Conseguir um bom estágio de olho no emprego dos sonhos é o objetivo do estudante. Na realidade, porém, muitos se desiludem com a experiência, já que a maioria das empresas não tem planos para que essa seja a primeira etapa da carreira.
Um levantamento feito pela consultoria Great Place to Work (GPTW) com cem firmas em setembro mostra que 98% das empresas eleitas por ela como as melhores para trabalhar têm estágio, mas só em 20% o programa é bem estruturado.
As informações vêm de um estudo com 270 mil profissionais, como diretores, gerentes e técnicos, de 366 empresas.
"Estagiário é visto como mão-de-obra barata. Falta convencer as empresas de que o estágio serve para conhecer e selecionar alunos", argumenta Marcos Fernandes, coordenador da Escola de Economia de São Paulo da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Os estudantes ficam com a outra metade da responsabilidade pelo "estágio frustrado", diz Augusto Costa, presidente da consultoria Manpower. "Muitas vezes só querem cumprir a grade curricular."
Para que o período de aprendizagem seja proveitoso, o estudante deve prestar atenção a alguns pontos que, segundo Costa, denunciam programas de má qualidade. "Na entrevista, pergunte detalhes do estágio: como será a supervisão, se haverá ciclo de palestras."
Proteção
Algumas escolas têm estratégias para proteger o aluno de estágios inadequados. Na FGV-SP, ele só pode estagiar no último ano de curso. O Ibmec São Paulo só o deixa trabalhar antes do quarto ano se for nas férias.
A FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo) vincula a carga horária aos créditos atingidos. Só quando o aluno alcança 25% dos créditos é liberado para trabalhar, por quatro horas diárias --com 50%, por seis horas.
"A visão do estagiário está mudando. Antes ele achava que iria só tirar cópia. Hoje já percebe que é um aprendizado", diz Evelyn Lemos, coordenadora do setor de recrutamento e seleção do Nube (Núcleo Brasileiro de Estágios).
Na Accor, uma das empresas cujo programa foi chancelado pela GPTW, estagiários têm direito a participação nos lucros. "Eles se desenvolvem aqui dentro", afirma Edna Bedani, gerente de RH da empresa.