Ocupar grandes cargos está longe de ser um acontecimento repentino. Assim como não se trata apenas de um status com mais responsabilidades, mas, sim, de um conjunto de atitudes tomadas em prol do desenvolvimento de uma equipe. A busca pela progressão na carreira é legítima e ambição de muitos profissionais. Entretanto, é preciso pensar em outros aspectos além do financeiro e social. Se esse é o seu sonho, confira algumas dicas para chegar lá.
Não se trata apenas de ordens
Ser um líder, além de envolver mais responsabilidades, também implica saber se relacionar com pessoas de uma maneira leve e construtiva. Você será a inspiração e a motivação de muitos. É necessário ter os objetivos definidos e incentivar o time a conquistar os resultados, sempre tentando florescer o melhor em cada integrante.
Nesse sentido, é possível definir uma relação de “poder democrático” para acompanhamento de todo o processo do projeto em questão. Conforme afirma a conselheira e mentora Claudia Elisa Soares, membro dos Conselhos do Grupo Roldão, Tupy SA e IBGC, “não se engane. Liderar não é apenas dar ordens e distribuir tarefas. Isso é, no máximo, ser chefe”.
Logo, não está relacionado a ser um “vilão ou herói”, mas um facilitador de processos. Luciane Botto, mestre em Organizações e Complexidade, explica: “a mudança no comportamento deve começar de cima para baixo, com mais exemplo e menos discurso. Quando isso acontece de forma verdadeira, o efeito dominó torna-se natural porque as pessoas sentem vontade de fazer diferente e terão em quem se inspirar.”
Reflita sobre suas soft skills
Outro ponto a ser pensado está voltado à sua definição de sucesso. Isso porque trata-se de algo individual, voltado para o seu bem-estar. Ocupar uma posição alta exige lidar com cobranças de todos os lados, agenda lotada, prazos, conflitos e muito mais. Apesar de ser algo cobiçado, é crucial contar com a inteligência emocional.
No geral, conforme aponta Maria Thereza Zanin Cruz, Analista de Liderança e Talentos Pleno, “a escuta ativa, empatia e protagonismo são habilidades essenciais, entretanto, podem ser desenvolvidas ao longo da jornada. Todas têm o papel base para o desenvolvimento do profissional”.
O conjunto de preocupações, sejam internas ou externas, pode levar ao esgotamento ocupacional, ou seja, à Síndrome de Burnout. Segundo um estudo desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 55% dos líderes afirmam ter sintomas de estresse e ansiedade.
Os sentimentos consequentes, como apatia, desesperança e irritação, dificultam o reencontro com o bem-estar. Em longo prazo, isso pode evoluir para a depressão. Por essa razão, é imprescindível ponderar seus limites e parâmetros de sucesso e felicidade.
Algumas dicas para alcançar a liderança
1- O equilíbrio entre a mentoria e ser autodidata
Para Cláudia, é essencial contar com a mentoria de outros líderes de longa data. Entretanto, certos aprendizados vêm apenas com a vivência, seja por meio de observações, estudos, prática, errando, se reerguendo e, como pontua a especialista: “algumas vezes, até contrariando os mentores”.
2- Seja curioso
Certas habilidades fazem você ser um excelente profissional hoje, mas não necessariamente o farão líder de amanhã. Por isso, o lifelong learning, ou aprendizado ao longo de toda a vida, é fundamental. “Estudar, ler e atualizar os conhecimentos é crucial para a função futura. Entretanto, não adianta pensar no próximo passo e não ser excelente no atual. Vá além, seja curioso em relação ao mundo”, recomenda a conselheira.
3- Invista em auto-reconhecimento
Tenha consciência e orgulho das suas forças e virtudes. Saiba reconhecer, de forma positiva, como elas ajudam no seu desempenho. Uma boa estratégia é utilizar a Psicologia Positiva, abordagem científica para estudar pensamentos, sentimentos e comportamentos humanos com o foco nas qualidades.
4- O lado positivo dos pontos fracos
Todo ser humano possui pontos fracos. Além disso, é comum eles desencadearem medo, sensação de vulnerabilidade e baixo desenvolvimento. Nesse sentido, “o autoconhecimento será de extrema valia para fazer a correta identificação e a busca por soluções. Contar com o apoio de um terapeuta, coach, mentor ou outros profissionais especializados, ajuda muito”, complementa Cláudia.
5- Proatividade
Mais cedo ou mais tarde, sua perseverança será reconhecida. Com ou sem o apoio da empresa, corra atrás de novas competências, conhecimentos e atitudes.
Pedro Nascimento é um bom exemplo: “hoje atuo em um cargo de liderança, mas já passei por diversos degraus”, afirma. “Comecei como operador de caixa, depois fui estagiário em uma indústria. Após a formatura, tive a oportunidade de trabalhar em uma rede de mercados e padaria com oito unidades, como supervisor. Em seguida, também supervisionei uma equipe de call center. Decidi fazer pós-graduação em gestão de pessoas na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e pude aperfeiçoar meu know-how como gerente de produção na área de metalúrgica. Agora sou coordenador de cadastro e privacidade - Data Protection Officer (DPO)”, conta Nascimento.
Como vimos, ser líder implica em dedicação, esforço e, principalmente, acumular experiências e sabedoria. Você pretende seguir esse caminho? Lembre-se de fazê-lo com leveza e diversão. Não transforme esse processo enriquecedor em um fardo.