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Faltava apenas um semestre para que o estudante Caio Júlio se formasse em Economia na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Ele estagiava desde a metade de 2007 no setor de fusões e aquisições de uma grande empresa no ramo da construção. No segundo semestre de 2008, com o baque promovido pela crise e por mudanças internas na companhia, o futuro economista resolveu mudar os planos. "Eu estava sem tempo e a minha monografia não ia sair, conciliei isso à intuição de que não seria efetivado e resolvi adiar a minha formatura", conta.

Logo depois, seu chefe chamou-o para uma conversa e confirmou a previsão. Quando o estudante expôs que também não se formaria mais naquele ano, pôde permanecer como estagiário na empresa. "Eles foram sinceros e disseram para eu procurar uma nova colocação no começo deste ano", diz.

A estratégia adotada por Caio Júlio tem sido utilizada por muitos estudantes quando percebem que não serão contratados, como Carlos Eduardo Braile. "Eu me dediquei muito ao estágio com a expectativa da efetivação e deixei o trabalho final em segundo plano", conta Braile, que estagia no BackOffice de um portal de Investimentos e é colega de Caio Júlio.

Depois, quando soube do congelamento de todas as vagas, o estudante ficou chateado, mas como já não dava tempo recuperar o atraso com a monografia, expôs aos superiores que tinha ficado com uma dependência e, portanto, não se formaria. "Eles disseram que não nos efetivariam, mas que poderiam renovar o contrato de estágio. Como o mercado está desaquecido, preferi assumir uma posição mais conservadora e continuar", diz.

No entanto, para a gerente de treinamento do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), Carmen Alonso, adiar a formatura visando garantir uma atividade pode ser perigoso. "É preciso tomar cuidado para que uma atitude como essa acabe indicando o caminho de saída, e não de entrada, no mercado de trabalho." Segundo a especialista, se a empresa desconfiar de má-fé por parte do estagiário, a contratação não ocorrerá em nenhuma circunstância e o jovem ainda corre o risco de queimar a imagem com o networking.

De fato, enquanto não tiver o certificado de conclusão do curso e se mantiver matriculado, o jovem pode continuar estagiando. Porém, com a nova legislação de estágio sancionada no fim do ano passado, é preciso lembrar que o tempo limite para permanecer na empresa é de dois anos. "Mesmo prolongando a faculdade, a chance de permanecer é pouca", afirma Carmen. "É provável que a pessoa já não atenda às demandas da empresa".  

Esta também é a opinião do estudante do último ano de Publicidade na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Daniel Packness. "Ninguém garante que você será efetivado se retardar a formação. Muitas empresas só efetivam depois de ter o profissional formado", diz.

A gerente de treinamento do Nube ainda destaca o caso de empresas que possuem uma política de não permanecer com o estagiário, apenas formá-lo para o mercado, como acontece em alguns órgãos do governo. Além disso, em todos os sentidos pode sair caro atrasar a formação, já que "comprometer o desempenho educacional refletirá na avaliação do futuro profissional", acredita a especialista.

Conforme Carmen explica, dos 4,8 milhões de estudantes do Ensino Superior, apenas 13% desse total estagia. Por isso, é natural que quem consiga entrar como estagiário em uma boa empresa não queira desperdiçar a oportunidade de fazer carreira no local.

Para Caio Júlio, a permanência valeu a pena. "Agora tenho mais tempo para me focar na monografia, e em seis meses muita coisa acontece, às vezes surge a chance de ser chamado", diz. No caso de Carlos Eduardo Braile, a demanda no estágio continua muito alta, o que tem comprometido outra vez a conclusão do trabalho final. "Mesmo que surja uma vaga, não sei se quero continuar na empresa. Estou procurando outro trabalho para conseguir terminar a monografia", revela.

A idéia de permanecer no estágio também pode traduzir uma falta de confiança do futuro profissional em suas competências. "O bom estagiário terá ajuda para se recolocar no mercado", garante Carmen.

É por isso que Daniel Packness pensa que valeria mais a pena permanecer até o encerramento do contrato de estágio e se arriscar às oportunidades que surgirem. "Eu poderia crescer e aprender mais sendo efetivado em outro lugar e, depois, voltar para a antiga empresa, mais maduro e em cargos melhores", acredita.

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