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O estágio é uma bela porta de entrada para o mercado de trabalho. Atualmente, de cada dez estudantes universitários brasileiros, dois já estão fazendo estágio. O consultor de empresas Max Gehringer dá dicas para quem está a procura de um estágio e explica também o que é necessário fazer para manter o emprego depois.

“O Núcleo Brasileiro de Estágios fez uma pesquisa ouvindo 15 mil estudantes do ensino médio, técnico e superior para descobrir quanto ganha o estagiário no Brasil e quais são as carreiras que oferecem mais estágios e as que remuneram melhor”, afirma o presidente do Núcleo Brasileiro de Estágios, Seme Arone Júnior.

Existem no Brasil 1,1 milhão de estagiários. Desses, 700 mil freqüentam cursos superiores e recebem entre R$ 600 e R$ 1.000 por mês.

Segundo Gehringer, muitos jovens preferem apenas estudar até os 25 anos de idade, ou mais, imaginando que o acúmulo de diplomas será um diferencial na hora de conseguir um emprego. Para as empresas, não é bem assim. Na hora de contratar, elas dão preferência à combinação de escolaridade e experiência prática.

“Não tive dificuldade nenhuma em conseguir vaga de estágio. Deixei uma vaga de efetivo, fiquei dez dias desempregado e nesse período fiz dez entrevistas”, diz o estagiário de engenharia de produção mecânica Marcos Marcolino.

 Oportunidades

Segundo Gehringer, apesar de estágio parecer coisa de multinacional, 70% dos estagiários estão nas pequenas e médias empresas. As oportunidades de estágio são maiores nas áreas de engenharia, administração e informática. E menores na área de direito.

“Eu fiquei quase um ano procurando estágio”, conta o estagiário de direito Adônes dos Santos.

No Brasil, há mais de 500 mil estudantes de direito e 250 mil de engenharia. Essa disparidade faz com que o futuro engenheiro seja o estagiário mais bem pago do mercado.

“Eu ganho em torno de R$ 1.500”, revela o estagiário de engenharia de produção mecânica Ivan Santos.

”Eu ganho R$ 1.650”, afirma a estagiária de engenharia de produção mecânica Fabiana Kindler.

 Estágio não é emprego

Para Max Gehringer, há duas coisas que todo candidato a estágio deve saber.

Primeira: estágio não é emprego. Ao contrário dos trabalhadores regidos pela CLT, o estagiário não tem direito a aviso prévio, férias, décimo terceiro, fundo de garantia, vale transporte e vale refeição.

Um estagiário custa menos da metade do valor gasto com um empregado formal. Por isso, algumas empresas usam o estágio como uma forma disfarçada de emprego.

“Alguns escritórios realmente pegam os estagiários para fazer algum tipo de exploração e não no intuito de transmitir o conhecimento, que é o básico do estágio”, afirma a estagiária de direito Fernanda Barbosa.

Nessas empresas, um estagiário nunca é efetivado. Ele é sempre substituído por outro estagiário.

Segunda coisa que todo candidato a estágio deve saber: inicialmente, as tarefas que um estagiário recebe quase nunca estão à altura do seu conhecimento ou da sua ambição. Quando isso acontece, a reclamação não é o melhor caminho.

“Eu acho que estagiário tem que ser sempre pró-ativo, ser dedicado também e querer aprender”, comenta a estagiária de química Marcela Giudice.

“Ele tem que ter um bom relacionamento e interagir com as pessoas. Ele está entrando em uma equipe que já está funcionando, que já está rodando, que já tem um ritmo próprio. Então, é bastante importante que ele entre nesse ritmo”, avisa a supervisora de recursos humanos Daniela Nishimoto.

Conquistar a confiança

Qual é o maior erro que o estagiário comete já no primeiro dia?

“Chegar no serviço e ficar de canto pensando ‘eu sou estagiário, então eles têm que me dar função’”, afirma o candidato a estágio Johny Messias.

Para Gehringer, uma coisa que prejudica demais o estagiário é exatamente o fato de ele saber que é bom. Ele quer aproveitar o período de estágio para propor uma mudança estratégica na empresa. Segundo o consultor, muitas vezes esse é o motivo que leva o estagiário a se desgastar com pessoas.

Durante o estágio, o essencial é conseguir a confiança dos superiores. Essa relação de confiança começa exatamente ali, quando uma pessoa diz para o chefe: "estou aqui para aprender". As pessoas precisam gostar de você, ensina Gehringer.

Muitas vezes a gente tenta traduzir coisas que acontecem na vida corporativa com um monte de expressões bonitas, mas no fundo, quer dizer, "se o pessoal não gostar da gente, nós não vamos ficar".

Gehringer afirma que os efetivados não serão necessariamente os alunos mais brilhantes, serão aqueles que conseguirem se encaixar melhor na cultura da empresa. É mais simples do que parece, um pouco mais complicado de fazer a cada minuto do dia.

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