Ter mulheres em posições de liderança é essencial para um adequado desenvolvimento social e econômico no longo prazo. Contudo, elas ainda enfrentam grandes obstáculos para alcançar esses cargos e conquistar seu espaço no mercado. Dessa forma, esse assunto deve ser debatido e incentivado desde o início da trajetória, com estagiárias e aprendizes.
As lideranças femininas
De acordo com o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, a igualdade de gênero no mundo corporativo ainda é distante. As mulheres recebem apenas 77,7% dos salários dos homens nos mesmos postos e apenas 34,7% dos cargos gerenciais são ocupados por elas.
Para a head de Recursos Humanos da Webmotors, Cibele Diniz, essa questão é bem antiga. “Nós só ingressamos efetivamente no mercado de trabalho em função da Primeira e Segunda Guerra Mundial, quando os homens foram a campo. A transformação na sociedade é, portanto, bastante recente”, comenta.
No Brasil, 45% das famílias são sustentadas financeiramente pelo sexo feminino. Nesse sentido, ao chegarmos à equidade salarial, o ganho social atingirá um novo patamar. No âmbito mundial, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE estima um aumento do PIB da ordem de 6 trilhões de dólares quando isso acontecer.
No entanto, Cibele destaca: “as concepções culturais de gênero também estão em nós e, cientes disso, torna-se essencial buscarmos constantemente o autoconhecimento e a autoconfiança. Para nos destacarmos, é importante haver a aproximação de todas nós. É essencial participar de mentorias e ter objetivos bem desenhados para trilhar caminhos cada vez mais assertivos”.
O gaslighting
O gaslighting, trata-se de uma forma de abuso psicológico, na qual as informações são distorcidas, inventadas ou seletivamente omitidas a favor do opressor, para ele ser favorecido, em relação a alguma outra pessoa. Dessa forma, tal ato é capaz de fazer a vítima duvidar de si mesmo, da sua capacidade e até de sua sanidade mental.
No geral, indivíduos de qualquer gênero podem passar por esse constrangimento, seja no trabalho ou em relações amorosas. Contudo, em especial, as meninas enfrentam mais esses atos, principalmente quando se trata do trabalho, onde há uma ordem hierárquica, trazendo ainda mais dificuldades.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Heach, 75% delas já enfrentaram essa situação. Alguns exemplos são quando chefes solicitam uma tarefa para uma funcionária de cargo inferior e passam os dados incompletos propositalmente. Assim, quando o projeto for entregue, o consegue questionar a entrega, se mostrando mais competente e inferiorizando a outra profissional.
No Brasil, de acordo com o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, apenas 26% das mulheres estão em cargos de gestão, 5% em alta liderança e 6% estão em conselhos. Isso mostra a relevância de debater esse tema no nosso país, inclusive há uma tendência de aumentar essa discussão, mas estamos longe do ideal.
Para transformar esse cenário, as empresas devem se mobilizar rapidamente para desenvolver políticas de conscientização, prevenção, monitoramento e tratativa desses casos. Portanto, as vítimas devem neutralizar o agressor, manter boa autoestima, autoconfiança e documentar os testemunhos para se assegurar em possíveis conflitos e, se necessário, a ajuda psicológica, para não atingir sua saúde mental.
As mulheres no empreendedorismo
O Brasil está entre os dez países com a maior quantidade de empreendedoras, ocupando o 7º lugar no mundo, segundo dados da Global Entrepreneurship Monitor - GEM. De acordo com estudo da Vhsys, 39,9% atuam em empresas com proprietárias. Segundo o levantamento, 66,8% dos negócios foram fundados pelo sexo masculino. O centro-oeste e o Nordeste são as regiões com maior concentração de donas de estabelecimentos, com 44,3% e 42,6%, respectivamente, seguidos por Sul (40,8%), Sudeste (37,5%) e Norte (35,8%).
Quando os respondentes foram questionados sobre o número de moças na equipe, apenas 22,7% afirmaram representar mais da metade. Além disso, somente 17,6% atuam em um local com a maior parte da diretoria composta por meninas. O segmento com mais proprietárias é o de Comércio, com 45,5%, seguido da Indústria com 32,6% e por último Serviços (31,9%).
Por fim, tentou-se determinar quais são, atualmente, os principais desafios enfrentados por elas. De forma ampla e aberta, foram citados o preconceito, machismo, jornada dupla/tripla e falta de respeito como situações presentes no dia a dia das brasileiras no ambiente empresarial.
As mulheres com mais de 50 anos
Quando direcionamos a conversa para o público acima dos 50 anos, os questionamentos são ainda mais sensíveis. “A carreira profissional escolhida por nós parece ter prazo de validade. Esse é apenas um dos nossos mais profundos dilemas”, comenta a diretora de RH e Customer Experience da Beep Saúde, Sônia Norões.
A executiva destaca a importância de saber gerenciar. “No meu guarda-chuva, lidero uma equipe jovem, composta por cerca de 800 integrantes. A maior parte deles está no primeiro emprego ou experiência. Eu poderia me sentir mais confortável coordenando um time com mais tempo de estrada. Por outro lado, acho extremamente prazeroso poder acompanhar e contribuir com o desenvolvimento de jovens trazendo resultados tão positivos”.
Sônia comenta também como é vivenciar no ambiente de tecnologia e inovação. “A sede pelo conhecimento e a humildade precisam falar mais alto sempre. Em reuniões ou conversas informais, constantemente registro termos e informações menos familiares para depois pesquisar. O incômodo é fundamental para nos provocar a ampliar nosso repertório”.
Nos dias atuais, ser gestor acima dos cinquenta anos traz desafios ainda maiores. Afinal, existe muita diferença para a nova geração de estagiários e aprendizes ingressando nas equipes e a transformação digital se faz necessária. Sendo assim, é preciso se familiarizar com as tecnologias e com as personalidades dos novatos.
A especialista aconselha quem se sente ultrapassada. “A meu ver, sair deste lugar é o primeiro passo para uma revolução. É sim uma grande dificuldade dividir o cotidiano de uma companhia com pessoas mais novas, mas se quisermos, as diferenças podem ser complementares e isso só tem a agregar no ambiente. Ter disposição para ensinar e vontade de aprender é uma troca inexplicável”, ressalta.
Ela ainda destaca as qualidades de uma gerência feminina. “Sabemos fazer gestão, somos organizadas, observadoras e nos posicionamos com maestria. Por isso, diria para continuarem correndo atrás dos seus objetivos sem medo. Para quem está começando a jornada: sejam persistentes na busca do conhecimento e brilhem!”, finaliza.
Logo, essa diversidade precisa ser aplicada de forma mais eficiente nos negócios. Afinal, isso só trará benefícios para todos os envolvidos. Se você busca contar com estagiárias e aprendizes para caminhar ao seu lado nessa missão, entre em contato com o Nube.