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“Queremos apenas a oportunidade de ter uma vida profissional ativa, porque estão cobrando cada vez mais as responsabilidades dos adolescentes”. Foi assim que José Carlos Miranda, de 17 anos, morador da Piabeta, em Socorro, aluno do Senac e estagiário da rede GBarbosa, resumiu o que os jovens pensam sobre o mercado de trabalho. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2007, do IBGE, mostrou que cerca de 194 mil sergipanos entre 16 e 24 anos trabalham. Já outra pesquisa, feita por um especialista em educação, revelou que 40% dos jovens acreditam que a escolaridade é a qualidade mais importante para conseguir um emprego.

Profissionais que acompanham essa realidade confirmam a informação e procuram incentivar os adolescentes a continuarem estudando. É o caso do Programa Jovem Aprendiz, do Senac, que atualmente tem 340 alunos em Sergipe e abrange jovens de 14 a 18 anos. É exigido aos alunos que estejam cursando o ensino médio ou já tenham terminado. Eles têm 400 horas de aulas teóricas e quando entram no programa já fecham o contrato com alguma empresa, de no mínimo um ano, tendo que cumprir 600 horas de trabalho e recebendo, mensalmente, meio salário mínimo. O programa existe desde 1999 e já encaminhou milhares de jovens sergipanos ao mercado de trabalho.

A gerente de Educação do Senac, Dayse Prado, explica que o primeiro mês é uma fase de adaptação feita somente na escola e só depois eles são inseridos nas empresas parceiras. “No começo eles sentem o impacto porque já começamos a cobrar coisas simples que a empresa também vai exigir, como o cumprimento do horário”, informou Dayse, acrescentando que a partir do segundo mês, às segundas e terças-feiras, eles têm aulas no Senac, e nas quartas, quintas e sextas ficam nas empresas durante um turno.

O diretor regional do Senac, Paulo do Eirado Dias Filho, lembrou que as rotinas das empresas são muito parecidas e o que vão diferenciar cada uma são as relações humanas. “Trabalhamos, além do conteúdo específico de cada curso, as competências básicas para o trabalho, como a postura, ética, responsabilidade, atitude, cordialidade, saber se relacionar e se adequar às regras da empresa. Isso tudo dará ao jovem condição de permanência no emprego”, ressaltou Paulo.

“Nossa meta é educá-los mesmo em tudo”, enfatizou Dayse. Prova disso são os ciclos de palestras promovidos pelo Senac com as turmas do Programa Jovem Aprendiz, que abordam temas importantes, como sexualidade e drogas. Ela lembra ainda que o mais interessante é que os alunos, depois de formados, voltam ao Senac para pedir conselhos. “Eles sentem o Senac como um ponto de apoio”, constatou. Por conta disso, o diretor já pensa em montar um call center que possa esclarecer dúvidas de ex-alunos do Senac que estejam inseridos no mercado de trabalho.

Além do Programa Jovem Aprendiz – que encaminha o jovem para supermercados, setor de prestação de serviço, comércio atacadista e varejista –, outros cursos do Senac têm atraído jovens. “Um curso muito procurado é o de informática básica. Os jovens, principalmente os menores de 16 anos, têm entendimento da necessidade dessa ferramenta até para a vida escolar. Outro recordista entre os jovens é o curso de manutenção de computadores”, revelou Paulo do Eirado.

Sonhos
Alguns jovens que acabaram de ingressar no mercado de trabalho já fazem planos maiores para o futuro. “Estou dando o máximo para que eles gostem de mim e eu fique na empresa”, contou Ariane Silva Costa, de 18 anos, que cursa o 3º ano do ensino médio em uma escola particular do conjunto Augusto Franco, é aluna do Programa Jovem Aprendiz do Senac e trabalha na confeitaria do GBarbosa Hiper Sul. Ela vai prestar vestibular para Nutrição e pretende ter seu próprio restaurante.

O primeiro emprego dela foi no ano passado, em uma loja de ar-condicionado para carros. “Foi bem difícil. Tive que aprender a me relacionar com as pessoas, sou muito estourada e tinha que me controlar”, acrescentou Ariane. A colega dela, Laiane Oliveira, de 20 anos, disse que tem aprendido no emprego, também na mesma função e rede de supermercados, várias habilidades. “Estou aprendendo até a cozinhar. Minha mãe está adorando”, contou Laiane, que pretende fazer vestibular para publicidade.

Diferente de Ariane e Laiane, José Carlos de Miranda, de 17 anos, já teve várias empregos: trabalhou em uma loja de games, em uma fazenda no interior do Estado e até cuidou de crianças.

“Não foi difícil entrar no mercado de trabalho porque tenho um perfil que demonstra responsabilidade. Olho as pessoas no mesmo nível, mas com respeito. A oportunidade é importante, mas é preciso também ter determinação”, aconselhou Carlos, confessando que quer cursar a faculdade de Jornalismo.

Adolescentes de SE
A pesquisa “Jovens de Sergipe – Quem são eles, como vivem, o que pensam” foi feita em 2005 e publicada em janeiro de 2006, analisando inúmeros temas referentes a sergipanos entre 15 e 29 anos. Para o doutor Bernard Charlot – consultor da Unesco responsável pela pesquisa e professor do mestrado do Departamento de Educação da Universidade Federal de Sergipe –, o governo do Estado está refletindo sobre o tema para definir uma política da juventude. “Mas não me parece que a situação tenha mudado até hoje. Ademais, a crise atual vai piorar a situação dos jovens”, opinou. Veja alguns dados sobre o jovem sergipano no mercado de trabalho revelados pela pesquisa:

- Cerca de 40% está trabalhando, 30% já trabalhou e 30% nunca trabalhou;

- Quanto mais alto o grau de escolaridade, maior a probabilidade de estarem trabalhando. Os analfabetos fogem a essa regra: a probabilidade de estarem no mercado é quase igual à dos jovens do ensino médio.

- Poucos jovens da classe A trabalham, a maioria estuda; ao passo que a metade dos jovens da classe E já trabalha;

- 40% dos jovens acreditam que o nível de escolaridade é a qualidade mais importante para conseguir um emprego; 26,8% consideraram a experiência e 21,8% a recomendação de pessoas influentes;

- Os jovens são otimistas a respeito do emprego atual: apenas 17,3% achavam ou tinham certeza de que iriam perdê-lo até o final do ano. Foram pessimistas (entre 20% e 25%) os mais novos, os que têm menor grau de instrução, os dos municípios pequenos e médios, os de classe D e, ainda mais, os da classe E (40%)

- O comércio é o ramo de atividade que mais absorve a mão-de-obra jovem (27,4%), seguido do setor de prestação de serviços (26,6%) e agricultura/pecuária (9,9%);

- Entre os jovens que estão trabalhando, 56,5% não têm carteira assinada e 25,2% têm;

- A proporção dos que trabalham com carteira assinada é de 11,7% na faixa etária de 15 a 19 anos, 26,8% entre 20 e 24 anos e 32,3% entre 25 e 29 anos;

- 35% dos jovens trabalham mais de 47 horas semanais e 29% trabalham 30 horas por semana.

Programa dá auxílio
Não é somente a iniciativa privada que está dando a oportunidade do primeiro emprego para os jovens sergipanos. O ProJovem é um programa do governo federal que possuiu várias vertentes, entre elas a inserção de jovens entre 18 e 29 anos no mercado de trabalho. Em Sergipe, as primeiras turmas dos cursos de Administração, Alimentação, Construção Civil, Telemática e Turismo terão início no próximo mês. A execução é da Secretaria de Estado do Trabalho, Juventude e Promoção da Igualdade Social.

Segundo o secretário José Macedo Sobral, os alunos serão capacitados durante seis meses e, ao final do curso, há uma expectativa de colocação de 30% dos alunos no emprego formal ou como empreendedores do próprio negócio. “Todo jovem na faixa etária informada, cursando ou não o ensino fundamental ou médio, pode fazer parte do programa. Aqueles analfabetos ou cursando universidade ou empregados não podem participar”, explicou o secretário.

Em Sergipe é a primeira vez que o ProJovem Trabalhador será implantado e as inscrições já aconteceram, através dos postos no Núcleo de Apoio ao Trabalho (NAT). Os cursos de capacitação foram definidos com base na demanda nacional analisada pelo Ministério do Trabalho e são compostos de diversas etapas de formação. Nas primeiras turmas, serão capacitados cinco mil jovens sergipanos, sendo três mil na Grande Aracaju e dois mil distribuídos nos 11 municípios onde existem postos do NAT.

Ganhos até 2 salários
O rendimento dos jovens entre 16 e 24 anos foi revelado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE, em 2004. Foi apontado que dos quase 192 mil jovens sergipanos que estavam no mercado de trabalho naquela época, 32,1% ganhavam de meio a um salário mínimo, 25,7% até meio salário mínimo e apenas 5,6% mais de dois salários mínimos. Alguns jovens entrevistados pelo JORNAL DA CIDADE garantem que aprenderam a valorizar o dinheiro depois que começaram a trabalhar.

“Depois que consegui esse emprego mudei muito. Sei o que o dinheiro dá para comprar e me controlo mais”, garantiu Ariane Silva Costa, de 18 anos, que trabalha na confeitaria de um hipermercado. A colega dela no Programa Jovem Aprendiz do Senac, Laiane Oliviera, de 20 anos, disse que está mais responsável com as finanças. “Só tinha o dinheiro que minha mãe dava.

Agora separo uma parte do meu salário e coloco na poupança”, revelou Laiane, que como a amiga também recebe uma bolsa de meio salário mínimo, trabalhando durante um turno no supermercado de quarta a sexta-feira.

Estagiários
O Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) realizou uma pesquisa este mês com mais de 12 mil estagiários de todo o país e descobriu que o salário dos estagiários de ensino médio é R$ 421, os de médio técnico R$ 467 e os de nível superior R$ 805. O estudo também apontou que 52% dos estagiários se concentra entre a faixa de 19 a 23 anos e a média geral do bolsa-auxílio para esse grupo é de R$ 600. A Associação Brasileira de Estágios (Abres) diz que o país tem 900 mil estagiários, sendo 650 mil do nível superior e 250 mil do médio, para um total de 13,1 milhões de estudantes.

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