A escolha de carreira é um dos momentos mais determinantes na vida de uma pessoa. Na maioria dos casos, o ensino médio começa a guiar os jovens, pois começam a ter o despertar para suas vocações. Muita preparação é necessária para conseguir entrar nas universidades - e isso não se limita apenas a revisar o conteúdo pré-vestibular.
Uranio Bonoldi, consultor em planejamento estratégico e governança corporativa, explica como “além do aprendizado das matérias, parte do conteúdo das avaliações, um critério crucial do processo - às vezes subestimado diante da pressão de entrar na faculdade - é o autoconhecimento e percepção dos cursos superiores”. Como resultado do foco excessivo apenas nas provas, o Brasil apresenta altos índices de desistência nas turmas de nível superior.
De acordo com o Censo Inep/MEC, apesar do avanço no número de formandos, infelizmente apenas 36,68% dos calouros “pegam o diploma”. “A pressão voltada para as avaliações de ingresso em instituições de ensino faz os estudantes perderem a oportunidade de se conhecerem melhor, compreenderem as áreas de atuação e viverem novas experiências. Mesmo assim, são obrigados a tomarem uma decisão com 17 ou 18 anos, independentemente de estarem aptos e preparados para tal escolha”, ressalta o especialista.
Gabriela Matos, estagiária de publicidade e propaganda, passou por esse momento no final de 2020. “Estava no terceiro ano do ensino médio e fiquei muito tensa com o futuro, mas ter me munido de informações me ajudou a sentir um preparo maior para poder definir qual direção eu ia seguir”, conta.
Pensando nisso, Bonoldi reuniu alguns conselhos para auxiliar quem se encontra nesta situação:
- Autoconhecimento: “é imprescindível se esforçar para saber melhor quem você é. Normalmente nessa fase ainda inicial da vida, estamos nos conhecendo e podemos ser muito influenciados pelos pais, os quais irão nos orientar para a perspectiva deles. Contudo, isso faz sentido para o propósito dos filhos? É importante dedicar um bom tempo para compreender suas habilidades, interesses e sonhos - conversar com pessoas próximas e confiáveis ou um profissional de psicologia pode ser muito benéfico”.
- Pesquisar: “para tomar uma decisão consciente, é necessário saber o nível da universidade, entender sua abordagem e metodologia. Também é vital olhar sua grade curricular e corpo docente para ter consciência e segurança na decisão, além de orgulho de se matricular onde escolheu desenvolver suas aptidões”.
- Conhecer as profissões: “estar ciente do mercado de trabalho também é uma parte do processo impossível de ser subestimada. Isso porque o objetivo da graduação é se qualificar para entrar no mundo profissional. Explorar as opções de carreira, possíveis cargos, funções e demandas pelo setor vai te preparar melhor para o futuro. Lembre-se: dificuldades e desafios todas as áreas têm, portanto, volte ao primeiro item da lista e lembre como se conhecer é fundamental para superar os obstáculos com coragem, vontade e garra”.
- Conversar com profissionais e universitários: “ninguém melhor para compartilhar a experiência em relação a quem viveu ou está passando pela experiência da formação e atuação no ramo de seu interesse. Falar com pessoas do seu círculo ou até com desconhecidos pelas redes sociais pode trazer muita claridade em relação a como são, de fato, esses ambientes”.
- Orientação vocacional: “passando por várias etapas como teste de personalidade e dinâmicas, esse acompanhamento pode ser uma ótima opção para quem está tendo dificuldade na hora da decisão. O especialista com foco em vocação conhece profundamente os cursos disponíveis e vai te ajudar a se entender melhor, permitindo fazer uma escolha com mais consciência e segurança”.
Bonoldi finaliza destacando como inseguranças sempre vão existir. “Não importa o quanto de preparação foi feita, essa é uma época de incertezas e frio na barriga, mas não esqueça: todos se sentem da mesma maneira. Acreditar em si e ter coragem para experimentar é fundamental durante o processo. Também é preciso lembrar como cada um tem seu tempo e sua trajetória - não devemos nos comparar aos outros”.