Brasil - Atenção para quem está procurando estágio: uma nova lei está em vigor. São muitas as mudanças, como férias remuneradas e vale-transporte, por exemplo, para todos os estudantes contratados. A mudança traz benefícios, mas também aumenta a burocracia.
As empresas prevêem que serão mais afetados os estudantes do Ensino Médio, porque a nova lei prevê um limite máximo de contratação desses estudantes. Mas as empresas reconhecem que a nova lei também traz avanços, já que deixa mais claras as regras de contratação de quem está começando na vida profissional.
Agora o estagiário Guilherme Peregalli não tem que sair correndo da empresa para chegar à faculdade de psicologia.
Eu trabalhava oito horas por dia e acabava indo direto para a faculdade. Agora, trabalhando seis horas por dia, vou poder voltar para casa, tomar um banho e estudar um pouco, conta o estagiário.
A redução da carga horária de oito para seis horas diárias é uma das mudanças determinadas pela nova lei federal para contratação de estudantes. Os estagiários também passam a ter direito a auxílio-transporte e a 30 dias de férias.
O Brasil tem hoje 1,1 milhão de estagiários. Noventa por cento desses jovens dependem de uma bolsa-auxílio para financiar os estudos. De acordo com a Associação Brasileira de Estágios, se por um lado as modificações na lei garantem benefícios a esses alunos, por outro podem reduzir o número de oportunidades para aqueles que ainda procuram uma vaga. A explicação está no aumento da burocracia e dos custos para as empresas na hora de contratar.
Nossa análise é que vai diminuir em 20%. Ou seja, de 1,1 milhão de vagas, perderemos mais de 200 mil vagas de estágio. É muito, calcula Seme Arone Júnior, presidente da Associação Brasileira de Estágios (Abres).
As portas devem se fechar, principalmente, para os alunos do Ensino Médio. Antes não havia limite de vagas para esses estudantes. Pela nova lei, eles só podem preencher 20% do quadro de funcionários de uma empresa.
Já para o nível superior, a lei não impõe nenhuma restrição. Hoje estão disponíveis 715 mil vagas para esses alunos. Em algumas áreas, até faltam candidatos.
Hoje o que as empresas mais procuram no perfil dos estudantes é o estudante de administração de empresas. Depois nós temos a área de exatas, como engenharia, estatística, economia e ciências contábeis, afirma Carlos Henrique Mencari, presidente do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube).
Com 230 estagiários, uma empresa de São Paulo terá que se adaptar às mudanças. Para a superintendente de recursos humanos, Eliana Marino, trata-se de um esforço que vale a pena.
Você oxigena, você traz idéias novas, você traz ambiente acadêmico para dentro da organização. Isso é tudo de bom que a gente pode querer, diz a superintendente de recursos humanos, Eliana Marino.
Hoje o Brasil tem 13 milhões de estudantes, mas de 10% deles conseguem estágio. E pior: oito milhões de jovens entre 16 e 24 anos que não estudam e nem trabalham.
Para quem está cursando a área de exatas, as perspectivas são boas. Já na área de humanas faltam vagas em áreas tradicionais, como Direito. Pelo menos, a expectativa a longo prazo é positiva. O que os analistas esperam é que as empresas voltem a contratar logo que se enquadrem às novas regras.