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Natália Tenório: 26 anos e uma preocupação constante. Faltando dois períodos para concluir a licenciatura em ciências sociais, ela não pode dizer que está confiante para trabalhar na área. ?Tenho muito medo de não conseguir me manter com o campo que escolhi`, diz. Natália não está sozinha. Segundo uma enquete virtual do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), os jovens do país sentem-se inseguros, sobretudo, em relação ao futuro profissional e aos problemas financeiros.

Essas opções foram marcadas, respectivamente, por 28,6% e 22,5% dos 3.500 jovens (com idades entre 16 e 30 anos) que responderam à enquete. Os 49% restantes dividiram-se entre ?morrer` (19,5%), ?ficar sozinho` (16,5%) e ?falar em público` (11,6%). Para o psicólogo do Nube, Erick Sala, o resultado foi surpreendente, na medida em que as preocupações com emprego e dinheiro superaram temas historicamente significativos no quesito ?medo`.

Segundo ele, tanto receio está diretamenteligado à competitividade do mercado de trabalho atual. ?Por causa da concorrência, o jovem perde a segurança em relação ao futuro profissional, e isso vai resultar na preocupação com os problemas financeiros`, avalia. O problema é que, muitas vezes, o medo não se transforma em estímulo. ?Trabalho com processos de seleção e percebo que os candidatos falham até em pontos educacionais, como ortografia. Então, podemos concluir que a insegurança não é acompanhada por investimentos em educação, leitura e afins.`

Para a psicóloga e consultora de recursos humanos Ana Thereza Almeida, outro elemento importante para a disseminação do medo é a incompatibilidade entre o comportamento dos jovens e o mercado de trabalho, ainda conservador. ?A chamada geração Y caracteriza-se pela pressa em obter resultados e pela facilidade em trocar de empresas frequentemente. São coisas que o mercado não recebe bem`, diz.

Ela acredita que a preocupação com as finanças, vinculada às perspectivas de carreira, tende a ser ampliada, devido auma previsão de instabilidade no campo das remunerações. Assim, com as mudanças constantes de empresas e salários, o jovem estaria correndo o risco de, por exemplo, ganhar muito em um mês e nada no seguinte.

Essa instabilidade é, justamente, o maior medo de Natália, que, assim como vários jovens, decidiu recorrer a concursos públicos fora da sua área de formação. ?Vou tentar uma vaga de assistente administrativo, que rende um bom dinheiro e não tem uma carga horária pesada. Assim, poderei conciliar com atividades ligadas ao meu curso, junto a movimentos sociais e organizações não-governamentais`, diz.

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