Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) elegeu como tema de sua campanha anual “tornar a saúde mental e o bem-estar para todos uma prioridade global”. Tal premissa possui como finalidade conscientizar e impulsionar o apoio popular à causa emocional. Embora ainda seja estigmatizada pela sociedade, essa pauta está ganhando espaço no meio corporativo, haja visto o seu impacto direto na produtividade e criatividade dos funcionários. Cada vez mais, as entidades buscam se mostrar ativas no mercado com a adesão dos debates em alta pelo mundo. Sendo assim, compreenda como o compromisso com esse assunto pode trazer inúmeros resultados positivos para todos os envolvidos.
A saúde mental em pauta
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, 11,3% dos brasileiros assumiram o quadro depressivo diagnosticado, representando um total 23 milhões de indivíduos. Quando o número é comparado com à média dos demais países, o Brasil está acima em 5,3%. Nesse cenário turbulento, a OMS recomenda o devido investimento não apenas nos recursos humanos, como também em políticas e práticas em prol do bem-estar das pessoas.
Nesse contexto, percebemos como o desenvolvimento da gestão de uma equipe pode fazer toda a diferença por meio de um ambiente acolhedor e saudável. Quesitos como as soft skills, reconexão com emoções e empatia são fundamentais para desfrutar de um grupo com inteligência emocional. “Isso não pode ser uma ação pontual, mas deve ser realizada por meio de programas de capacitação das lideranças, pois sempre existirá a necessidade de atualizar os conhecimentos e integrar novos líderes”, comenta Carine Roos, CEO e fundadora da Newa.
Na atual conjuntura, é notório como o costume de atuar ininterruptamente gera danos significativos no desempenho dos indivíduos em geral, principalmente com a ascensão do home office e a desregulação dos limites horários. Apesar de trabalhar mais tempo parecer vantajoso, é importante ressaltar como o cansaço excessivo acaba sendo um empecilho. “Da mesma forma, é fundamental ouvir os colaboradores. Entender suas reais necessidades e como a organização pode estar a serviço dele buscando contemplar o seu bem-estar e maior qualidade de vida”, complementa Carine.
É preciso desacelerar a mente
Um ponto interessante de se analisar é como a vida pessoal está diretamente ligada com a profissional. Levar isso em mente no dia a dia é essencial para aqueles em busca de ir cada vez mais longe no âmbito laboral. Por isso, é tão relevante regularmente fazer atividades físicas, cultivar hobbies, ter uma boa noite de sono e fortalecer os laços familiares e sociais. Como nunca, o estresse característico de uma rotina corrida deve ser amenizado com hábitos prazerosos.
Segundo um levantamento realizado pela Gattaz Health Results com 18% dos trabalhadores nacionais, um a cada cinco deles sofrem da Síndrome de Burnout. Geralmente, os sintomas aparecem naqueles denominados workaholics ou até mesmo nos colaboradores vítimas de uma companhia com cobranças excessivas, múltiplas funções e grandes responsabilidades. Dentre eles, está o desânimo ao levantar para trabalhar, tristeza ou ansiedade no domingo à tarde.
Nessas horas, é preciso saber nomear as emoções para direcionar os esforços no controle delas. A partir de uma escuta do próprio corpo, passamos a reconhecer nossos limites. “O profissional precisa se autoconhecer para não adoecer. A partir daí, ele consegue prestar mais atenção em si e tomar algumas medidas como proteção. Desacelerar é o primeiro passo. Essas pessoas precisam ter em mente como mais vale a prevenção no lugar da recuperação após o adoecimento”, pontua Marcel Scalcko, especialista em treinamento de equipe e comportamento humano.
O papel das lideranças nessa causa
Como bem sabemos, os cargos de gestão são direcionados a pessoas com muita experiência na área ou bastante tempo de casa. Em meio a hierarquia das organizações, é comum uma certa dose de autoridade, considerando o seu papel de designar as responsabilidades de todo o time. No entanto, mesmo com expressivos conhecimentos, alguns deles não possuem maestria nas técnicas de relacionamento humano.
Para conseguir motivar o coletivo a dar o melhor de si, é indispensável dispor de uma personalidade respectiva e empática. Isso garante uma maior assertividade nas decisões tomadas e entendimento acerca das vulnerabilidades e fortalezas do quadro. “Por isso, reforço a necessidade vital das corporações desenvolverem lideranças humanizadas para apoiarem e acolherem seus colaboradores. Revisitar valores, condutas e processos. Permitir criar uma cultura na qual a cooperação, a apreciação, o apoio mútuo, a tolerância aos erros e a aceitação da diversidade sejam incentivadas”, ressalta a CEO e fundadora da Newa.
Além disso, o empenho de cada membro deve ser valorizado. Quem está nessa posição deve sim monitorar o comportamento do staff contra possíveis deslizes, mas é igualmente relevante proporcionar devolutivas positivas quando necessário. Isso evita a frustração dos integrantes da firma e proporciona ainda mais engajamento por parte deles. A partir de constantes feedbacks, todos podem evoluir em conjunto.
Em suma, vivemos uma realidade interconectada com um fluxo informacional enorme. Por essa razão, muitas vezes nossas energias são sugadas sem ao menos percebermos. Desse modo, é cada vez mais necessário realizar o logout em prol da saúde mental. “As pessoas precisam ficar atentas, pois na maioria das vezes o burnout chega de mansinho, rouba suas horas de sono, altera seu apetite, causa dores de cabeça ou no corpo, dificulta a concentração, sem falar no tradicional cansaço. Uma vez diagnosticada a síndrome, é necessário fazer acompanhamento com psiquiatra e psicólogo”, finaliza Scalcko.
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