualificação dos candidatos.”Isso porque a qualidade do ensino teve ligeira queda de uns anos para cá”, afirma.
Somente 13,9% dos jovens em idade universitária no Brasil estão na universidade. No Chile, o numero é 52%, e, na China, sobe para 82%. Os dados são da Universidade de Brasília (UNB). “O estágio oferece renda e mantéma pessoa na escola. Por isso é tão importante que as empresas abram cada vez mais vagas”, defende Seme.
No entanto, as oportunidades estão aumentando cada vez mais. “Estamos recuperando os números de 2007-antes da crise e da Lei do Estágio, que limita o número de estudantes do ensino médio nas empresas”, aponta Seme. Hoje esse numero é 1 milhão , sendo 750 mil para o ensino superior e 250 mil parao ensino médio.
Até ofinal de janeiro, o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) prevê um estoque estimado em 35 mil vagas. Já o Núcleo Brasileiro de Estágios, só nestasemana, o número de vagas abertaspara estagiários no Brasil é 2.814 em todas as áreas.
“Boa parte destas vagas será preenchida nesta semana mesmo” informa o superintendente do Nube, Alberto Cavalheiro.