Setembro é conhecido como uma época de importância, representatividade e conscientização. Muitos relacionam ao Setembro Amarelo, por conta do programa de prevenção ao suicídio. Contudo, também carrega o azul, para a visibilidade da Comunidade Surda Brasileira. Na Segunda Guerra Mundial, eram amarradas fitas dessa cor em pessoas com deficiência para diferenciá-las das demais.
O mês foi escolhido devido a várias datas comemorativas para a classe nesse período e se derivam de diversas lutas enfrentadas. No dia 10, foi comemorado o Dia Nacional da Linguagem de Sinais e ainda teremos pela frente o Dia Nacional dos Surdos (26) e o Dia do Tradutor Intérprete (30).
A data teve início em 2011, quando foi organizada, em Brasília, uma manifestação em defesa das escolas bilíngues para surdos. Essa foi uma luta por um ensino gratuito e de qualidade utilizando a Libras como primeira língua e de instrução.
A Libras
Em 2002, para oferecer uma educação mais acessível e inclusiva, aceitando as diferenças linguísticas, a Lei nº 10.436, acatou a Língua Brasileira de Sinais como meio legal de comunicação e expressão. No entanto, na maioria das vezes, não há a priorização da Libras e isso dificulta a convivência no ambiente escolar com os deficientes auditivos e ouvintes.
A base educacional brasileira é definida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, de 1996. Trata-se de um capítulo exclusivo para a educação bilíngue de surdos, oferecendo esse aprendizado do zero ano de idade até o fim da vida. Quando o atual presidente da República foi eleito, pelo fato da primeira-dama Michelle Bolsonaro ser intérprete, houve uma certa expectativa da comunidade e dos tradutores com relação a possíveis avanços de inclusão. O fato gerou mais visibilidade na época, mas nenhum investimento maior foi percebido.
Nesse sentido, Viviane Rodrigues, da Associação dos Surdos de Minas Gerais, ressalta alguns pontos importantes. “Essas pessoas precisam receber mais atenção, em especial no mercado de trabalho. A maior barreira para elas é a comunicação. Podem exercer uma função igual a qualquer outro funcionário. Porém, a empresa deve estar aberta para recebê-las. Não basta apenas contratar.”
“É necessário proporcionar acessibilidade, incluir nas atividades da empresa e os colegas de trabalho e gestores conhecerem e aprenderem o mínimo sobre essa cultura. A lei de cotas para deficientes foi criada há 30 anos, mas nem todas as corporações se preocupam em de fato fazer uma inclusão, muitas querem apenas preencher a parcela”, complementa.
Atitudes pelo Brasil
No Recife, existem as salas regulares bilíngues destinadas a crianças, jovens e adultos os quais optem pelo serviço no ato da matrícula. Essas turmas têm a língua de sinais como principal e a portuguesa como segunda. No entanto, essa modalidade funciona apenas em escolas polos, seguindo orientações da Secretaria de Educação da cidade.
Em 2020, a deputada estadual de São Paulo, Leticia Aguiar, apresentou um projeto de lei para tornar obrigatório todos os professores do estado aprenderem Libras na sua formação. A Comissão de Educação e Cultura deu parecer favorável. “Um passo fundamental. O projeto avançar na Assembleia Legislativa é um indicativo de estarmos no caminho certo”, comemora Letícia.
A parlamentar complementa: “a legislação e seus decretos determinam de forma genérica para apenas os professores universitários e de ensino médio serem capacitados. É necessária essa atualização para garantir ao deficiente o acesso ao conhecimento. Nosso projeto aprofunda mais a questão da preparação dos professores. Precisamos ir além.”
Em Santo André, a prefeitura está ministrando o curso de formação de Libras para servidores do atendimento no Paço Municipal, recepção, serviços e CPETR - Centro Público de Emprego, Trabalho e Renda. Até dezembro, 22 alunos estarão aptos para dar suporte adequado a quem procura informações e serviços. Os servidores serão habilitados a interpretar palestras, cursos e demais atividades.
Viviane propõe melhorias a serem feitas: “poderia existir uma disciplina nas escolas públicas e privadas, assim como o inglês e o espanhol, desde os anos iniciais do ensino fundamental. Também uma maior divulgação desse pessoal nos veículos de comunicação em massa. Existe pouca, ou quase nenhuma, representação em programas de televisão ou publicidades.”
Portanto, abra as portas do seu negócio e dê oportunidade para esse grupo. Com acessibilidade e inclusão, você estará fortalecendo o seu time e dando a chance para alguém mostrar o seu talento. Se você está buscando preencher uma vaga, entre em contato com o Nube, será um prazer atendê-lo!