Para mais da metade dos brasileiros - 53% - em pesquisa do Instituto Ipsos, encomendada pelo Fórum Econômico Mundial - o bem-estar mental piorou durante a pandemia. Se antes as empresas já vinham trilhando um movimento de olhar para esse aspecto no contexto de trabalho, agora, esse propósito se fortalece como uma das principais tendências para 2022.
Quem aponta isso é Jocely Figueiredo, psicóloga clínica e organizacional, com mestrado em Gestão de Pessoas e docente na Uninove. “A preocupação com esse tópico dentro das organizações tende a aumentar e isso abre novas perspectivas e desafios no setor de RH. Os profissionais do ramo já tiveram de se adaptar e atuar com novos formatos desde o início da crise sanitária, para engajar e manter o convívio entre as equipes. A tendência é seguir em busca dessa construção de um ambiente mais saudável e adequado ao momento atual”, avalia.
Dentro desse cenário, Jocely elenca as principais possibilidades para os departamentos de Recursos Humanos em 2022:
- Novo modelo de trabalho e jornada híbrida
Com a vacinação em avanço no Brasil, o retorno ao trabalho em regime híbrido tornou-se uma realidade. O misto de presencial e remoto permite aos colaboradores executar tarefas de qualquer lugar, trazendo mais qualidade de vida. “Quando o funcionário pode escolher ficar em casa para estudar, ajudar os filhos ou simplesmente não lidar com o trânsito da cidade, ele consegue conciliar melhor a rotina”, defende Jocely.
- Inteligência Artificial (IA) nos processos de recrutamento e seleção, avaliação de desempenho, treinamento e desenvolvimento
Implementar a Inteligência Artificial torna processos menos burocráticos e, por automatizar algumas tarefas, permite aos indivíduos o foco em outras atividades mais estratégicas. Além disso, a IA fornece insights responsáveis por facilitar as tomadas de decisão. As inovações também podem aprimorar o feedback entre os grupos.
- Educação corporativa, um incentivo à lifelong learning
O conhecimento é uma das melhores ferramentas. As empresas vêm identificando o potencial, além dos benefícios de desenvolver seus times, não só com as demandas internas, mas também incentivando o conhecimento contínuo, por meio de bolsas e descontos em cursos. “A intenção é sempre extrair o melhor de cada um por meio da educação, para a pessoa continuar estimulada a nunca parar de aprender”, explica a psicóloga.
- Gestão do clima organizacional
Entrar em contato regularmente e verificar se todos os membros do time estão bem se tornou algo imprescindível, principalmente à distância. Com tantas pessoas optando por seguir trabalhando a distância, pode ser ainda mais difícil notar sinais de alguém estar com problemas. É importante ter uma escuta empática e encorajar perguntas e demonstrações de preocupação. Quando alguém se sente ouvido e acolhido, forma-se um cenário saudável e todos se tornam mais produtivos.
- Benefícios flexíveis, customizados e personalizados
Outra tendência é a flexibilização dos benefícios oferecidos pelas organizações. A liberdade e autonomia para gerenciar o próprio dinheiro faz os funcionários decidirem como alocar melhor os valores de acordo com suas necessidades. “Há quem prefira designar mais verba para compras no mercado ou para livros e roupas. Por ser um benefício, o ideal é o indivíduo decidir a melhor forma de usar o recurso, ficando assim mais satisfeito”, finaliza Jocely.
As vídeo-entrevistas também são outra ferramenta de destaque nos últimos anos e ela deve se fortalecer ainda mais daqui para frente. Victor Silva, estudante de engenharia, participou recentemente de duas seleções - ambas utilizaram a avaliação em vídeo no recrutamento. “Quando me gravei pela primeira vez, estranhei bastante”, conta.
Contudo, agora, ele já está mais acostumado com o formato e entende como sendo um meio das marcas o conhecerem melhor. “Não sei quais aspectos estão sendo analisados, mas ter uma comunicação clara, mostrar abertura e energia facilitam em qualquer circunstância”, finaliza.
