A timidez pode ser uma grande barreira no mercado de trabalho, seja como autônomo ou dentro de uma instituição. As pessoas com essa característica não costumam se destacar nos ambientes, e uma postura e convívio com os demais faz toda a diferença na hora de contratar um serviço ou dar uma promoção. Além disso, te tira muitas oportunidades de sair fora da caixa, mostrar criatividade também chama a atenção dentro das empresas.
Esse problema de fato traz sensações e estímulos corporais, indo além de apenas um incômodo. O sentimento recorrente de ansiedade, vergonha e constrangimento, após a interação com outras pessoas, além de voz trêmula, aceleração dos batimentos cardíacos, sudorese, vermelhidão e gagueira são alguns exemplos de sintomas. A preocupação constante sobre os pensamentos alheios, assim como hesitações para falar em público ou não participar efetivamente de reuniões, debates e outras situações de interação por pressupor não ter nada de interessante a contribuir também são frequentes.
Dicas e soluções para se soltar mais
Uma dica valiosa para quem passa por situações como essa vem a partir da resposta de uma simples pergunta: por qual razão você se sente tímido em seu ambiente de trabalho? Um motivo pode ser ainda não ter passado por uma adaptação ao meio e aos colegas. A falta de confiança nas próprias capacidades também é um fator recorrente, junto com um medo de não bater metas ou se sentir intimidado por alguém, causando uma reclusa. Com base no retorno a esse questionamento vai ser possível identificar a real resistência e, com isso, saber como resolvê-lo.
Apesar de assustador, aceitar o desafio de assumir uma posição de comando pode ser um ótimo exercício. “Pegar um cargo de liderança implica muitas responsabilidades, e uma delas é uma boa comunicação geral. É essencial para alguém nessa posição ter um contato forte com a equipe, e por essa necessidade, você veste a camisa e dá a cara a tapa. Com o tempo, vai ficando familiar e cada vez mais fácil. As coisas acabam fluindo”, revelou Luiza Tomey, estudante de jornalismo na UFSJ (Universidade Federal de São João Del Rei).
A universitária se desenvolveu bastante e se desprendeu dessa complicação a partir da Mosaico, empresa júnior da faculdade. Lá, atuou na área de gestão de pessoas e, por isso, se viu obrigada a ter uma voz ativa dentro do projeto. “Foi muito importante pra mim. Quando ingressei na faculdade, ainda tinha muitos empecilhos com essa questão, não só para formar relações com os colegas, mas também situações na qual eu seria o foco, como apresentações de trabalho, por exemplo. Entrar em uma EJ foi um processo novo e desafiador. Com o tempo e a prática, foi ficando cada vez mais fácil não só de conviver com os membros da equipe, mas até mesmo para representá-los em outros ambientes trazidos pelo MEJ (Movimento Empresa Júnior)”, confirma.
Nesse sentido, Bruna Vitorelli, do time de recrutamento e seleção do Nube, deu algumas orientações para quem tem esse traço de personalidade e vai passar por um processo seletivo:
- Treine suas falas e sua apresentação em frente ao espelho. Parece bobo, mas reforçar informações relevantes ajuda muito a treinar e melhorar o desempenho. Ainda mais tendo em vista como, muito provavelmente, você irá repetir muitas coisas em outras entrevistas. Eu mesma, como selecionadora, sempre faço esse exercício antes de uma apresentação de cargo e da empresa, visando ser cada vez mais assertiva com os candidatos.
- Grave-se. Pegue um roteiro de apresentação pessoal simples e fale as respostas enquanto filma. Assim, quando assistir vai perceber seus vícios de linguagem e quais melhorias são necessárias na postura, além de analisar seu nível de nervosismo nessa tarefa. Pensando no agora, com muitos testes para vagas acontecendo de maneira remota, se mostrar para uma tela também precisa ser natural.
- Fale com mais pessoas. Pode começar com assuntos triviais e depois ir se soltando sobre temas do seu gosto, exponha isso pra alguém, se coloque em uma posição desafiadora. Exibir tarefas na escola/faculdade e tomar a frente de alguma proposta também trazem resultados. Isso vai trazer fluidez e flexibilidade para falar em qualquer ambiente e ser maleável em seu discurso para a transitar em muitas áreas, quando for necessário.
Até qual circunstância essa será uma pedra no caminho?
Um tópico interessante a se pensar é sobre até qual ponto a introspecção é um obstáculo. Bruna ressalta como, em um processo seletivo, é trabalhado um perfil buscado pela empresa e seu gestor. No geral, a procura é por pessoas com fácil adaptação. Logo, irão ter vagas com a demanda de colaboradores comunicativos e com mais desenvoltura nesse sentido. Entretanto, também haverão oportunidades voltadas para funções mais analíticas e até mesmo individuais. “No geral, existem pessoas realmente mais acanhadas. Nesse caso, vale a investigação e o treinamento para isso se tornar algo leve e tranquilo de levar. Porém, não é muito recorrente, o nervosismo costuma ser um fator de real impasse”, esclareceu a selecionadora.
O uso da tecnologia ao seu favor
Com a pandemia da Covid-19, a população foi obrigada a lidar com o isolamento e se adequar a ele. Com isso, o home office, assim como processos seletivos on-line e o sistema híbrido passaram a fazer parte do dia a dia e se tornaram comuns. Para as pessoas mais introvertidas, foi um bom momento para dar os primeiros passos de desinibição. Estando dentro de casa, porém interagindo com gente em qualquer lugar do mundo, te dá abertura para sair da zona de conforto mesmo no aconchego e refúgio do lar. “Métodos virtuais me ajudaram bastante. É sempre uma boa forma de dar o primeiro passo, como um incentivo”, confirmou Luiza.
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