Quantas empresas do mercado publicitário você conhece que têm mulheres em cargos de C-levels e são decisoras de negócios? Essa pergunta já pode dizer muito sobre esse setor e o papel dele para garantir uma situação mais favorável para o gênero feminino no âmbito social. Entenda!
Mesmo com debate aquecido, ainda há um caminho árduo pela frente
Segundo Valérie Behr, country manager da DynAdmic para o Brasil e head sales Latam, as posições de liderança ocupadas por gestoras não são nem metade em relação aos homens. “A questão da equidade vem sendo enfrentada na indústria do marketing, esse fato é inegável, porém não está próximo de ser bem resolvido".
A crise sanitária vivida atualmente afetou gravemente a economia brasileira e sobretudo, essa parcela da população. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 321 milhões das adultas estão sem trabalhar no mundo todo. Esses índices traduzem a estrutura desigual do mundo empresarial para esse recorte. A falta de espaço para elas está nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Desigualdade é grande
Para se ter uma ideia, em 2020 foram criadas mais de 230 mil vagas para o sexo masculino versus pouco mais de 87 mil para o feminino. “Além da disparidade na criação dos postos, convivemos com a sobrecarga em papéis domésticos, ainda mais acentuada com a pandemia.
É fácil sentir exaustão tendo de conciliar o home office com a educação à distância, além das outras tarefas. “Há ainda uma parte vivendo em outra realidade, as mães solo, sobrevivendo sem fonte de renda formal e nenhuma rede de apoio para auxiliar com as crianças”.
Independência financeira é tão vital quanto posições de prestígio
Além de vê-las em altos cargos em grandes empresas, a independência financeira é importante principalmente para as classes socioeconômicas mais baixas. “Geralmente, a dependência do companheiro acaba submetendo-as a situações abusivas”, compartilha a especialista.
O nicho da publicidade precisa aumentar os esforços, demonstrar a forma correta de estruturar as organizações e dar o empurrão necessário para a transformação, de fato, acontecer. “As mulheres devem ser acompanhadas em diferentes estágios de seu treinamento e evolução profissional para suas necessidades serem compreendidas”.
Mudanças culturais são muito bem vindas
Além da ressignificação da propaganda, de colocar as necessidades dos consumidores em primeiro plano, as campanhas devem parar de objetificar corpos. “Os anunciantes precisam enxergar como a publicidade pode ser um espaço para mostrarem seu posicionamento quanto à igualdade e diversificar cada vez mais as ações”, defende Valérie.
Mais de 40% dos jovens esperam contribuir com a sociedade
Letícia Montes estuda na área e almeja a posição de coordenação. “Reconheço esse como um caminho árduo a seguir, mas realmente espero um mundo cada vez mais aberto para a igualdade daqui para frente”, comenta a universitária em busca de sua primeira vaga de estágio.
Como as desigualdades no Brasil afetam o mercado
Nesse sentido, segundo a country manager, cabe aos profissionais do ramo adotar essas estratégias nos escopos, não apenas para uma efeméride, mas como parte da contribuição social para essa causa. “É necessário ir além da contratação e adotar medidas para mudar a cultura organizacional. Equiparação salarial, valorização do trabalho e competência dessas pessoas deve ser parte do DNA natural das companhias e não apenas em razão de cotas de gênero”, finaliza.
