Nos últimos meses, estiveram em alta e discussão constante, a demissão em massa de muitas empresas de tecnologia, mais especificamente big techs como Google, Meta, etc. Seja por redução de custos, estratégia da companhia ou falta de fit cultural, desligar alguém gera custos e dores de cabeça evitadas quando se toma certos cuidados. Contudo, para não ter chateações nesse processo, é fundamental conhecer o mercado e o próprio empreendimento, para saber como agir em cada cenário. Faça isso agora e fique mais perto do sucesso!
As altas taxas de turnover no Brasil
De acordo com um levantamento da Robert Half, 63% dos CIOs têm dificuldades em encontrar profissionais de TI de alto nível. A pesquisa também revela como 49% dos contratantes estão muito preocupados com a capacidade da firma em reter trabalhadores da área. O Brasil já é o 10º maior mercado global no setor, mas os avanços da transformação digital trazidos pela pandemia também aumentaram o problema do déficit de profissionais. Hoje, são mais de 400 mil vagas para serem preenchidas.
Antes de qualquer coisa, é importante entender como o fim de 2022 foi uma época atípica de elevação significativa nos índices de turnover no país. Agosto, por exemplo, foi o mês com mais admissões (2,078 milhões), porém os seguintes foram marcados por quedas consecutivas, até atingir o número mais baixo de todo o ano em dezembro (1,382 milhões). Os dados também apontaram dezembro encerrando com uma grande quantidade de desligamentos (1,813 milhões), ficando atrás apenas do mês de março (1,902 milhões).
Conforme outro levantamento da Robert Half, em comparação ao período pré-pandemia, houve uma elevação do fluxo de entrada e saída dos colaboradores de uma organização de 56%, à frente do mundo todo e acompanhado por países como França (51%), Bélgica (45%) e Reino Unido (43%). O mesmo relatório mostrou como o percentual de saídas voluntárias por parte das pessoas elevou de 33% para 48%, em comparação ao número de ações realizadas pelas entidades.
As razões para tudo isso são variadas, indo desde uma recuperação econômica e social lenta pós pandemia; ou um local de ofício nocivo, onde os sujeitos se mostram insatisfeitos. De toda forma, há uma busca constante por parte dos empreendedores por especialistas qualificados, principalmente no âmbito tech. “Muitos ambientes fazem uso da IA (Inteligência Artificial) para acelerar o processo de seleção, mas é preciso ter o olhar e acompanhamento humano para entender habilidades exigidas pela vaga, perfil do candidato, pontos a serem desenvolvidos, plano de carreira, momento individual, etc”, afirma Cintia Santos, gerente de Atração & Seleção da SIS Innov & Tech.
Vai precisar diminuir o time? Humanize o processo!
Todo o procedimento o qual acompanha uma demissão tende a ser difícil, tenso e penoso para ambas as partes envolvidas, seja o empregado ou empregador. Isso porque, toda essa situação pode afetar a autoestima e segurança, sem uma fonte de renda e a sensação de insuficiência há uma influência negativa muito forte no psicológico.
Ciente disso, há, atualmente, um debate constante sobre maneiras de reduzir o potencial traumático desse corte de relações. Essa atitude, pelo ponto de vista do lugar, também é positiva, pois mantém uma relação estável como marca empregadora. Para isso, uma comunicação assertiva, clara e respeitosa é imprescindível
“A transparência é fundamental. Os líderes devem reportar aos seus colaboradores, de forma franca e honesta, razões levando à aquele momento, sem nunca perder a sensibilidade”, pontua Uranio Bonoldi, especialista em carreira e tomada de decisão. No geral, ele defende um posicionamento dos gestores de não se extinguirem da responsabilidade de se comunicar. “Marque uma reunião, mesmo on-line. Converse abertamente, avaliando tanto o desempenho do trabalhador quanto da entidade. Conte sabendo ter uma pessoa do outro lado a qual precisará arcar com as consequências”, opina o escritor.
Logo, a maneira como esse comunicado será feito faz toda a diferença. Dar esse tipo de informação via e-mails ou mensagens, conversas informais, ou até mesmo retirando o acesso aos sistemas sem aviso prévio são, nesse sentido, péssimas formas de criar esse contexto. “Quando os estabelecimentos tratam os contratados como algo descartável, essa discussão se faz necessária. Mesmo em casos de afastamentos em massa precisam de atenção e tato”, pontua.
Cuidado na hora de realizar a conversa
Alguns escritórios podem oferecer benefícios para o colaborador, pensando em compensar pela perda do emprego e até auxiliar na recolocação, mas essa ação não é sempre certeira. “Há casos e casos, cada ambiente tem um perfil e para algumas isso pode funcionar. Depende também do subalterno. Alguns consideram ofensiva uma cesta; outros, não. De qualquer forma, o importante é conhecer o trabalhador, entender como pode atendê-lo nesse momento delicado e, dentro de suas possibilidades, oferecer o mais viável”, analisa Bonoldi.
Nesse cenário, tirando de base algumas exceções, essa tende a ser uma fase complexa e triste para a vida alheia, o objetivo então seria atenuar os aspectos negativos e fazer uma contenção de danos. “Afinal, as relações de ofício são consideravelmente intensas, os indivíduos dedicam muitas horas de seu dia para as companhias e dependem dos empregos para sobreviver de forma digna. É compreensível, portanto, essa etapa gerar insegurança, medo e até certo ressentimento. As instituições podem cumprir com seu papel e tratá-los sempre com respeito e dignidade, tornando tudo mais justo”, finaliza.
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