Antes mesmo de receber seu dinheiro, o estudante deve ter em mente quais são suas metas e objetivos e, posteriormente, ter disciplina para manter-se neles
O começo do ano marca também o início de um estágio. E depois de passada a euforia de conquistar uma vaga, chega a hora de se preocupar em como gastar a bolsa-auxílio. O jovem de hoje cresce com fortes apelos ao consumismo e ao imediatismo, por isso é fator imprescindível pensar em planejamento para ter saúde financeira desde o primeiro contato com o dinheiro.
De acordo com a gerente de treinamento do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), Carmen Alonso, antes mesmo de receber o dinheiro, o estudante deve ter em mente quais são suas metas e objetivos, como sanar dívidas, caso as tenha; se quer gastar uma parte; investir na carreira, em cursos; e se pensa em poupar, por exemplo: "O primeiro passo é ter claro qual é o foco e, posteriormente, ter disciplina para manter-se nele, driblando as seduções do mercado consumidor. Além disso, fazer um orçamento simples com suas receitas e despesas também ajudará a visualizar os ganhos e gastos".
Para o economista e delegado municipal do Conselho Regional de Economia, Jacó de Souza, o problema é que, normalmente, o estagiário não tem experiência suficiente para trabalhar com esse tipo de realidade, pois, muitas vezes, nem o orçamento doméstico é compartilhado com ele: "Além disso, os pais também pedem que ele ajude em casa. Neste caso, ele precisa fazer uma divisão balanceada dos gastos e mostrar para a família que se tiver um investimento na carreira, terá melhores condições no futuro para ajudar em casa".
Planejamento
Carmen informa que independentemente do valor da bolsa-auxílio, é fundamental saber o modo como os recursos serão utilizados. O primeiro passo é conhecer os seus gastos, tantos os fixos (aluguel, mensalidade da faculdade, telefone) quanto os variáveis (academia, transporte, celular, alimentação, lazer).
De posse desses dados, o estagiário consegue visualizar quanto ganha e quanto sobra para pensar no que fará com o restante. "Quando há dívidas, essas devem ser prioridade no orçamento. Além disso, um dos melhores investimentos é a educação. Assim, se boa parte da bolsa-auxílio está na formação acadêmica ou em cursos, o estudante certamente está fazendo um ótimo investimento", aconselha.
A gerente de treinamento também diz que o jovem deve ficar atento quanto aos exageros. Quando for adquirir um produto ou serviço, por exemplo, uma boa dica é pesquisar, comparar e certificar-se da real necessidade daquilo naquele momento: "Perguntar-se constantemente ?eu realmente preciso disso?? pode ajudar o estagiário a não gastar seu suado dinheiro com alguma coisa que poderia considerar uma ?bobagem? posteriormente".
O economista diz que o jovem deve ter consciência de que precisa investir em sua formação, para aumentar sua capacidade de empregabilidade por meio dos estudos e não partir para os bens de consumo que a mídia apresenta. Souza ressalta que as primeiras opções podem ser cursos de idioma e de informática, já que hoje isso é uma necessidade: "O jovem precisa saber se comunicar, caso contrário, estará fora do mercado".