Nos últimos anos, o mercado de trabalho passou por profundas transformações impulsionadas por avanços tecnológicos, mudanças demográficas e novas demandas da sociedade. Tudo isso têm gerado impactos significativos na forma como as equipes são formadas e no modo como as organizações recrutam, treinam e gerenciam seus colaboradores, sejam funcionários celetistas, estagiários ou aprendizes.
As mudanças no mercado de trabalho
Uma das mudanças mais notáveis é a crescente automação e digitalização de processos. A inteligência artificial, a robótica e outras soluções disruptivas têm substituído tarefas repetitivas e operacionais, levando à redefinição de funções e exigindo novas habilidades dos profissionais. Nesse cenário, times multidisciplinares têm se tornado cada vez mais comuns, reunindo pessoas com conhecimentos diversos para resolver problemas complexos e lidar com as demandas de um ambiente em constante evolução.
Além disso, a globalização e a conectividade proporcionadas pela Internet têm permitido o surgimento de outras formas de trabalho, como o home office e o modelo híbrido. Essas opções permitem a contratação de indivíduos de diferentes partes do mundo, independentemente de sua localização geográfica. A formação de grupos virtuais, mantendo a comunicação por meio de plataformas digitais, exige competências adicionais.
Ainda, a diversidade e a inclusão têm sido cada vez mais reconhecidas como elementos essenciais para o sucesso das organizações. Contar com representantes de diferentes gêneros, origens étnicas, idades e habilidades, contribui para a ampliação de perspectivas, a criatividade e a inovação. Diante disso, formar um bom staff se tornou uma grande missão, exigindo uma abordagem estratégica por parte das contratantes.
As principais tendências para os próximos meses
Durante o ano de 2022, ocorreram várias modificações no mundo corporativo. Líderes de vários setores passaram a dar mais atenção à saúde emocional, buscando promover ambientes psicologicamente seguros e reforçando o compromisso com a agenda ESG (Environmental, social, and corporate governance). Apesar dos avanços já alcançados, ainda há um longo caminho a ser percorrido, de acordo com a CEO e fundadora da Newa, Carine Roos.
Para ela, em 2024, esses temas ganharão força e terão marcos importantes. Até 2026, por exemplo, as companhias em todos os níveis de listagem da B3 deverão ter pelo menos uma mulher e um membro de uma comunidade minorizada (como pessoas negras, LGBTQIAP+ ou com deficiência) em seus conselhos de administração ou diretoria estatutária. Para transformar essa realidade, Carine identifica algumas tendências no contexto da gestão.
Priorizar o investimento em DE&I: colocar as pessoas acima dos interesses comerciais é uma maneira de demonstrar aos colaboradores o valor e o respeito com cada um deles.
Fortalecer a equidade e a inclusão de gênero: ir além do cumprimento de metas de pluralidade, buscando efetivamente incluir as moças na organização por meio de políticas e processos, nos quais as respeitem, valorizem e promovam.
Ampliar a compreensão da diversidade por meio da interseccionalidade: em um contexto cada vez mais complexo, as instituições devem considerar a interseccionalidade ao analisar os grupos de afinidade. Em outras palavras, é necessário compreender como as interseções operam em conjunto.
Fomentar um senso de pertencimento e aceitação: os membros desejam se sentir pertencentes e aceitos como são, sem precisar se encaixar em estereótipos impostos pelos empregadores. Hoje em dia, há mais gerações representadas nas corporações. Compreender e ouvir cada faixa etária fomentará o crescimento.
Priorizar contratações de líderes diversos e conscientes: embora a atração e retenção diversificada continuem sendo relevantes, o foco estará nas admissões de líderes diversos. A implementação efetiva de D&I estará centrada em indivíduos conscientes de seus preconceitos e se esforcem para dar um tratamento mais justo e ético de todos.
Valorizar o bem-estar e a qualidade de vida dos funcionários: é possível alcançar felicidade no trabalho? Sim, quando há um genuíno desejo de fazer isso. Em um ambiente psicologicamente seguro, onde suas necessidades individuais e as do negócio são reconhecidas e valorizadas, ocorre um aumento no engajamento e na satisfação, em um movimento de ganho mútuo.
Oferecer benefícios que apoiam a saúde mental: a entidade deve estar atenta aos programas nesse sentido, como flexibilidade de horários, aulas de exercícios físicos e meditação, acesso a terapia e assistência mental.
A semana de quatro dias ganha cada vez mais força
A incorporação de práticas inovadoras nos empreendimentos se torna cada vez mais comum nos locais em busca de se adaptar aos novos comportamentos dos cidadãos. A pandemia de Covid-19 e a aceleração da transformação digital destacaram ainda mais a necessidade de explorar novidades. A proposta de uma semana de trabalho mais curta tem ganhado relevância.
O tema voltou a ser debatido após a realização de um programa piloto conduzido pela 4-Day Week Global, no qual mais de 61 companhias aderiram e reduziram suas cargas horárias em busca do bem-estar e de uma maior produtividade para seus subordinados. Agora, essa prática chegou ao Brasil, gerando questionamentos. Embora seja um assunto bastante popular, não é algo simples.
Deve ser levado em consideração os objetivos específicos de cada instituição, especialmente em termos de questões técnicas e áreas de atuação. Em setores nos quais é essencial estar disponível de segunda à sexta-feira, como suporte e vendas, é necessário contar com mais gente para não sobrecarregar os subalternos, pois seria o oposto do objetivo principal dessa troca.
Dessa forma, para implementar o modelo com sucesso, é crucial realizar um planejamento antecipado e estar preparado com ações direcionadas, como treinamentos e comunicações adequadas, a fim de não prejudicar os resultados da empresa. Além disso, é fundamental investir em ferramentas eficientes de gestão para facilitar a transição. De acordo com o projeto "The 4-Day Week Global", 95% das participantes perceberam o nível de produtividade igual ou melhor.
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