O Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) e o Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee) concentram mais de três mil vagas de estágios a jovens que cursaram o ensino médio ou estão matriculados em cursos de graduação.
Para quem tem o ensino médio, são quase mil oportunidades só pelo Ciee. Já para quem começou a fazer um curso universitário, o maior número de chances está na área administrativa tanto no ranking do Ciee, como no do Nube.
Nesse setor, há 958 vagas pelo Ciee. O Nube não divulgou o número de vagas, mas informou que o valor da bolsa-escola nessa área é de R$ 747,50.
Carmen Alonso, gerente de treinamento do Nube diz que, no Brasil, há 738.539 jovens estudando administração, o que representa 14,5% de todos os estudantes universitários.
Para Eduardo de Oliveira, superintendente do Ciee, essa é uma formação coringa. Esse nível é muito procurado por órgãos públicos e envolve atividades básicas.
Quem tem formação em direito a segunda área no ranking do Ciee e quinta no do Nube também encontra muitas opções de vagas de estágio. São 439 ofertas pelo Ciee. Oliveira explica que o direito internacional e o tributário ganharam destaque e cresceram nos últimos anos. Além disso, é uma carreira tradicional e sempre muito procurada. O valor da bolsa-auxílio chega a R$ 782,22.
Carmen explica que a área jurídica está crescendo dentro das empresas. Há mais reclamações de consumidores, aumento das dívidas. No país, o curso conta com 12,6% do total de estudantes, com 638.741 jovens, sendo que apenas 13,3% se formam.
Comunicação também está em alta, segundo o ranking de vagas do Nube. O ramo abrange os cursos de publicidade, marketing, design, jornalismo e relações públicas. Essa área cresceu demais, impulsionado pela área de comunicação interna, diz Carmen. A remuneração do estágio fica em torno de R$ 689,92, pelo Nube.
O setor que oferece as maiores bolsas é engenharia a terceira com mais vagas pelo Nube e a quarta pelo Ciee. O valor da bolsa-auxílio chega a R$ 1.022. Segundo Carmen, devido ao crescimento da economia, alavancada pela área de infraestrutura, construção civil, telecomunicações e indústria automotiva, a mão de obra está valorizada. No Brasil, há 393.587 jovens que estudam na área da engenharia.
Já a de tecnologia também oferece oportunidades. As áreas de sistemas, como microinformática e telefonia, são os que mais empregam profissionais de tecnologia da informação.
Bolsa-auxílio banca estudos, diz pesquisa
Atualmente, o jovem trabalha para pagar os estudos. Prova disso é o percentual de 62,6% dos estudantes que escolhem estudar no período noturno para ter tempo livre. Eles trabalham durante o dia para poder bancar a faculdade.
Como incentivo, as empresas oferecem a bolsa-auxílio aos seus estagiários. Segundo a pesquisa realizada pelo Nube, de 22 de março a 23 de abril deste ano, com 16.328 estagiários, a média da remuneração oferecida é de R$ 765,25.
De acordo com a mesma pesquisa, os três cursos que oferecem melhor remuneração são engenharia, com uma média de R$ 1.022,30, relações internacionais, que oferece R$ 1.008,38 e economia, com a média de bolsas de R$ 999,27.
Em seguida, o curso de química apresenta uma média de bolsas de R$ 897,45. Arquitetura e urbanismo vem logo após com R$ 896,35. Biblioteconomia apresenta uma média de R$ 883,60 e nutrição, de R$ 880,40. Por fim, os cursos de estatística, ciências atuárias e matemática têm médias de R$ 864,70, R$ 817,61 e R$ 802,12.
Para completar, há empresas que oferecem benefícios como vale-transporte, alimentação e até seguro de vida.
Nova lei ajudou categoria
Em vigor desde setembro de 2008, a nova lei de estágio, além de oferecer incentivo às empresas para que contratem mais funcionários, bate o martelo em uma série de questões que envolviam os direitos da categoria. Com a criação da lei, o estudante pode estagiar apenas na área compatível com o seu curso.
Entre as novas regras está o fim da hora extra. Hoje, o estudante deve cumprir jornada de seis horas de trabalho por dia. Outra mudança é que, ao final de cada ano de trabalho, o estudante tem direito a um mês de férias remuneradas. Até então, a categoria não tinha direito ao descanso remunerado.
As empresas também são obrigadas a dar auxílio-transporte para todos os estagiários. Antes, o benefício era opcional. Já o vale-alimentação fica a escolha da empresa, que pode optar por oferecer alimentação em um refeitório particular para todos os funcionários.
Mas nem tudo é festa com a nova lei. Ficou definido que o tempo máximo que um estagiário pode permanecer na empresa é de dois anos. Após este período, o estudante vai precisar buscar oportunidade em outra companhia.
Todos esses direitos devem estar previstos nos novos contratos de estágio. O estudante deve observar atentamente cada item antes de assinar o documento e, depois, cobrar que se cumpram as regras.