Em um mundo no qual a tecnologia acelera as mudanças no mercado de trabalho, ser uma pessoa plural se torna uma qualidade indispensável para quem deseja uma carreira bem-sucedida. Nesse sentido, é essencial aprender e valorizar experiências além da sua área de atuação profissional ou daquilo já conhecido.
Medo não pode limitar sua jornada na hora de compartilhar vivências
De acordo com o mentor de carreiras e escritor, Luciano Santos, o profissional nunca pode ter medo, por exemplo, de informar em uma entrevista de emprego, estágio ou aprendizagem sobre seus interesses e conhecimento, os quais não estão estritamente relacionados à sua área de atuação.
Para o especialista, toda a bagagem adquirida na vida traz alguma sabedoria e habilidade e esses, por sua vez, certamente serão apreciados por um recrutador antenado. “Desse modo, não se deve ter vergonha de expor nenhuma de suas vivências. Ao contrário, é preciso saber explorá-las positivamente”, diz.
Não seja um “mágico de um truque só”
O executivo de vendas enfatiza ainda a necessidade de o indivíduo não se ater apenas ao desempenho de sua ocupação na empresa. Assim, é indispensável não ser um “mágico de um truque só”. “Dedicar a maior parte da nossa energia apenas a uma função, sem considerar o todo, é ficar à mercê de um mercado ou de uma indústria sujeita a se modificar drasticamente no futuro, além de depender de uma colocação com a chance de não existir mais em alguns anos”, afirma.
Uma pesquisa realizada pelo Institute for the Future (IFT), em parceria com a Dell Technologies, mostra como esse amanhã incerto pode não estar tão distante quanto se imagina. Para o estudo, 85% das profissões regentes em 2030 ainda não foram inventadas. Ou seja, mesmo se os números forem drásticos demais, há uma grande chance de você estar, hoje, atuando com algo a ser descartado ou readaptado em menos de uma década. “Não investir de maneira contínua e diversa em si pode sair caro demais”, comenta.
Até mesmo hobbies podem abrir portas
Para Santos, independentemente de como estará o mercado de trabalho, destinar tempo no conhecimento será sempre útil e necessário. O executivo elenca algumas das vantagens de ter interesses diversificados, tais como: proporcionar novas possibilidades e oportunidades, ganhar a opção de empreender e melhorar o networking.
Dedicar-se à fotografia ou à culinária, por exemplo, pode ser o diferencial quando uma carreira se torna frustrante ou as opções ficam escassas. “Investir em nossa pluralidade, às vezes em forma de hobby, não é apenas gastar horas com algo menor, mas pode nos levar a um caminho totalmente diferente do planejado”, comenta.
Gabriela Silva entrou em um curso de gastronomia a partir disso. Ela se formou em administração em 2019 e desde quando saiu da faculdade, tirou um tempo aos finais de semana para aprender a cozinhar. “Sempre me interessei por isso e preparava pratos por diversão. Agora, me realizei profissionalmente porque sinto um prazer enorme em atuar com isso”, conta.
Rede de contatos consegue ser expandida
A respeito do fortalecimento da rede de contatos, Santos conta como cada novo interesse, por mais exótico ou afastado da área de atuação, te conectará com pessoas diferentes, contribuindo para a ampliação do círculo de relacionamentos. “Qualquer área de interesse tem a chance de acabar nos levando para lugares inesperados e nos conectando com quem dificilmente encontraríamos por outros meios”, diz.
Por fim, Santos destaca como, além daquilo considerado proveitoso no quesito corporativo, ser uma pessoa plural é positivo para a alma, pois contribui para o enriquecimento das relações humanas. Segundo o mentor de carreiras, dedicar-se a esse tipo de atividade não necessariamente ligada à ocupação favorece o equilíbrio entre contexto pessoal e trabalho – o segredo de uma vida saudável.
Felicidade x profissão: onde está o equilíbrio?