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Diversidade nas empresas 

Notícia | 20/04/2021

Vinícius Lima

Questões estruturais, como a discriminação racial, por classe social, sexualidade ou por posição hierárquica, persistem e certamente ainda exisitirão por um bom tempo. Entretanto, como em qualquer situação na vida, grandes transformações começam por meio de pequenos passos e coisas simples certamente podem ser feitas para mudar isso. Compreenda!

Quem valoriza esse aspecto

Jorge Mendes é estudante de psicologia no Rio de Janeiro e conta como, para ele, se sentir aceito é crucial em um contexto profissional. “Como negro e membro da comunidade LGBTQIA+, esse critério é de extrema importância para estar confortável e atuar com excelência”, comenta.

Ainda segundo o universitário, contratantes com posturas progressistas quanto a isso também facilitam o desenvolvimento da sociedade como um todo. “O papel dos empreendimentos para a evolução da cidadania é gigantesco e fico feliz em ver líderes preocupados com isso”.

Combater é o primeiro passo

Ana Alice Limongi é diretora de desenvolvimento humano e organizacional da Neobpo. Para ela, o primeiro passo é combater, não importa o custo, a segregação, mesmo em aspectos comuns, tais como uma cor diferenciada de crachá, por exemplo. “A partir de quando você iguala os colaboradores, inclusive por uma coisa simbólica, você vai ao encontro do respeito à diversidade”, comenta.

De acordo com a especialista, iniciativas relacionadas a isso podem parecer utópicas, mas o estímulo à pluralidade requer erradicar a cultura do preconceito, do micro ao macro. “Uma organização ‘doente’ não gera boas referências e, não deixa legados positivos para a sociedade na qual está inserida. Consequentemente, seus produtos ou serviços são automaticamente ‘linkados’ a esse histórico de decrepitude”, explica.

Assumir preconceitos enraizados é crucial para eliminá-los

A questão, nesses casos, não é “se” essa crise vai ocorrer, mas sim “quando”. “Sabe por que falar disso pode ser tão difícil? Porque mexe com o nosso íntimo e com os nossos valores de criação. Requer assumirmos preconceitos enraizados e isso não é politicamente correto”.

Dessa maneira, uma companhia só consegue evoluir se tiver a capacidade de lidar com a questão em profundidade e, para isso, precisa se desprender de valores ultrapassados, ou aqueles capazes de impedir esse poder de observação. “Por trás disso tudo está a empatia, de saber vivenciar o universo do outro e, sem dúvida alguma, o nosso passaporte para entendermos quando, como e de quais aspectos temos prejulgamentos”, pondera Ana Alice.

O papel da empatia

É a habilidade de se colocar no lugar do outro a grande responsável por estimular os insights. “Quando vivenciamos situações capazes de nos provocar e nos projetar para fora da nossa zona de conforto, da nossa bolha, conseguimos ‘virar a chave’. Ao lidar com as questões decorrentes da inclusão, nossas vidas profissionais se transformam”, defende.

Se o mindset muda, tomamos consciência de sermos apenas uma parte de um todo. “Entender o nosso ‘tamanho real’ diante de uma situação é um processo longo, mas eu asseguro: vale a pena. A dica é observar a dinâmica e como as pessoas agem”, compartilha a especialista.

Diálogo também é peça chave

Depois, é preciso entender como você gostaria de desenvolver determinadas situações para, enfim, falar com os times e dialogar com as rotuladas minorias, para finalmente entender como elas se sentem. “Pode soar piegas, mas querer o bem - ou, apenas, não fazer o mal - aos colegas com os quais convivemos minimiza impactos, principalmente quando falamos da delicada relação entre lideranças e liderados”.

Quem exerce um cargo de comando passa a ser referência para a sua equipe, um espelho capaz de ser benéfico ou prejudicial. “Trabalhar e lidar com indivíduos é mexer com emoções e temos sempre de ter em mente como os sentimentos gerados em outro ser humano podem se transformar em um legado cruel e destrutivo”, alerta Ana Alice.

O assédio moral, algo corrosivo porque destrói a autoestima, não é só uma ofensa ou um xingamento, mas sim, o ato de minimizar a condição do outro. “Inferiorizar um companheiro de trabalho com um pensamento, com uma postura ou com um preconceito (velado ou declarado) envenena até a mais saudável e lucrativa das corporações”, finaliza.

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